Arquidiocese ganha mais seis padres no sábado

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Seis vidas e uma vocação, servir a Deus por meio do sacerdócio
Publicado em: 03/12/2014 - 15:15
Créditos: Jornal O SÃO PAULO – Edição 3029

Por  Daniel Gomes e Edcarlos Bispo

 

Em 6 de dezembro, às 15h, na Catedral da Sé, pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, serão ordenados sacerdotes os diáconos transitórios Antonio Pedro dos Santos, Everton Augusto de Souza, Gleidson Luis de Sousa Novaes, Maércio Angelo Pissinatti Filho, Pedro Augusto Ciola de Almeida e Rodrigo Aguiar Freitas.

Todos têm vivência pastoral na Arquidiocese e em entrevistas ao O SÃO PAULO contam sobre o processo do discernimento vocacional, o período de estudos e como esperavam servir a Deus e à Igreja no sacerdócio. Confira. 


Pedro Augusto Ciola de Almeida

31 anos
Lema: “Que todos sejam um” (Jo 17,21)

O jovem Pedro de Almeida cursava a faculdade de Engenharia Elétrica quando, orientado por um padre, começou a amadurecer a vocação ao sacerdócio.

“A vida de oração é muito importante para discernir o chamado vocacional. Também o Padre Vandro Pisaneschi, que na época era vigário da Paróquia Santa Cecilia, localizada perto da Universidade Mackenzie, onde eu estudava, me ajudou e me levou para a Pastoral Vocacional e, consequentemente, ao Seminário”, recorda-se o diácono Pedro. “Se não há um padre que faça a ponte para a Pastoral Vocacional pode ser que o vocacionado não saiba como corresponder a sua vocação”, complementa.

Em 2006, ele iniciou a preparação para o sacerdócio, mas bem antes já havia sentido atração à vocação. “Eu me senti chamado a ser padre participando de uma missa na Paróquia Santíssimo Sacramento, na Região Sé. Foi uma experiência forte de Deus que marcou a minha vida. Na época, fazia pouco tempo que havia terminado o ensino médio e tinha 19 anos de idade”, conta. 

Diácono Pedro garante que nunca pensou em desistir da vocação ao sacerdócio. Em 2014, ele teve vivência pastoral na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Região Ipiranga, e agora já projeta a vida como padre após 6 de dezembro.

“O padre continua o ministério de Jesus Cristo, por isso, eu estarei sempre aprendendo. Eu terminei a minha formação inicial, mas a formação de um padre nunca acaba. Com serenidade e com o auxilio da graça de Deus, espero exercer o ministério para ajudar as pessoas a se encontrarem com Deus, a se santificarem, para favorecer a construção de uma comunidade cristã fraterna e que se preocupe com os últimos”.

Rodrigo Aguiar Freitas

33 anos
Lema: “Fiz-me tudo para todos” (1 Cor 9,22b)
 


Rodrigo Freitas passou a juventude envolvido nas atividades pastorais da paróquia que frequentava em Vitória (ES) e gostava especialmente de participar dos encontros da Renovação Carismática Católica (RCC). “Desde então, comecei a perceber que Deus tinha um propósito maior para minha vida”. 
 
Na época, ele trabalha, estudava e fazia planos, mas não se via plenamente satisfeito. “Tudo o que eu fazia se tornava questionável na minha vida, sempre pensava: ‘por que não trabalho para Deus, só para ele? Até que um dia, passei por um pobre morador de rua, continuei meu trajeto, inquieto e profundamente compadecido. Voltei e dei-lhe uma moeda. Continuei meu trajeto, mas uma voz interior me disse: ‘não é isso’... Isso me deixou mais inquieto, comecei a pensar o que eu poderia fazer para ajudá-lo”.
 
Segundo Rodrigo, as respostas que procurava vieram há 14 anos, quando conheceu a associação privada de fiéis Aliança de Misericórdia, que estava iniciando atividades em São Paulo. “Desde então, comecei um caminho vocacional e percebi que o que Deus queria era que eu pudesse responder um chamado para o sacerdócio”, relata o hoje Diácono, que iniciou estudos para ser padre em 2005.  
        
Diácono Rodrigo enfatiza, ainda, que já no primeiro ano de vivência na Aliança de Misericórdia, sentiu a confirmação da vocação e agradece de modo especial a três pessoas: “Padre Antonello Cadeddu, Padre Joao Henrique e a Maria Paola, consagrada da Aliança, falecida em 2008, que foi minha primeira orientadora espiritual”. 
 
