Nasceu a Paróquia Santa Teresa de Calcutá

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25/02/2021 - 14:00

No sábado, 20 de fevereiro, tivemos a alegria de instalar a mais nova paróquia de nossa Arquidiocese e dar provisão e posse aos padres que dela vão tomar conta: Paróquia Santa Teresa de Calcutá, integrando a Região Episcopal Belém, na periferia extrema Sudeste da Arquidiocese e cidade de São Paulo, numa área de recente expansão urbana, onde ainda há um resto de área rural no município de São Paulo. 

A nova Paróquia, que já nasceu com sete comunidades, no bairro da Terceira Divisão, foi desmembrada integralmente da extensa e populosa Paróquia Santíssima Trindade, no bairro Alto Alegre, ao longo da Estrada de Sapopemba. Seus limites alcançam o município de Mauá e a Diocese de São Miguel Paulista. 

A missa foi celebrada no espaço aberto de uma escola, por haver aí condições mais amplas e seguras para a participação do povo, que acorreu em número expressivo. A alegria das pessoas brilhava nos olhos e só não era vista no sorriso, porque todos, rigorosamente, usavam máscara para se proteger da pandemia de COVID-19. A celebração foi primorosamente organizada e participada pelas lideranças das comunidades da nova Paróquia. No final da missa, o Santíssimo Sacramento e a imagem de Santa Teresa de Calcutá foram levados em alegre procissão até a sede matriz da nova Paróquia. 

Cabem aqui algumas considerações sobre esse momento especial vivido em nossa Arquidiocese. A nova paróquia foi preparada e criada em plena pandemia de COVID-19, com grande participação do povo dessa região pobre e ainda pouco assistida de nossa grande e rica metrópole. A Igreja não está distante dos pobres e pretende estar entre eles de modo visível e estável, por meio de suas instituições, como a Paróquia, e de múltiplas organizações de evangelização e pastoral. Isso acontece nas periferias, como também no centro da cidade. A paróquia, como expressão da presença estável da Igreja, está no meio do povo, e, mais ainda, quando ele sofre e se vê fragilizado e no meio de angústias. 

Os padres que assumiram a nova Paróquia são da Congregação dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos), que, no passado, já haviam prestado serviço missionário naquela região da periferia de São Paulo. O primeiro Pároco da recém- -criada Paróquia, Padre Elson Paulo Correia Lopes, é um jovem missionário vindo de Cabo Verde (África); e o primeiro Vigário Paroquial, Padre Patrick Geraldo McNamara, é um sacerdote irlandês idoso, que no passado já havia dedicado anos de trabalho ao povo daquela área. As sementes, lançadas por eles muitos anos atrás, germinaram e estão produzindo frutos. 

O primeiro sínodo de nossa Arquidiocese está orientado por um propósito missionário, e a criação dessa Paróquia é uma das muitas respostas necessárias ao apelo missionário que Deus nos faz. Na mesma lógica, já criamos no ano passado a Paróquia Santa Dulce dos Pobres, Região Santana, no extremo Nordeste da cidade de São Paulo, na divisa com Guarulhos (SP). Santa Dulce dos Pobres está situada em área igualmente periférica e necessitada de maior assistência religiosa e pastoral. Outras iniciativas semelhantes ainda deverão ser tomadas proximamente. 

O nome da nova Paróquia, “Santa Teresa de Calcutá”, é da Santa dos nossos tempos, bem conhecida por sua dedicação “aos mais pobres dentre os pobres”, como ela dizia. Como padroeira de uma paróquia no meio do povo pobre e sofrido, ela é testemunha vigorosa daquela “evangélica opção preferencial pelos pobres” que a Igreja precisa fazer todos os dias. Alegrou-me perceber a identificação imediata do povo com a sua nova padroeira. Desde logo, as lideranças comunitárias, com os padres, escolheram como lema motivador a palavra da Santa Missionária da Caridade: “A maior de todas as pobrezas é a falta de amor”. 

A nova Paróquia ainda carece de estruturas físicas mais adequadas aos serviços que deverá oferecer, mas a solidariedade e o dinamismo criativo do povo pobre são muito grandes. E merece destaque a iniciativa de várias paróquias da Região Belém, que assumiram o compromisso missionário de apoiar a sustentação material da nova paróquia, até que ela possa incumbir-se plenamente de seus encargos. Também isso é um gesto missionário concreto.

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo Metropolitano de São Paulo
Publicado em O SÃO PAULO, na edição de 25/02/2021