Unidade dos Católicos

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20/05/2015 - 14:45

No Brasil, celebramos a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos entre as Solenidades litúrgicas da Ascensão e Pentecostes. Esta iniciativa nasceu na Igreja Católica no Concílio Ecumênico Vaticano II e se fortaleceu e consolidou nos 50 após o Concílio, embora ela já tenha sua origem antes do Concílio, sobretudo nas Igrejas Protestantes e na Igreja Ortodoxa.

Os cristãos, conscientes do pedido insistente do Senhor Jesus – “Pai, que todos sejam um... conserva-os na unidade” - não podem deixar de fazer todo o esforço possível para refazer novamente a unidade, rompida em diversas circunstâncias ao longo dos séculos, no seio da Igreja de Cristo.

A unidade dos discípulos não é impossível, nem representa um aspecto secundário na vida da Igreja. Jesus relaciona a união dos discípulos com a credibilidade e a fecundidade da missão deles: “para que o mundo creia...” A fraternidade e a união dos primeiros cristãos, como lemos nos Atos dos Apóstolos, atraiu muitas pessoas ao Evangelho: “vede como eles se amam”.

O caminho ecumênico certamente é árduo e precisa superar muitos obstáculos. Requer sabedoria, vontade firme, paciência e muita fé. Alimentar divisões é mais fácil que promover a união; mas o desejo de Jesus é que todos os cristãos sejam unidos. A unidade dos cristãos é obra do Espírito Santo e nós seremos construtores dessa unidade, na medida em que formos atentos e dóceis às inspirações do Espírito de Cristo.

Durante os 50 anos de ação ecumênica pós-conciliar, já foram realizados muitos passos importantes pela Igreja. Importa agora perseverar e não desanimar, mesmo quando as dificuldades do caminho parecem insuperáveis. E também é preciso haver muita atenção para não promover novas divisões no seio da comunidade católica.

Os fermentos de discórdia e divisão são uma tentação antiga e sempre atual. Desde o início da vida da Igreja, ainda nos tempos apostólicos,  essa tentação já está presente nas comunidades cristãs; e ela aparece geralmente associada à discórdia, desconfiança e ressentimento, que encontram acolhida no seio da Igreja; nesses casos, não é o amor à verdade, a Cristo e à Igreja que está em jogo, mas são as vaidades e paixões humanas.

São Paulo, já no seu tempo, chamava a atenção de grupos que rivalizavam entre si por causa dos pregadores que os haviam introduzido na fé cristã: “eu sou de Paulo; eu sou de Pedro; eu sou de Apolo”. Também havia alguns que diziam: “eu sou de Cristo”... Paulo esclarece, com vigor, que esta divisão nas comunidades não era boa nem correta: os pregadores e líderes não congregam discípulos em torno de si mesmos, mas de Cristo, de quem são apenas servidores: “vós sois de Cristo e Cristo é de Deus”. O destaque das vaidades pessoais destrói a unidade do corpo de Cristo.

A unidade dos cristãos não pode ser apenas espiritual, mas precisa ser também visível, como testemunho por Cristo e pelo Evangelho. Ele constituiu os apóstolos para que, em nome dele, pregassem o mesmo Evangelho, reunissem os fiéis em seu nome e os conduzissem nos caminhos da fé e da vida cristã. Na Igreja Católica há os encarregados de conduzi-la e mantê-la na unidade: o Papa é sinal visível da unidade de toda a comunidade dos fiéis em torno de Cristo; com o Papa, os bispos, unidos a ele, juntamente com seus sacerdotes, cuidam de promover a unidade dos fiéis nas dioceses.

Unidade não significa uniformidade; temos na nossa Igreja muito espaço para a manifestação da diversidade de dons e carismas e para a expressão das riquezas do Evangelho de Cristo. Temos a certeza de que esses dons e carismas vêm do Espírito Santo, se eles contribuem para edificar a Igreja; e quando são fermento de divisão ou promovem divisões e rupturas na comunidade da Igreja, podemos estar certos de que não se trata de dons do Espírito Santo, mas da ação do “outro espírito”, nada santo,

O Espírito Santo suscita e promove a unidade da Igreja; a discórdia e a divisão não nascem da ação do Espírito de Cristo.