Nota de Pesar Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo

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Na sexta-feira (16), a Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulp enviou uma mensagem por ocasião do falecimento do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns
Publicado em: 19/12/2016 - 15:30
Créditos: Redação

Dom Paulo Evaristo Arns, a Pastoral Operária não o esquecerá!

Entristecida pela morte de Dom Paulo Evaristo Arns aos 95 anos de idade, a Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo, A sua Comissão Nacional, agradecem a Deus pela sua vida e seu compromisso com a Igreja, com o país, com a cidade de São Paulo (em especial com a periferia da cidade), com os pobres e com a classe trabalhadora que perde um defensor. Ele foi a voz nacional que clamava pelos direitos humanos em tempos de exclusão da liberdade de expressão e da liberdade de reunião. Sem sua voz os movimentos sociais e partidos políticos ficariam reduzidos à sua pequenez; atrás de sua figura cresciam a coragem, ousadia e organização daqueles que não compactuavam com o triste período de regime militar. Ele foi a voz que a ditadura não silenciou como silenciara vozes como a de Wladimir Herzog, Manoel Fiel Filho, Santo Dias e a de Alexandre Vanuchi.

Dom Paulo Evaristo foi o mais importante defensor dos direitos humanos. Defendeu refugiados políticos do Cone Sul que vinham foragidos das respectivas ditaduras militares. Decisivo para o fim da ditadura militar brasileira foi a organização do livro Brasil Nunca Mais, com irrefutável documentação tirada dos próprios arquivos militares, das torturas sistemáticas conduzidas pelo regime ditatorial.

Para a Pastoral Operária Dom Paulo Evaristo será sempre o seu bispo. Ela não esquecerá que foi dele o convite a Waldemar Rossi, falecido em maio, dirigir-se ao Papa João Paulo II em 1981 no mais do que lotado Estádio do Morumbi, em São Paulo. A Pastoral Operária não esquecerá sua liderança em assembleias arquidiocesanas. Estas definiram o Mundo do Trabalho como uma das quatro prioridades pastorais. A Pastoral Operária não esquecerá que ela própria nascia em outubro de 1970 na Arquidiocese de São Paulo com o que ficou conhecido como a "Missa do Salário Mínimo". A Pastoral Operária não esquecerá a presença de Dom Paulo na assembleia da Pastoral Operária em novembro de 1970 no Colégio Arquidiocesano, dos Irmãos Maristas, para nos dizer a não ter medo diante das agruras e dificuldades da própria Pastoral Operária e do movimento operário. Foi Dom Paulo Evaristo que solidificou a figura de Waldemar Rossi como liderança católica no mundo do trabalho da Arquidiocese. A voz de Rossi era a voz de Dom Paulo. 

Dom  Paulo seguramente será referência histórica para a Igreja no Brasil de um bispo profético, amigo dos pobres e defensor incansável da dignidade humana. Sua importância transcende o campo religioso e alcança o político. Dom Paulo será sempre referência de coragem cívica e de humanismo profético denunciador das ofensas à dignidade humana. De sua Páscoa definitiva Dom Paulo estará olhando com carinho pelos empobrecidos e pela militância da Pastoral Operária.

 

São Paulo, 16 de dezembro de 2016

Pastoral Operária Arquidiocesana de São Paulo

Comissão Nacional da Pastoral Operária