Diaconato Permanente: Novo Diretório

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06/07/2016 - 08:30

O Diaconato existiu na Igreja desde os tempos apostólicos. Nos Atos dos Apóstolos, lemos a passagem que trata da escolha dos primeiros diáconos e sobre a missão que lhes foi confiada (cf At 6, 1-6). A missão principal era a atenção e o serviço da caridade aos esquecidos e desassistidos da comunidade.

Depois, os diáconos aparecem ao lado dos bispos, que os encarregavam do serviço dos pobres em nome da Igreja. Mas também há os diáconos catequistas e teólogos, como Santo Efrém, no século IV, em Nísibi na Síria. A partir do século 5º, os diáconos permanentes desaparecem da cena da Igreja, por motivos não totalmente conhecidos; o Diaconato permanece como um grau de acesso à Ordem presbiteral.

No Concílio Vaticano II (1962-1965), o Diaconato permanente foi restaurado na Igreja (cf. LG 29) e o Papa Paulo VI o aprovou e regulamentou em 1967 para toda a Igreja Latina. Compete a cada bispo a formação e a ordenação de diáconos em sua diocese. As Conferências Episcopais podem oferecer diretrizes e normas locais para a formação de diáconos.

Na Arquidiocese de São Paulo, o Diaconato permanente foi introduzido pelo Cardeal Cláudio Hummes no ano 2000, instituindo também a Escola São José para o Diaconato Permanente, onde os candidatos recebem a formação durante seis anos. Enquanto isso, realizam também os estudos de filosofia e teologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Os primeiros diáconos foram ordenados em 2005. Desde então, já passa de 90 o número dos diáconos permanentes na Arquidiocese de São Paulo.

Os diáconos permanentes recebem o primeiro grau do Sacramento da Ordem, que também inclui o Presbiterato e o Episcopado. O fundamento último do Diaconato está na participação da diaconia de Cristo Salvador, servo da humanidade, e na força do Espírito Santo conferida pelo Sacramento da Ordem. O diácono é figura do Cristo servidor e participa da comunhão hierárquica da Igreja para ser, a seu modo, ministro-servo de Deus e da humanidade, em nome de Cristo. Ser ícone de Cristo-Servidor constitui a identidade profunda do Diaconato.

O diácono é, por excelência, testemunha da misericórdia de Deus, manifestada aos homens por meio de Jesus Cristo, “rosto humano do Pai misericordioso” (misericordiae vultus). Ele é testemunha e presença viva do amor misericordioso e samaritano de Cristo entre os homens e da caridade de toda a Igreja; desta forma, ele contribui para a edificação do Corpo de Cristo, voltando sua atenção prioritária aos irmãos necessitados de todo tipo ajuda.

Historicamente, as funções dos diáconos têm sido múltiplas, mas todas elas marcadas pelo caráter do serviço eclesial. Fortalecidos com a graça sacramental, eles servem ao povo de Deus na caridade, na palavra de Deus e na liturgia, em comunhão com o bispo e o presbitério (LG 29). Em seu grau, participam da missão de Cristo, Sacerdote, Profeta e Pastor da Igreja.

O diácono é, antes de tudo, testemunha e presença viva do amor misericordioso e samaritano de Cristo entre os homens e da caridade de toda a Igreja; dessa forma, ele contribui para a edificação do Corpo de Cristo. Mas sua caridade também se expressa no serviço à Palavra de Deus, que não se restringe à homilia litúrgica. O diácono é um discípulo e ouvinte assíduo do Evangelho, que ele vai transmitir à comunidade. Ele deve identificar-se com a Palavra anunciada: "transforma em fé viva o que leres; ensina aquilo que creres e procura realizar o que ensinares" (Rito da Ordenação diaconal).

Na Liturgia, os diáconos permanentes também podem exercer tudo o que lhes compete, de acordo com a disciplina litúrgica da Igreja. Em particular, eles podem administrar o Sacramento do Batismo e assistir e abençoar os Matrimônios; assistir ao celebrante durante a Missa, proclamando o Evangelho, servindo ao altar, distribuindo a Eucaristia. Além disso, podem presidir celebrações da Palavra de Deus e fazer homilias, levar a Eucaristia aos enfermos, rezar com os moribundos em nome da Igreja, oficiar exéquias, abençoar pessoas, animais e coisas.

No dia 26 de maio foi promulgado o novo Diretório para a vida e o ministério dos diáconos permanentes na arquidiocese de São Paulo. Após uma criteriosa avaliação e estudo, foram introduzidas numerosas mudanças no Diretório anterior, promulgado em 2009. Na edição nova também consta uma explicitação maior do que seriam as ”diaconias” e a Comissão do Diaconato Permanente da Arquidiocese; no Diretório, consta em anexo inclusive o Regulamento aprovado dessa Comissão.

 

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo metropolitano de São Paulo

Publicado no Jornal O SÃO PAULO - Edição 3109 de 06  a 12 de julho de 2016