Há 15 anos com um Natal dos Sonhos

A A
Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo promoveu evento, no sábado, 26, que leva alegria às crianças e adolescentes não só no Natal, mas durante todo o ano
Publicado em: 30/11/2016 - 15:15
Créditos: Nayá Fernandes / jornal O SÃO PAULO

Mateus, Alisson, Carlos e Maycon estavam ansiosos para a apresentação que fariam alguns minutos após falarem com a reportagem do O SÃO PAULO. Eles participam do Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) Jardim Vista Alegre, na zona Noroeste da cidade, e ensaiaram um teatro para o evento “Natal dos Sonhos”, promovido pela Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo.

Este ano, o “Natal dos Sonhos” aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, na zona Norte da capital, no sábado, 26. Para comemorar 15 anos de existência, a equipe organizadora realizou uma celebração eucarística, fazendo assim, uma solene ação de graças. 

Os meninos do CCA Jardim Vista Alegre, juntamente com outras crianças, lembraram, antes do início da missa, o caos. “Por que começar com o caos?”, questionou Sueli Camargo, coordenadora arquidiocesana da Pastoral do Menor. “Porque depois virá a luz”, concluiu, em um comentário durante a apresentação. A frase, que parece óbvia, pode bem ser uma síntese do trabalho da Pastoral do Menor na Arquidiocese, ser luz e levar a esperança.

“A campanha não se reduz no dar e receber brinquedos. Pelo contrário, há um trabalho intenso feito durante o ano e a cada ‘Natal dos Sonhos’ reflete-se um tema, tanto nos colégios católicos quanto nos centros e obras sociais”, explicou Sueli.

Muitos voluntários ajudaram a realizar a festa, que contou com a presença de profissionais e alunos de escolas e universidades católicas, como a PUC-SP, o Centro Universitário Assunção, o Colégio Luíza de Marilac, o Colégio Marista e entidades como o Amparo Maternal e o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto.

Uma bela e consistente história

A campanha foi uma ideia e iniciativa do empresário Eli Hadid, fundador da Mega Model Brasil, uma das maiores agências de modelos do país. “Ele procurou Dom Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo à época. O Arcebispo chamou a Pastoral do Menor, que está principalmente nas periferias, e então começamos. Foram envolvidas as paróquias, depois os colégios católicos e outras entidades”, contou Sueli.

As modelos da Mega Model participaram da missa e doaram brinquedos, como tem acontecido todos os anos. 

Antes do início da missa, presidida pelo Padre Luiz Claudio Braga, assessor arquidiocesano da Pastoral do Menor, as crianças foram acolhidas por Dom Carlos Lema Garcia, vigário episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese, que falou sobre o verdadeiro significado do Natal. Na homilia, Padre Luiz Claudio também lembrou às crianças que no Natal o mais importante é o nascimento de Jesus e não os apelos para o comércio.

Em entrevista à reportagem, Sueli falou ainda dos temas que marcaram a campanha ao longo dos anos, como “Doe um brinquedo e ganhe um sorriso”, “Brinquedo é coisa séria”, “Cultura do Natal no Mundo”, “Deus habita esta cidade” e “O amor faz a diferença”. Houve, ainda, um ano em que as crianças foram convidadas a trocar brinquedos que imitam armas por outros, para incentivar a não violência.

E como funciona a campanha?

Além dos temas refletidos com instrumentos pedagógicos nos colégios católicos e nas diferentes instituições da Pastoral do Menor, há uma arrecadação de brinquedos para doar no Natal às crianças em situação de vulnerabilidade. Em cada lugar participantes, se arrecadam brinquedos que podem ser doados pela própria instituição se nesta houver uma obra social que preste qualquer ajuda. Se não, os brinquedos arrecadados são levados à sede da Pastoral do Menor, que contata as entidades que mais precisam para que busquem os brinquedos. 

Inclusão e vida Nova

Mickaelly Souza Carvalho e Venício da Silva Araújo entraram pelo centro da igreja carregando o pequeno Gabriel nos braços. Eles, naquele momento, eram para todos José e Maria com o pequeno Jesus. Mickaelly e Venício são surdos e serão modelos para o cartaz de divulgação da Campanha “Natal dos Sonhos” do próximo ano. Os dois frequentaram a Derdic, unidade mantida pela Fundação São Paulo e vinculada à PUC-SP, que atua na educação de surdos e no atendimento clínico a pessoas com alterações de audição, voz e linguagem.

Sentadas nos primeiros bancos da igreja ficaram as gestantes e mães que estão no Amparo Maternal com seus bebês no colo. Eram 19, dentre elas Bibija Macumba chamava atenção pela veste africana. Bibija veio do Congo e é mãe de Maravilha, que tinha, no sábado, 1 mês e 20 dias de vida. O Amparo Maternal atende gestantes e mães em situação de vulnerabilidade. As mães têm apoio no pré-parto e podem permanecer na casa por alguns meses após o nascimento dos filhos.  É o caso de Tifany Burguesa, venezuelana, mãe de Antares, com 1 mês e 3 dias de vida. Tifany está hospedada no Amparo e não sabe para aonde vai depois. “Deus proverá”, respondeu à reportagem quando foi perguntada sobre a sua situação no Brasil.

Elas se abraçavam e mexiam no cabelo uma da outra. As amigas Júlia Lopes, 12, Kathleen Ferreira, 12, Kauany Gabriele, 10, e Ariane Karine, 13, são alunas do CCA Jardim Itápolis, na zona Leste da cidade, e participaram pela primeira vez do “Natal dos Sonhos”. Partilhando sonhos e desafios, elas disseram que, desde que entraram no CCA, muita coisa mudou em suas vidas. “É diferente. Lá temos a oportunidade de sonhar e projetar nosso futuro”, comentou Kathleen. 

Após a missa, todos foram convidados a comer bolo e guaraná e cantar parabéns pelos 15 anos do “Natal dos Sonhos”. 

 

Reportagem publicada no Jornal O SÃO PAULO - Edição 3130 - 23 de novembro a 7 de dezembro de 2016