Cardeal Scherer apresenta Campanha da Fraternidade para imprensa em São Paulo

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Arcebispo de São Paulo afirmou aos jornalistas que tema da CF 2016 provocará tomada de consciência sobre o cuidado com o saneamento básico
Publicado em: 10/02/2016 - 19:15
Créditos: Redação

O arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, concedeu na tarde desta Quarta-feira de Cinzas, 10, na Catedral da Sé, entrevista coletiva para a apresentação da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016, que tem como tema “Casa Comum, nossa responsabilidade” e tem como lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).

Também participaram da conferência Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Comunicação; o Padre Manuel Quinta, coordenador arquidiocesano da CF ; e o Pastor Geraldo Graf, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana.

Dom Odilo explicou aos jornalistas que essa é quarta Campanha da Fraternidade Ecumênica é realizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em conjunto com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). Ele também recordou que essa não é a primeira vez que uma Campanha da Fraternidade aborda temas ligados ao meio ambiente, mas ressaltou que neste ano é dado o enfoque ao saneamento básico.  “A sanidade do ambiente, saúde do ambiente em que vivemos, nossa casa comum, para que bem cuidada, livre de doenças”, explicou.

O Arcebispo enfatizou que esse tema tem muito a ver com a religião, uma vez que entram questões como fraternidade e respeito pelo próximo, “portanto, toda uma dimensão ética, moral e de justiça”, disse. Ele também recordou que a CF deste ano está bastante relacionado com a encíclica do Papa Francisco Laudato si’.

“Certamente há muito que se fazer. Olhando a realidade brasileira onde o saneamento básico ainda é bastante deficitário”, afirmou Dom Odilo, citando questões como a qualidade da água, o tratamento do esgoto bem como sua coleta, a destinação adequada do lixo como exemplos.

Nesse aspecto, o Cardeal destacou que os brasileiros tem se confrontado concretamente nos últimos tempos com o problema da proliferação do mosquito aedes aegypt, transmissor dos vírus da dengue, chikungunya e zika.

Reivindicar e conscientizar

Sobre as ações concretas da Campanha da Fraternidade, Dom Odilo citou duas nas quais todos podem se empenhar como comunidade cristã. A primeira deles é  “exigir, acompanhar, controlar, reivindicar” dos poderes públicos que se faça o saneamento básico.  

O segundo aspecto apontado pelo Arcebispo é em âmbito pessoal e individual. “Uma educação para aquelas atitudes que ajudam a manter sadio o ambiente. Toda a questão da destinação do lixo doméstico. Cuidado com a limpeza, com os focos infecciosos... Os cidadãos podem fazer muita coisa pessoalmente. O descuido pessoal com relação ao ambiente irá prejudicar não só a nós, mas também aos outros. É uma questão de educação para a convivência”.

O Pastor Geraldo chamou a atenção para uma noção equivocada que existe em relação ao descarte do lixo. “Costuma-se dizer que jogamos lixo fora. Mas esquece-se que vivemos no globo terrestre onde não jogamos nada fora. Pode-se dizer que jogamos tudo dentro e vamos aos poucos nos afundando no próprio lixo que produzimos”.

Bem comum é bem de todos

Para o Padre Manuel, o que se pretende na Arquidiocese com a CF é que as pessoas tomem consciência de que o bem comum é o bem de todos. “Hoje nós vivemos num egoísmo no qual cada um olha para si mesmo e não olha par ao bem comum como um bem próprio”.

“Sabemos que apenas 51% de esgoto da nossa cidade é tratado ou que boa parte do esgoto é lançado nas galerias de águas pluviais em São Paulo”, destacou o Padre, enfatizando, por outro lado, que se cada um tiver consciência da quantidade de lixo que produz individualmente, inclusive o desperdício de comida, “é possível mudar muita coisa”.

Tema atual

Dom Devair apresentou o Texto-base da Campanha e explicou sua metodologia baseada no método “ver-julgar-agir”. “Ver os acontecimentos, julgar a partir da nossa fé, e fazer uma proposta de ação”.

“Nos últimos anos nunca tivemos um tema que fosse tão inserido na realidade como o deste ano, justamente porque, falando de saneamento básico, olhando para nossa realidade, vemos a atualidade deste tema”, acrescentou o Bispo.

Ainda de acordo com o Vigário da comunicação, as reflexões do tema da CF também estão ligados diretamente à fé. “A fé não nos tira da realidade, mas justamente nos insere dentro dela”. 

Dom Odilo concluiu que a CF é antes de tudo, uma campanha educativa. “Ela não de faz somente nas igrejas, se faz nas escolas, pelos meios de comunicação, pelas mídias sociais, pelas muitas formas de divulgação e de agregação. Certamente surgirão muitas iniciativas a partir desta tomada de consciência”.  

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