Mais de 2 mil pessoas participam da abertura do sínodo arquidiocesano

A A
Atividade aconteceu no centro de eventos São Luís e contou com a presença de representantes de todas as paróquias das seis Regiões Episcopais.
Publicado em: 28/02/2018 - 14:45
Créditos: Redação

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Povo de Deus, Igreja do Senhor, caminhemos sempre unidos, num só coração. Quanta alegria! Que bênção tão grande: O Evangelho de Jesus anunciar!”. 

O refrão do Hino do sínodo foi cantado dezenas de vezes pelas 2 mil pessoas que participaram da celebração de abertura do sínodo arquidiocesano, na tarde do sábado, 24. A atividade aconteceu no Centro de Eventos São Luís, da Congregação da Companhia de Jesus, na Consolação, e reuniu bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, membros de pastorais e novas comunidades e representantes das mais de 300 paróquias da Arquidiocese. 

Com o objetivo de realizar um “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” e a certeza de que “Deus habita esta cidade: somos suas testemunhas”, os fiéis participaram com entusiasmo da celebração, preparada especialmente para a ocasião e presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. 

O sínodo foi anunciado e convocado pelo Cardeal na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, no dia 15 de junho de 2017.  Na ocasião, entre as razões que o levaram a convocar o sínodo, Dom Odilo afirmou que percebe a necessidade premente de renovar a evangelização e a vida pastoral na Arquidiocese. “A mudança de época em curso na sociedade e na cultura também atinge fortemente a vida eclesial e seus efeitos aparecem numa persistente crise de fé religiosa, na adesão sempre menor à vida eclesial e no progressivo abandono da Igreja e até da fé cristã. Não é sem motivo que a Igreja vem nos conclamando para uma nova evangelização, a renovação da consciência eclesial e a consistente ação missionária. Fazse urgente retomar a vida cristã genuína e a prática coerente da fé e da moral cristã”, insistiu o Arcebispo, no documento oficial da convocação.

Os Bispos Auxiliares da Arquidiocese Dom Luiz Carlos Dias, Vigário da Região Episcopal Belém; Dom Devair Araújo da Fonseca, Vigário da Região Episcopal Brasilândia e do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação; Dom José Roberto Fortes Palau, Vigário da Região Episcopal Ipiranga; Dom Sergio de Deus Borges, Vigário da Região Episcopal Santana, e Dom Eduardo Vieira dos Santos, Vigário da Região Episcopal Sé; além de Dom Carlos Lema Garcia, Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, estiveram no evento. 

Padre Carlos Alberto Contieri, jesuíta e Diretor do Pateo do Collegio, acolheu a todos no espaço e afirmou que deseja que o lugar possa abrigar muitos outros momentos do sínodo. “Que seja a primeira de muitas vezes que a Igreja de São Paulo se reúne aqui. Sejam todos sempre bem-vindos e, como o próprio nome nos indica, que possamos, a partir do sínodo, caminharmos juntos”, disse. 

“Temos muitas urgências na evangelização e em nossa pastoral, que precisam acompanhar os desafios do nosso tempo. O sínodo é uma ocasião para olharmos para a realidade religiosa, evangelizadora e pastoral da nossa Igreja na cidade de São Paulo”, dizia o texto de abertura do evento, lido pelo Padre Tarcísio Mesquita, Coordenador de Pastoral da Arquidiocese e Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto. 

Um vídeo institucional foi preparado especialmente para a ocasião. O conteúdo contemplou a história da cidade e da Arquidiocese e a apresentação de números da realidade eclesial na Capital Paulista, como o número de congregações religiosas e as pastorais que tiveram início na Arquidiocese. 

Após a acolhida da cruz e da entronização do banner e do cartaz do sínodo, todos cantaram para invocar o Espírito Santo e acolher a Palavra de Deus que seria, em seguida, proclamada. “Sem a ação do Espírito Santo, o fruto do sínodo seria morto”, afirmou o Cardeal Scherer, que, na homilia, falou sobre o caminho feito pelos discípulos de Emaús. 

Todos os que participaram da celebração puderam também renovar as promessas do Batismo e professar sua fé católica, além de entregar à intercessão de Nossa Senhora e de São Paulo Apóstolo o caminho sinodal arquidiocesano, que durará três anos. 

Importante também é a intercessão dos santos que viveram em São Paulo ou passaram por aqui: São José de Anchieta, Santa Paulina e Santo Antonio de Santana Galvão e os Bem-aventurados Padre Mariano e Madre Assunta, além de todos os santos padroeiros das centenas de comunidades espalhadas pela metrópole, exemplos de força e coragem para os que querem seguir o caminho do Mestre Jesus.

 

COMEÇOU

É nas paróquias e comunidades, nas diferentes pastorais, movimentos, novas comunidades e organizações eclesiais que o sínodo acontece, com a participação ativa e interessada dos fiéis e de todos os que forem, durante o caminho, convidados a inserir-se na vida e na missão da Igreja. 

Para Ana Maria da Silva Alexandre, que há 17 anos trabalha na Pastoral do Povo da Rua, o sínodo já havia começado, e os muitos grupos que trabalham com a população em situação de rua pretendem realizar reuniões mensais para pensar como participar e fazer com que as propostas do sínodo cheguem também às pessoas atingidas por esses grupos. 

“Cada grupo vai trabalhar localmente, reunir-se e trazer as respostas para o sínodo”, explicou. A Pastoral do Povo da Rua já realiza um trabalho de integração de pastorais, comunidades e movimentos, e Ana salientou que essa experiência pode também ser útil para as demais comunidades. 

