Cardeal Scherer junta-se a devotos de Nossa Senhora de Nazaré no interior do Pará

A A
Cerca de 350 mil pessoas participaram da 18ª Romaria de Nossa Senhora de Nazaré, na Diocese de Castanhal (PA), a 70 quilômetros de Belém, no domingo, 16.
Publicado em: 19/10/2016 - 16:30
Créditos: Fernando Geronazzo / Jornal O SÃO PAULO
 
Cerca de 350 mil pessoas participaram da 18ª Romaria de Nossa Senhora de Nazaré, na Diocese de Castanhal (PA), a 70 quilômetros de Belém, no domingo, 16.
 
Realizada uma semana após o tradicional Círio de Nazaré, na capital paraense, a Romaria contou com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, que presidiu uma missa campal, celebrada na frente da Catedral Diocesana.  Os fiéis percorreram os oito quilômetros do trajeto da Igreja de São José até o Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, na Vila do Apeú.
 

Dom Odilo, na homilia, falou a partir do tema da festa deste ano “Salve Rainha, Mãe de Misericórdia”. “Maria é nossa intercessora incansável e que conhece todas as nossas necessidades. Ela nos mostra Jesus continuamente. Ela é a mãe misericordiosa que nos leva àquele que é o coração e a fonte de toda misericórdia”, disse o Cardeal. 

O Arcebispo enfatizou, ainda, a alegria de ver no interior do estado uma devoção tão grande a Nossa Senhora. “É muito bonito o amor fervoroso do povo pela mãe Maria. Ela que é a Mãe da Misericórdia, que intercede por nós sem nunca nos abandonar”, disse.

História

Considerada a maior do interior do Pará, a Romaria de Castanhal teve início em 1998, após a propagação da história popular de que a imagem de Nossa Senhora, que pertencia a uma família da Vila do Apeú, teria vertido “lágrimas de sangue”, em 1996. Esse fato nunca foi confirmado oficialmente pela Igreja local, mas atraiu muitos devotos em torno da imagem. Na época, devotos de toda a região passaram a frequentar a Capela Santuário construída em Apeú, onde atualmente a imagem permanece o ano inteiro.

Manifestação de fé

Pelo trajeto, a pequena imagem recebeu inúmeras homenagens com fogos de artifício, altares enfeitados nas fachadas das casas. Entre os fiéis, estavam muitas crianças vestidas de anjo e “promesseiros”, que carregavam objetos como casas de isopor, velas, terços e pequenas imagens, que simbolizam graças alcançadas. Muitos romeiros fazem a caminhada descalços.

Uma curiosidade da Romaria em Castanhal é que o andor com a imagem é levado sobre uma réplica da Maria Fumaça que era usada na estrada de ferro Belém-Bragança, que deu origem ao desenvolvimento de toda a região. Diferentemente da celebração do Círio de Nazaré, em Belém, a Romaria de Castanhal não possui uma corda como a do Círio de Nazaré.

Manto

Todos os anos, a pequena imagem também ganha um manto novo que é colocado solenemente durante a Romaria. Este ano, a peça, bordada pela artesã Célia Leal, reproduz a imagem do Cristo Glorioso na Cruz, representado no mosaico da Catedral de Castanhal, feito pelo renomado artista esloveno Marko Ivan Rupnik. 

Dia de festa 

Os festejos da Romaria começaram em agosto, quando centenas de famílias iniciaram as peregrinações em toda a Diocese, que atualmente tem 34 paróquias distribuídas nos 25 municípios. Durante toda a semana, uma extensa programação é realizada na Catedral, com missas, confissões, atividades culturais e comidas típicas. Além da procissão do domingo, a festa conta com a caminhada feita por idosos, crianças e ciclistas. A programação da Romaria terminará no domingo, 23, com uma procissão luminosa na qual os fiéis rezam o Terço.

O bispo diocesano de Castanhal, Dom Carlos Verzeletti, enfatizou que a Romaria é dia de festa, mas também uma celebração em que a diferença está na presença de Maria e de Jesus nas casas. “Fique junto de sua família, experimente a beleza do encontro ao redor da mesa, o pai ou a mãe abençoem o almoço de hoje, façam uma prece, uns dando as mãos aos outros, pedindo à Mãe de Jesus que acompanhe e sustente o amor e a fé em seu lar”, aconselhou Dom Carlos.

Rainha da Amazônia

Padroeira do Pará e Rainha da Amazônia, Nossa Senhora de Nazaré é comemorada em várias cidades da Região Norte. Em algumas localidades, a Romaria é fluvial, nos rios e igarapés. O Círio da cidade de Vigia de Nazaré, a 77 quilômetros da capital, é considerado tão antigo quanto o de Belém.

A devoção a Nossa Senhora de Nazaré teve início em Portugal. A imagem original da Virgem pertencia ao Mosteiro de Caulina, na Espanha, e teria saído da cidade de Nazaré, em Israel, no ano de 361. Em decorrência de uma batalha, a imagem foi levada para Portugal, onde, por muito tempo, ficou escondida no Pico de São Bartolomeu. Somente em 1119, a imagem foi encontrada.

No Pará, uma pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi encontrada em 1700, às margens do igarapé Murutucú (onde hoje fica a Basílica Santuário), pelo caboclo Plácido José de Souza.

Em 1792, a Santa Sé autorizou a realização de uma procissão em homenagem à Virgem de Nazaré, na capital paraense. O primeiro Círio foi realizado no dia 8 de setembro de 1793. No início, não havia data fixa para o Círio, que poderia ocorrer nos meses de setembro, outubro ou novembro. Mas, a partir de 1901, a procissão passou a ser realizada sempre no segundo domingo de outubro.

 
Visita a Igarapé-açu
 
 
Depois de participar da 18ª Romaria de Nossa Senhora de Nazaré em Castanhal, no domingo, 16, o Cardeal Odilo Pedro Scherer visitou a Paróquia de São Sebastião, em Igarapé-Açu, onde atua, desde 2014, o missionário da Arquidiocese de São Paulo, Padre Fabiano de Souza Pereira.  Dom Odilo presidiu a missa, concelebrada por Dom Carlos Verzeletti. 
 
(Colaboraram Heloisa Alves e Mateus Cabral)
 
Reportagem publicada no Jornal O  SÃO PAULO - Edição 3124 - De 19 a 25 de outubro de 2016.