Em 2014, o diácono Rodrigo realizou vivência pastoral na Área Pastoral Santo Antônio, na Região Brasilândia. Ele se diz pronto para ser padre. “Sinto-me preparado, pois minha formação em 14 anos de comunidade me ajudou a ter clareza e certeza do passo dado ao diaconato e agora para o sacerdócio. Embora acredite, também, que seria muita ousadia dizer estar plenamente preparado, pois, quem pode medir a grandeza dessa graça de ser um sacerdote de Deus? Isso não cabe dentro do homem, mas Deus faz caber por sua graça, uma graça depositada em vasos de barro”, conclui. 
 

Gleidson Luís de Sousa Novaes 

32 anos 
Lema: “A minha alma engrandece o Senhor”. (Lc 1,46)

                                                                                                                               

 
“A missão de férias ajudou-me a enxergar outra igreja, fora do templo. A Arquidiocese de São Paulo é maior que nossos olhos podem alcançar e, muitas vezes, eu não enxergava os outros. O que me ajudou a acordar (me preocupar com as pessoas, enxergá-las, abraçá-las) foram duas missões: na penitenciária de Franco da Rocha, em 2012,  e a missão com os missionários da Missão Belém, junto aos moradores de rua, em 2014. Nas duas, eu vi o sofrimento nu e cru...”
 
Natural de Caeté (MG), Gleidson Novaes afirma que não se pode medir a vocação por um tempo cronológico, pois, “ela é feita de constante construção”. Na sua decisão de ser sacerdote, uma pessoa que teve grande influência em sua vida foi sua mãe, pois de acordo com ele, ela aguentava suas lágrimas, reclamações e o aconselhava nos momentos de angústia. 
 
Ao longo da caminhada de formação, Gleidson conta que teve vontade de desistir, porém, ao conversar com o reitor do seminário, Padre Cícero Alves de França, e relatar o que estava acontecendo, percebeu que não se pode tomar decisões de cabeça quente, pois  “isso pode custar muito, todo um trabalho e a própria vocação. As crises são construtoras, ajudando a crescer e a amadurecer”.
 
“Eu escrevi de próprio punho a carta ao Cardeal solicitando minha ordenação presbiteral, após a aprovação da Igreja. Meus irmãos de presbitério podem esperar um padre missionário e pastor. Afirmo isso não para embelezar a entrevista, mas sim, pois já o faço. Aproveitei-me de algumas atividades na paróquia [Nossa Senhora de Fátima] para colocar isso em prática, e graças a Deus, deu certo, principalmente indo ao cemitério da Lapa e nas casas das famílias”.
 
Dirigindo-se a quem deseja seguir a vocação sacerdotal, Gleidson aconselha que “ame a vocação que Deus lhe deu e nunca deixe que nada a apague. A vocação ao sacerdócio é belíssima, vale a pena dizer sim e não ter medo de largar tudo, pelo chamado verdadeiro de Deus”. 
 

Everton Augusto de Souza 

33 anos 
Lema: “Desejei ardentemente comer com vocês esta ceia pascal”. (Lc 22,15)
 


“Não posso dizer que estou cem por cento preparado para ser um padre, mas vou procurar dar o meu melhor a cada dia, de acordo com o trabalho que a Igreja hoje já me confiou e irá me confiar amanhã. Agora, quanto aos paroquianos e ao clero, espero corresponder de acordo com os ensinamentos do próprio Cristo amando a todos e respeitando suas diferenças, mas sempre proclamando a verdade da Fé”. Com essas palavras, o diácono Everton Augusto de Souza fala do sentimento que o cerca a menos de três semanas para sua ordenação sacerdotal, que acontecerá na Catedral da Sé. 
 
O futuro sacerdote conta que descobriu sua vocação por volta dos 22 anos, porém, ainda na infância, teve como um dos incentivadores o Padre Edemilson Camargo, que atualmente trabalha na rádio 9 de Julho. Na caminhada do discernimento vocacional, Everton salienta o papel de um tio com quem conversava sobre o futuro e as escolhas de vida, além do Padre Airton Bueno, que o ajudou a trabalhar esse “despertar vocacional”. 
 
Ao longo da caminhada de preparação para o sacerdócio, muitas dificuldades podem aparecer. Para Everton, o falecimento do seu pai, quando ainda estava no primeiro ano da Filosofia, foi uma das dificuldades que o fez repensar sua vocação, porém o apoio da família permitiu que ele seguisse o caminho de sua vocação, no qual, salienta, que é “muito feliz”. 
 
