L'Osservatore Romano
Há uma década, Dom Odilo Pedro Scherer tornava-se Cardeal da Igreja. No Consistório de 24 de novembro de 2007, na Basílica de São Pedro, sete meses depois de tomar posse como sétimo Arcebispo Metropolitano de São Paulo, recebeu o barrete cardinalício das mãos do Papa Bento XVI.
Naquele ano, a Igreja em São Paulo viveu momentos históricos, como a visita do próprio Papa, em maio, quando foi celebrada a canonização de Santo Antonio de Sant’Anna Galvão, e o início da celebração do centenário de criação da Arquidiocese de São Paulo, comemorado em 2008. Ao retornar de Roma e ser acolhido na Catedral da Sé pelo povo e o clero arquidiocesano, em missa solene no dia 2 de dezembro do mesmo ano, o Cardeal Scherer afirmou: “O título cardinalício representa um presente para esta Arquidiocese na celebração de seu centenário”.
Com então 58 anos, Dom Odilo foi o primeiro Cardeal criado pelo hoje Papa Emérito. Ao longo destes dez anos, ele exerceu inúmeras funções enquanto Cardeal da Igreja, entre as quais a participação no Conclave que elegeu o Papa Francisco, em março de 2013.
Unidos ao Papa
A reportagem publicada pelo jornal O SÃO PAULO em 27 de novembro de 2007, por ocasião do cardinalato de Dom Odilo, explicou que a expressão clerici cardinales foi usada nos primeiros séculos da Igreja para designar os conselheiros dos bispos. A partir do século IX, o título de “cardeal” passou a ser dado aos clérigos mais importantes da Diocese de Roma. Sendo o Papa o Bispo de Roma, os cardeais passaram a constituir seus conselheiros. Eles foram divididos em categorias: os cardeais-presbíteros, que se responsabilizavam pelas paróquias importantes de Roma; os cardeais-diáconos, que administravam sete regiões de Roma; e os cardeais-bispos, responsáveis por seis dioceses suburbanas de Roma.
Até hoje, o Colégio Cardinalício é dividido em três ordens: os cardeais-bispos são titulares das igrejas suburbicárias de Roma: Ostia, Albano, Frascati, Palestrina, Porto-Santa Rufina, Sabina-Poggio Mirteto, e Velletri-Segni. Apesar de serem sete igrejas, o número de cardeais-bispos é de seis, pois a titularidade da igreja de Ostia é reservada ao decano do colégio de cardeais. Os cardeais-diáconos cuidam das diaconias da cidade, residindo nela e servindo à Cúria Romana; e os cardeais-presbíteros, dispersos por todo mundo, que governam suas arquidioceses, como é o caso de Dom Odilo.
Por haver esse vínculo histórico com o clero da Diocese de Roma, os cardeais recebem o título de uma das igrejas romanas. Dom Odilo recebeu o título de Sant’Andrea al Quirinale, igreja localizada no centro de Roma, próximo à sede da presidência italiana.
Serviço à Igreja
A palavra latina “ cardo, cardinis ”, que significa a “dobradiça” ou o “gonzo” da porta, originou a palavra “cardeal”. Daí os pontos cardeais – norte, sul, leste e oeste – que orientam a direção dos viajantes, e as virtudes cardeais – prudência, justiça, fortaleza e temperança – em torno das quais giram as demais virtudes humanas. Também em torno dos cardeais gira o pastoreio da Igreja Católica.
Desde 1464, os cardeais se distinguem pelas vestes de cor púrpura, que simbolizam disponibilidade de serviço até o derramamento do próprio sangue. Além do barrete, os cardeais recebem do Papa um anel, insígnia idêntica para todos os purpurados, que simboliza a pertença ao Colégio Cardinalício e a fidelidade ao Romano Pontífice.
A partir de 1059, foi conferido aos cardeais pelo Papa Nicolau II a prerrogativa exclusiva da eleição do Bispo de Roma. Atualmente, somente os cardeais com menos de 80 anos são eleitores em um Conclave.
Embora a eleição do Pontífice seja a missão mais conhecida de um Cardeal, os Purpurados, como também são conhecidos pela cor da sua veste solene, assessoram o Papa no exercício de seu ministério petrino. Mesmo aqueles que residem fora de Roma possuem cargos e funções em algum organismo da Cúria Romana, além de eventualmente representarem o Santo Padre em eventos importantes.
Principais atividades e funções de Dom Odilo Pedro Scherer como Cardeal da Igreja Católica
- Cardeal Presbítero da Santa Igreja Romana, do título de Santo Andrea al Quirinale, no Consistório de 24 de novembro de 2007;
- Presidente Delegado na Assembleia do Sínodo dos Bispos de 2008;
- Enviado especial do Papa Bento XVI para as comemorações do 30º aniversário da mediação da Santa Sé entre a Argentina e o Chile para a solução do conflito do Canal de Beagle (dezembro de 2008);
- Membro da Congregação para o Clero (desde 2008);
- Membro do Conselho do Sínodo dos Bispos (de 2008 a 2015);
- Membro da Congregação para a Educação Católica (desde 2013);
- Membro da Comissão de Cardeais para o estudo dos problemas organizativos e econômicos da Santa Sé (de 2009 a 2014);
- Membro do Pontifício Conselho para a Família (desde 2009);
- Membro da Pontifícia Comissão para a América Latina (desde 2009);
- Membro da Pontifícia Comissão Cardinalícia de Vigilância sobre o Instituto para as Obras de Religião – IOR (de 2009 a 2014);
- Membro do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização (desde 2010);
- Enviado Especial do Papa e Chefe da Delegação da Santa Sé na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), de 20 a 22 de junho de 2012;
- Delegado nas Assembleias do Sínodo dos Bispos de 2008, 2012, 2014 e 2015;
- Participação no Conclave que elegeu o Papa Francisco, de 12 a 13 de março de 2013.
Cardeais Brasileiros
O primeiro Cardeal da América Latina foi Dom Joaquim Albuquerque Cavalcanti, Arcebispo do Rio de Janeiro (1897-1930). Antes, ele havia sido Bispo da Diocese de São Paulo (1894-1897).
Dom Odilo Scherer foi o quinto Arcebispo de São Paulo a receber o título cardinalício. O primeiro foi Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, criado Cardeal em 18 de fevereiro de 1946.
Atualmente, o colégio cardinalício conta com 10 purpurados brasileiros:
(Cardeais com mais de 80 anos)
- Dom Serafim Fernandes de Araújo - Arcebispo Emérito de Belo Horizonte (MG);
- Dom José Freire Falcão - Arcebispo Emérito de Brasília (DF);
- Dom Eusébio Oscar Scheid - Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro;
- Dom Geraldo Majella Agnelo -Arcebispo Emérito de Salvador (BA);
- Dom Cláudio Hummes - Arcebispo Emérito de São Paulo;
- Dom Raymundo Damasceno Assis - Arcebispo Emérito de Aparecida (SP);
(Cardeais com menos de 80 anos)
- Dom João Braz De Aviz - Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica;
- Dom Odilo Pedro Scherer - Arcebispo de São Paulo;
- Dom Orani João Tempesta - Arcebispo do Rio de Janeiro;
- Dom Sergio da Rocha - Arcebispo de Brasília (DF).