Cristãos e muçulmanos confraternizam-se em clima de Natal

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<p>O encontro, primeiro realizado no Brasil, teve como tema “Jesus no Islã”.</p>
Publicado em: 18/12/2014 - 16:30
Créditos: Jornal O SÃO PAULO – Edição 3032

Por Rafael Alberto

A comunidade muçulmana de São Paulo, por meio da representação diplomática da República do Líbano no Brasil, ofereceu no domingo, 14, um jantar de confraternização com os cristãos para celebrar o Natal. O encontro, primeiro realizado no Brasil, teve como tema “Jesus no Islã”, e contou com a participação do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, do Sheik Mohamad Al Moghrabi, representante do Dar al-Fatwa no Brasil, e de Dom Damaskinos Mansour, arcebispo da Igreja Católica Ortodoxa Antioquina.

“Para nós, cristãos, este tempo de Natal é de grande significado”, disse o Cardeal Scherer, destacando que os cristãos católicos ficam “felizes pela sensibilidade das comunidades islâmicas de São Paulo” em celebrar o Natal de Jesus Cristo.

O Arcebispo recordou, ainda, os 50 anos do Concílio Vaticano II, cuja declaração Nostra Aetate contempla as relações da Igreja com as religiões não cristãs. “A Igreja tem grande apreço pelos muçulmanos, que adoram o Deus único, vivo, subsistente, misericordioso e onipotente, Criador do céu e da terra, e que falou aos seres humanos, chamados a se submeterem aos seus decretos, mesmo ocultos, como se submeteu Abrão, a quem a fé islâmica claramente se refere”, disse o Cardeal, citando um trecho da declaração Nostra Aetate.

Reconhecendo que, “no decorrer dos tempos, verificam-se inúmeras divisões e lutas entre cristãos e muçulmanos”, Dom Odilo afirmou que “o Concílio agora convida todos a superarem esse passado e a cultivar sinceramente a compreensão mútua, a fim de protegermos e promovermos juntos, em favor de todos os seres humanos, a justiça social, os bens morais, a paz e a liberdade”.

Em seu discurso, o Sheik Moghrabi também destacou o que une cristãos e muçulmanos. “Todas as religiões que vieram de um Deus Único, vieram para ajudar o ser humano. Todas elas convocam para o amor, a paz e a fraternidade”, disse. O representante do Dar El Fatwa Libanesa no Brasil também condenou o uso das religiões para justificar guerras. O Sheik garantiu que o Islã é inocente da “matança que acontece em nome da religião” e pediu, ainda, que os governantes encontrem no diálogo uma forma de resolver os conflitos. Os muçulmanos acreditam que Jesus é “um dos grandes mensageiros de Deus para a humanidade”.