“Temos reuniões uma vez por mês e conversamos sobre o que cada grupo está fazendo. Podemos ter as diferenças, pois cada um tem sua maneira de realizar a Pastoral, mas em alguns momentos se juntam, pois, o objetivo é o mesmo, alcançar quem está na rua”, explicou Ana. “Primeiro passo é chegar até as pessoas que estão na rua, para depois fazer com que elas se sintam parte da Igreja. A casa de oração tem esse compromisso”, continou. 


A Pastoral dos Migrantes também está se organizando para contribuir e aprender com o sínodo. “Estamos trabalhando em um diagnóstico e também propostas em termos de Pastoral dos Migrantes para lidar com as diferenças e criar espaços de convivência entre os imigrantes de diversas origens, tanto internos quanto os que vêm de outros países. Queremos ajudar a levar essa reflexão às paróquias, mas também ouvir as outras perspectivas no que se refere às outras realidades eclesiais. Ver que contribuição a Pastoral pode dar pensando na missão da Arquidiocese na cidade”, disse Roberval Freire, membro da Pastoral.


Padre João Inácio Mildner, Assessor Eclesiástico da Pastoral da Saúde, afirmou que a Pastoral está vivendo intensamente o sínodo: “Estamos fazendo questionamentos a partir das próprias comunidades e das paróquias. Onde buscamos levar nossa missão? Quem somos nós? Qual a nossa missão? Qual prioridade a Pastoral da Saúde tem nas comunidades, nos hospitais e na própria Arquidiocese? É sempre esse desafio de ser Igreja em missão, acolher o doente como Jesus acolhia, amar o doente com profunda intensidade, a exemplo do bom samaritano, que se desfez de tudo para que o doente tivesse dignidade.”


O início do sínodo será vivido também no contexto do Ano Nacional do Laicato, proposto pela CNBB. Marcelo Cypriano Motta, que integra a Comissão Arquidiocesana para o Ano Nacional do Laicato, falou sobre a importância de que todos estejam atentos aos sinais dos tempos. “Quero propor que se alargue teologicamente esse conceito de sinais dos tempos, que pode e deve ser alargado. Para realmente, a partir dos sinais dos tempos, ingressar naquilo que é fundamental reconhecer. O tempo da misericórdia, o culto da misericórdia e a cultura da misericórdia. Eu, pessoalmente, passarei os três anos do sínodo insistindo nesta verdade que eu reconheço”, afirmou.


Iracema Silva, 77, trabalhou na secretaria da Região Episcopal Belém durante 19 anos e agora é voluntária na Região, onde pretende dedicar-se, principalmente, à Pastoral da Ecologia. “Acredito no que Dom Odilo acredita, que o sínodo é um momento de reflexão, retomada de posição em todas as pastorais, movimentos e associações. É um tempo de olhar o que temos e o que não temos nas paróquias e nas comunidades eclesiais, para descobrir, com muita coragem, em que podemos melhorar e o que podemos começar a fazer”, disse.


As congregações religiosas também estiveram em grande número na celebração. Irmã Nelânia Lessa, da Irmãs de Nossa Senhora da Consolata, participou juntamente com outras religiosas da comunidade, que está ligada à Paróquia São Roque, no bairro Vila Nova Cachoeirinha, na zona Norte. “Temos acompanhado, principalmente pelo jornal O SÃO PAULO , as informações sobre o sínodo e rezado diariamente para que dê muitos frutos na Arquidiocese”, afirmou. 

 

NAS PARÓQUIAS

Como tem insistido o Cardeal Scherer, o sínodo deve ser vivido, em primeiro lugar, nas paróquias, que são a base da missão da Arquidiocese na cidade.

Ana Maria de Oliveira é Ministra Extraordinária da Eucaristia na Paróquia Bom Jesus dos Passos, em Pinheiros, e membro do Movimento por um Mundo Melhor, que trabalha para o bom andamento da comunidade, para que nela todos possam viver melhor. “No ano passado, fizemos algumas pesquisas para conhecer quem participa da Paróquia. Acredito que o sínodo é um despertar para todos e uma forma de conhecer as pessoas que estão na comunidade, bem como as que estão mais afastadas”, comentou. 


Ana Paula Ferreira dos Santos também é Ministra Extraordinária da Eucaristia e Catequista de Crisma na Paróquia São José Operário, na Região Episcopal Santana. Ela é uma das responsáveis pela animação do sínodo na Paróquia. “Temos consciência de que as paróquias são a base do sínodo. Na São José Operário, temos 12 pastorais e hoje tivemos um retiro pela manhã com agentes de pastoral da Paróquia. A continuidade do retiro aconteceu aqui, com a celebração de abertura do sínodo, à qual demos prioridade para a participação dos jovens”, explicou. Junto a Ana Paula estavam Ana Carolina Ferreira, 17, e Miriam Guci, 18, que participam da equipe de liturgia paroquial. 


Walkiria Aparecida Xavier de Brito, 24, e Karina de Oliveira, 30, são membros da Comunidade Anjos da Vida há cerca de dez anos. Para elas, o sínodo é um momento bonito de caminhar junto com a Arquidiocese. “A partir de hoje, vamos começar a pensar um projeto, tendo como orientação o que a Arquidiocese nos pede, para inserir-nos mais intensamente no sínodo”, comentou Walkiria. Karina afirmou sentir-se privilegiada por trabalhar no evento de abertura. “Aprendi muito hoje e quero continuar nesse caminho”, disse.