Paróquia nova. Paróquias que se renovam

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02/08/2017 - 09:45

No dia 29 de julho, foi criada mais uma paróquia em nossa Arquidiocese: a paróquia São Miguel Arcanjo, no Setor Casa Verde da Região Episcopal Santana. Houve muita alegria entre o povo, que esperava por isso há muito tempo. A Arquidiocese conta agora com paróquias dedicadas aos três Arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael... 

A Comunidade homônima era uma “área pastoral” há mais de 30 anos, com padre residente e a seu serviço, igreja e espaços pastorais para atender à população. Nos anos recentes, houve a ampliação e melhoria dos espaços físicos para o desempenho das atividades paroquiais; também foram feitas melhorias nas estruturas e organizações pastorais, para o adequado exercício da missão da Igreja. 

Temos ainda a necessidade de criar mais algumas paróquias na arquidiocese de São Paulo, sobretudo em áreas de periferia; ainda temos paróquias com bem mais de 100 mil habitantes na Região Episcopal Brasilândia. Mas também merecem atenção especial alguns imensos condomínios que surgem em diversas partes nada periféricas da cidade. A Igreja não pode ficar ausente desses espaços, nem distante do povo. 

A primeira etapa do sínodo arquidiocesano, que estamos preparando, estará voltada para as comunidades e paróquias da Arquidiocese. Muito da vida da Igreja se passa nas paróquias, definidas pela Conferência de Aparecida (2007) e pela CNBB como “comunidades de comunidades”. Onde o povo se reúne em nome de Jesus Cristo e da Trindade Santa para rezar, ouvir a palavra de Deus, professar a fé, celebrar a Eucaristia e os demais Sacramentos, para expressar o testemunho da fé mediante as obras da esperança e da caridade, aí a Igreja se faz presente e se torna visível.

A paróquia, mais do que um ponto de serviços religiosos, é uma comunidade de fé reunida em nome de Jesus Cristo ressuscitado, animada pelo Espírito Santo, testemunha e missionária do Evangelho do Reino de Deus. A paróquia expressa, na realidade local e numa dimensão facilmente perceptível, aquilo que é a Igreja inteira, na sua realidade profunda. O Concílio Vaticano II apresentou a Igreja, em primeiro lugar, como “mistério” e como “sacramento ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG 1). Isso também define o que cada paróquia é chamada a ser através de sua vida e sua missão. 

Em cada paróquia se realiza, não de maneira exclusiva, nem isolada da comunhão com a Igreja toda, aquilo que a própria Igreja é chamada a ser e a fazer. Por isso, é missão da paróquia anunciar a palavra de Deus através de múltiplas formas e momentos de evangelização e formação da fé dos fiéis. Não podem faltar a ação missionária constante, o anúncio do querigma cristão, a pregação do Evangelho, a catequese sistemática para a iniciação à vida cristã, a formação do cristão adulto na fé, em vista da perseverança e dos frutos da fé ao longo da vida. O anúncio do Evangelho é a primeira e principal missão da paróquia.

Ao mesmo tempo, a paróquia exerce a missão santificadora, abrindo os tesouros da misericórdia e da graça de Deus a todos mediante a celebração dos Sacramentos, da Liturgia e do culto divino, a oração, a orientação da vida moral segundo os Mandamentos e o Evangelho e a prática das virtudes humanas e cristãs. A paróquia é lugar de encontro com Deus e de cultivo da comunhão e da sintonia com Deus, de maneira que a vida inteira dos fiéis se transforme em “hóstia santa e agradável a Deus”. 

A paróquia também é o lugar da caridade pastoral; através da comunidade paroquial, que também é comunidade pastoral, Jesus Cristo, Bom Pastor, continua a exercer sua caridade em relação a todos aqueles que ama e deseja encontrar. De maneira especial, a caridade pastoral deve estar voltada para todos os que sofrem, os doentes, os pobres, os desprezados e descartados pela sociedade, aqueles que estão distantes e vivem nas periferias da sociedade e da própria Igreja. É grande e bela a missão da paróquia!

O sínodo arquidiocesano será uma boa ocasião para promovermos a comunhão, a conversão e a renovação evangelizadora e missionária das paróquias da Arquidiocese. O Espírito Santo nos ilumine e ajude a celebrar bem o sínodo!
 

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo metropolitano de São Paulo
Artigo publicado no jornal O SÃO PAULO em 02/08/2017