O Papa Francisco desembarcou na Bolívia na tarde desta quarta-feira, 8. Depois de passar pelo Equador, onde chegou no domingo, 5, Francisco segue sua viagem apostólica pela América Latina, que será concluída no Paraguai.
“Jallalla Bolívia! Viva a Bolívia!”. Com essas palavras, Francisco saudou o povo boliviano que o acolheu em meio às cores das flores e dos trajes típicos indígenas. O Pontífice recebeu um colar ancestral do Presidente Evo Morales.
Pelas ruas, de um local a outro, a passagem do Papa foi acompanhada pela mesma festa que se viu no Equador. No trajeto à Catedral, o Papa fez uma pausa rápida no local onde foi assassinado o sacerdote jesuíta Luis Espinal, pedindo um minuto de silêncio.
Na Catedral de La Paz, o Santo Padre discursou à sociedade civil boliviana. Retomando diversos pontos da sua recente encíclica, Laudato si’, Francisco convidou todos a refletirem sobre uma ecologia integral que considere o homem e a natureza numa relação plena e recíproca.
Ao falar da sutil linha que separa as definições de “bem comum” e “bem-estar”, o Papa exortou a saírem de si mesmos e usarem obras de caridades cristãs para expandir o bem comum. “Pelo contrário, o bem comum é algo mais do que a soma de interesses individuais; é passar do que ‘é melhor para mim’ àquilo que ‘é melhor para todos’, e inclui tudo o que dá coesão a um povo: metas comuns, valores compartilhados, ideais que ajudam a levantar os olhos para além dos horizontes particulares”, afirmou.
O Papa reforçou, ainda, que os atores sociais têm a responsabilidade de contribuir para a construção da unidade e o desenvolvimento da sociedade.
“A liberdade é sempre o campo melhor para que os pensadores, as associações de cidadãos, os meios de comunicação desempenhem a sua função, com paixão e criatividade, ao serviço do bem comum”.
Liberdade religiosa
Sobre o papel dos cristãos na sociedade, o Francisco recordou que a fé é uma luz que não encandeia nem perturba – frisando que as ideologias que encandeiam –, mas ilumina e orienta no respeito pela consciência e a história de cada pessoa e de cada sociedade humana.
Destacando que o cristianismo teve um papel importante na formação da identidade do povo boliviano, o Papa sublinhou que “a liberdade religiosa, tal como é entendida habitualmente no foro civil não é uma sub-cultura”, lembrando também que a fé não se pode reduzir à esfera puramente subjetiva.
Saída para o mar
Sobre a questão territorial entre Chile, Peru e Bolívia, Francisco afirmou que hoje é indispensável o desenvolvimento da diplomacia com os países vizinhos, que evite os conflitos entre povos irmãos e contribua para um diálogo franco e aberto dos problemas.
“Penso na saída para o mar. Diálogo: é indispensável. Devemos construir pontes, em vez de erguer muros”, frisou o Pontífice.
Santa Cruz de la Sierra
Em seguida, o Pontífice partiu para Santa Cruz de la Sierra, onde passará seus dois dias o País.
Entre as atividades na cidade considerada o centro econômico da Bolívia, o Francisco presidirá uma missa na Praça do Cristo Redentor, na manhã desta quinta-feira, na qual são esperados mais de um milhão de fiéis e peregrinos. Nesta ocasião em que Francisco inaugurará também o V Congresso Eucarístico Nacional.
Nesta quinta-feira, 9, Francisco também se encontrará com sacerdotes, religiosos e seminaristas. E, por fim, participará do encerramento do II Encontro Mundial dos Movimentos Populares.