“Gostaria muito de agradecer a minha família e aos amigos que sempre rezaram pela minha vocação, e àquelas pessoas que encontramos em diversas paróquias de nossa Arquidiocese,  que também souberam motivar minha caminhada”, fala agradecido o Diácono. Ele, ainda expressa sua gratidão ao formador do Seminário, Padre Cícero Alves de França. “Não posso esquecer-me de agradecer ao Padre Cícero, que me ajudou muito a crescer na vocação e entender que um padre deve acima de tudo rezar primeiro para ele e assim poder celebrar com o povo de Deus”.
 
 

Antonio Pedro dos Santos 

40 anos
Lema: “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. (Mt 5,7)
 


O mais velho dos seis diáconos que serão ordenados em dezembro, Antonio Pedro dos Santos, é natural de Sanharó (PE), e conta que descobriu sua vocação ainda na adolescência “por meio dos diversos acontecimentos da vida”. Ao longo desses anos, ressalta o futuro sacerdote, já pensou em sair do seminário, mas não em desistir de sua vocação. 
 
Antonio destaca que se sente preparado e confiante “na graça de Deus e no esforço diário em servir a Igreja pelo seu ministério”. Deseja ser um padre misericordioso, que “experimentou a misericórdia de Deus” e quer ser um “bom instrumento dele na vida das pessoas”. 
 
Ao longo da caminhada, conta que teve a ajuda do Padre Jose Florentino que, ao ser procurado por ele, o incentivou que rezasse e, de modo especial, a oração do terço todos os dias. Outro sacerdote que ele agradece é Padre Marcelo Maróstica, que o enviou para o Seminário, e Padre Reginaldo Donadoni e, sobretudo a todas as pessoas que rezam por ele.
 
“Agradeço a minha mãe que sempre rezou e reza pela minha vocação, também as minhas madrinhas de oração Irmãs Maria Cecília e Maria Inês, que rezam todos os dias  por mim e pelas vocações, ao Padre Cícero de França, que me acompanhou nos últimos cinco anos no Seminário com muita dedicação”.
 
Aos jovens que desejam fazer a experiência da vida no Seminário, Antonio pede que “não tenham medo de seguir Jesus, de deixar tudo para seguí-lo, pois, se ele o chama, coragem!”, conclui, reforçando “venha ser feliz e fazer outras pessoas felizes, sendo padre”.
 

Maércio Ângelo Pissinatti Filho

28 anos
Lema: “O bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas” (Jo 10,11)
 


Nascido em família católica, em Itapira (SP), Maércio Filho teve o despertar da vocação ao sacerdócio ainda na adolescência. “No período da catequese de Crisma, percebi que o chamado de Deus surgiu com grande força em minha vida, e não pude deixar de ouvir, refletir e responder ao chamado para o sacerdócio”, recorda. 
 
Em 2004, ele chegou à capital paulista, ingressando no seminário propedêutico e no ano seguinte começou os estudos no Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars. 
 
“Meus pais sempre apoiaram minha iniciativa de discernir a vocação, também o Padre Messias de Moraes Ferreira ajudou no discernimento inicial. Certamente, o discernimento vocacional não é feito sozinho, por isso, agradeço e rezo sempre por todas as pessoas que ajudaram na vocação”, conta.  
 
A sequência da preparação ao sacerdócio foi feita no Seminário de Teologia Bom Pastor, desde 2010. No ano passado, Maércio foi ordenado diácono. “Ao longo destes nove anos no processo formativo, passei por alguns desafios que foram importantes para discernir e amadurecer a vocação. Nunca pensei em desistir. Como nos ensina São Paulo:  ‘Eu sei em quem depositei a minha fé’ (2 Tm 1,12). Por isso, a vocação é um grande dom de Deus em minha vida”.
 
Neste ano, diácono Maércio realizou vivência pastoral na Paróquia Santa Rosa de Lima, na Região Santana. “Foi um período para conhecer mais de perto a dinâmica da vida paroquial, uma experiência muito positiva no ministério diaconal, além disso, destaco o conhecimento das pastorais e organismos arquidiocesanos, e a frutuosa continuação do processo formativo no Seminário”.
 
E agora, às vésperas da ordenação sacerdotal, como ele imagina que será a vida de presbítero? “Ser padre não é uma conquista pessoal, é dizer, com coragem e firmeza, a cada dia de minha vida, sim para seguir Cristo, na caminhada como discípulo-missionário, no serviço à Igreja e a todo povo de Deus, nesta imensa cidade de São Paulo”, conclui.