Missa na Catedral da Sé marca o início da Quaresma na Arquidiocese

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Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, também ressaltou o começo da Campanha da Fraternidade, que neste ano propõe a superação da violência
Publicado em: 15/02/2018 - 13:00
Créditos: Redação

Luciney Martins/O SÃO PAULO

As cinzas, colocadas na fronte dos fiéis que participaram da missa de Quarta-feira de Cinzas, no dia 14, lembram aos cristãos a condição de criaturas limitadas. “Convertei-vos e crede no Evangelho”, diz o sacerdote enquanto impõe as cinzas, rito realizado após a homilia. Com a celebração, inicia-se o tempo litúrgico da Quaresma, que acontece em preparação para a Páscoa do Senhor. No Brasil, começa também a Campanha da Fraternidade (CF), que acontece há 54 anos e, em 2018, traz como tema “Fraternidade e superação da violência” e lema “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). 

A situação de violência vivida no Brasil foi enfatizada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, que presidiu a celebração, bem como a necessidade de que a sociedade possa “educar para a não violência”. 

O Cardeal salientou que o Brasil é um dos países com um dos maiores índices de violência do mundo e falou sobre os fatores que a desencadeiam. “Há também formas de violência sutis como a violência da calúnia, das Fake News , notícias falsas nas mídias sociais que circulam como se fossem verdade”, recordou.

“Somos católicos e não podemos ficar indiferentes aos fatos de violência. Não condiz com nossa fé e nossa moral, não condiz com o nosso jeito católico de ser cidadão. Devemos lutar para que a violência não se propague”, insistiu Dom Odilo, que afirmou ainda sobre o fato de os leigos terem um papel importantíssimo na promoção da sociedade justa, fraterna e não violenta.

“A violência não é aceitável sob nenhum ponto de vista. A violência é um mal e é contrária à lei de Deus. Por isso mesmo, todos nós, filhos da Igreja, somos chamados a superar um clima de violência que se instalou. Qualquer tipo de violência clama aos céus”, continuou o Cardeal.

O Arcebispo lembrou também que a Bíblia mostra Deus como defensor daqueles que são injustiçados, violentados, e todos que estão do lado de Deus devem estar ao lado de quem sofre violência. “A manutenção de um estado social, de uma situação econômica que obriga muitos a viverem na miséria é também uma violência instituída, contra a qual nós devemos lutar, para instaurar, sim, de muitas formas, uma sociedade justa, fraterna, honesta, com políticas públicas voltadas para as situações que são geradoras de violência”.

Outro aspecto sobre o qual o Cardeal insistiu foi a necessidade de uma educação para a paz. “A violência necessita de educação para a não violência. Educação para valores fundamentais, como o respeito ao próximo, a honestidade, a dignidade no trato com as pessoas, a justiça, a vida de cada pessoa. Se não estivermos muito convencidos disso, podemos estar participando da onda da violência”, afirmou.

O tema da CF foi apresentado também por Márcia Matias de Castro, representante da equipe da Campanha da Fraternidade da Arquidiocese, antes do início da celebração. Márcia lembrou que um dos objetivos da CF é o de “apoiar as organizações da sociedade civil que trabalham na superação da violência”. No texto lido por ela, recordou- -se que “o Brasil é uma sociedade injusta e desigual e pratica uma forma de fazer política que torna as pessoas descartáveis”.

 

JEJUM, ESMOLA E ORAÇÃO

Sobre os exercícios quaresmais, o Cardeal sugeriu aos fiéis que vivam o jejum, a esmola e a oração, revendo as atitudes de acordo com o tema da Campanha. 

“Que por meio dos exercícios da Quaresma, do jejum, da esmola e da oração, possamos colher o fruto de uma sociedade melhor, mais reconciliada e pacificada. Façamos o jejum daquela conversa que incita a violência, da palavra injuriosa, da vontade de brigar e de tudo aquilo que nos faz ser levados por nossas paixões. Com a prática da esmola, possamos ajudar o próximo a sair de sua situação de necessidade, e que a oração nos leve a buscar a Deus acima de tudo”, disse o Arcebispo.