Arquidiocese ganha 16 novos diáconos

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Em missa na Catedral da Sé presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, foram ordenados sete diáconos transitórios e nove permanentes
Publicado em: 12/12/2015 - 19:15
Créditos: Redação com O SÃO PAULO

A Catedral da Sé estava lotada na tarde deste sábado para a ordenação de 16 novos diáconos da Arquidiocese de São Paulo em missa presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Odilo Pedro Scherer. Foram ordenados sete diáconos transitórios, que se preparam para o sacerdócio, e 9 diáconos permanetes casados.

Confira a reportagem do jornal O SÃO PAULO e conheça um pouco mais sobre os futuros diáconos:  

Em comum, o desejo de servir

Por Nayá Fernandes

Desde as primeiras comunidades cristãs, há na história do Cristianismo a preocupação do serviço como algo essencial para os seguidores de Jesus. O livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 6, narra uma reunião na qual a comunidade deve escolher aqueles responsáveis por servir às mesas. “Procurai, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, e nós os encarregaremos desta tarefa. Quanto a nós, permaneceremos assíduos à oração e ao ministério da Palavra. A proposta agradou a toda a multidão. E escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.” (cf. At 6, 3-6).

A palavra diakonia, de origem grega, significa “serviço” e originalmente era usada sem conotações religiosas para descrever o trabalho de escravos e pessoas humildes. No Novo Testamento, porém, passa a ter um significado teológico e o próprio Jesus é apresentado como aquele que veio para servir e dar sua vida, como narra o Evangelho de Marcos, no capítulo 10.

Hoje, dentro dos serviços ministeriais da Igreja Católica, o diaconato é o primeiro grau do sacramento da Ordem, seguido do presbiterado (padres) e do episcopado (bispos), e imprime caráter àqueles que o recebem, ou seja, assim como o Batismo ou a Crisma, quem recebe o sacramento da Ordem obtém uma marca indelével de fé que não pode ser apagada.

Há, porém, uma distinção em relação ao diaconato, que pode ser transitório ou permanente. Os chamados diáconos transitórios são aqueles candidatos ao presbiterado e, por isso, para eles, o diaconato é uma fase transitória. Já os permanentes são homens casados ou não que, na Igreja, recebem a ordem diaconal para exercer de modo estável o serviço da Palavra, da Caridade e da Liturgia na Igreja.

Diferentemente dos presbíteros, aos diáconos permanentes não cabe, por exemplo, a presidência na celebração da missa, o atendimento de confissões, a unção aos enfermos e outras tarefas que são destinadas exclusivamente aos padres. A missão dos diáconos permanentes torna-se, assim, uma oportunidade para que, inseridos num contexto familiar e profissional, possam dar testemunho do seguimento de Jesus. É uma maneira particular e própria de estar a serviço, principalmente exercendo a caridade e a assistência aos necessitados.

Histórias que se cruzam

Embora com características diferentes, as histórias desses jovens ou não tão jovens assim, que receberão o sacramento da Ordem como diáconos, no dia 12, às 15h, na Catedral da Sé, se cruzam e têm muitos aspectos em comum.

“A ideia de ser ordenado, de gastar toda a vida por Deus, de entregar-me de forma completa e total ao amor da minha vida foi se definindo e alegrando o meu coração. Nesse processo, várias pessoas me ajudaram”, contou, em entrevista ao O SÃO PAULO, Bruno Muta Vivas, que aos 27 anos vai receber o diaconato após seis anos de formação filosófica e teológica como seminarista na Arquidiocese de São Paulo, com objetivo de ser ordenado presbítero.

Já a história de Gilson Frank dos Reis demonstra como o chamado de Deus surpreende e se dá, para cada pessoa, num momento específico da vida. Gilson, membro da Missão Belém, comunidade que completou dez anos em 2015 e mantém casas de recuperação para pessoas com dependências químicas, foi usuário de drogas e chegou a morar na rua. Após um longo processo de recuperação e discernimento, sentiu que queria ser padre para completar “algo que faltava em sua vida”. Para ele, “o diaconato é um serviço aos mais necessitados, o levar a Palavra de Deus aos corações secos que o mundo maltratou e fazer essa terra árida ser viva e produzir frutos”.

Aos 59 anos, Eduardo Migliorini está casado há 37 anos com Marina Costa Migliorini. Tem duas filhas, Priscilla e Erika, e três netos, Maria Eduarda, Beatriz e João Pedro. Ele participa da Paróquia Santo Antônio de Pádua, na zona Leste de São Paulo, e assim como os demais candidatos que serão ordenados diáconos permanentes, sabe do desafio de conciliar a vida familiar e profissional com os demais compromissos do diaconato, mas sente-se apoiado pela própria família nessa missão.

Reinaldo Bonatti, 47, da Paróquia Santa Rita de Cássia, na Região Episcopal Santana, é esposo de Cristina Garcia Bonatti e tem três filhos: Vinícius, Guilherme e Bruno. Ele disse à reportagem que, com o diaconato, pretende “estar presente onde a Igreja necessita. Estar ao lado das famílias e dos doentes, que nos momentos de sofrimento precisam de ânimo”.

Ordenação Diaconal da Arquidiocese de São Paulo (Foto: Luciney Martins)