O papel fundamental do pai na família

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Nada substitui a figura paterna quando o assunto é a criação e a educação dos filhos
Publicado em: 14/08/2017 - 11:30
Créditos: Redação

Arquivo Pessoal

Gilberto Macedo, 59, conhecido como Giba, é casado com Darci Botelho Macedo e tem três filhos: Igor Jordano Macedo, 25, Gabriel Macedo, 22, e João Vitor Macedo, 14. Nascido no Estado de Minas Gerais, veio para São Paulo ainda jovem e trabalhava no atendimento ao público na Caixa Econômica Federal. 

Giba sente que ser pai é uma missão ampla e que as transformações sociais atingem profundamente a família. Ao ser perguntado sobre o papel que o pai desempenha na estrutura familiar, ele afirmou que ao “considerar diferentes épocas e culturas, a missão do pai é proteger e cuidar da família, sendo exemplo de respeito e dedicação. No lar, esse ambiente assegura uma relação equilibrada e de confiança”. Ele continuou afirmando que o lar deve ser “o porto seguro onde são cultivados os valores fundamentais que irão direcionar os filhos. Honestidade, ética e a formação na fé competem de modo especial à missão da família e garantem a cidadania dos seus membros numa sociedade mais estruturada”.

O pai tem um papel indispensável na família. A exortação apostólica póssinodal Amoris Laetitia, sobre o amor na família, do Papa Francisco, no artigo 9º, cita a complementariedade dos papeis do homem e da mulher na família: “no centro, encontramos o casal formado pelo pai e a mãe com toda a sua história de amor. Neles se realiza aquele desígnio primordial que o próprio Cristo evoca com decisão: ‘Não lestes que o Criador, desde o princípio, fê-los homem e mulher?’ (Mt 19,4). E retoma o mandato do livro do Gênesis: ‘Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne’ (Gn 2,24)”, afirma o texto.

“O homem desempenha um papel igualmente decisivo na vida da família, especialmente na proteção e sustentação da esposa e dos filhos. Muitos homens estão conscientes da importância do seu papel na família e vivem-no com as qualidades peculiares da índole masculina”, especifica o texto no artigo 55 da Exortação Apostólica. 

 

Ausência sentida

Para Valdir Reginato, médico, professor, terapeuta familiar e articulista do O SÃO PAULO , a ausência dessa figura e a possível falta da referência paterna pode desencadear marcas difíceis de serem superadas. “A humanidade busca a sua origem desde muito tempo, incansavelmente. Desejamos saber de onde viemos, se de macacos com mutações genéticas, se de inseminação artificial por extraterrestres, por uma ação decorrente do caos... Todos desesperados a procura de seu pai. E como um indivíduo que não tem o nome do pai na própria certidão de nascimento, sabidamente existente neste mundo e tempo, não haveria de se sentir rejeitado? Os que acreditam em Deus não sofrem a rejeição do evolucionismo ou de seres desconhecidos. Todos têm um Pai, que nunca se omitiu e sempre nos amou. Seja Ele o caminho para os que aqui têm essa responsabilidade de transmissão e cuidado da vida”, afirmou em artigo publicado no O SÃO PAULO em abril deste ano.

No mesmo artigo, escrito a partir de dados divulgados pelo IBGE em 2013, segundo os quais cerca de 5,5 milhões de crianças não apresentavam o nome do pai na certidão de nascimento, Reginato recordou que “a rejeição paterna é apontada por estudos bem conduzidos como uma das principais causas de problemas no desenvolvimento psicológico de uma criança. A ausência da figura paterna promovida pela irresponsabilidade da omissão, muito diferentemente do óbito do pai, leva a uma condição psicológica que poderá ocasionar por toda vida sequelas significativas”.

“A ausência do pai penaliza gravemente a vida familiar, a educação dos filhos e a sua integração na sociedade. Tal ausência pode ser física, afetiva, cognitiva e espiritual. Essa carência priva os filhos dum modelo adequado do comportamento paterno”, explica o Papa Francisco também no artigo 55 da Amoris Laetitia .

 

‘Ajudar os filhos a serem felizes’

Giba não sonhava desde sempre em ser pai, mas hoje agradece a Deus pela oportunidade que tem de ajudar os filhos a serem felizes. “Desde os tempos de solteiro, pensava no assunto, e confesso que não me sentia confortável ao imaginar-me pai. Hoje tenho três filhos e um neto. Sem dúvida, trata-se de muita responsabilidade. O pai sempre deseja o melhor para os filhos”. 

Outro aspecto fundamental quando o assunto é família é o empenho que os pais devem ter, em primeiro lugar, em educar os filhos e, nessa tarefa, serem ajudados pela escola, não o contrário. “Entendo que a educação é fundamental. A educação do lar e aquela que se consegue oferecer aos filhos na escola. É necessário que estejam bem preparados para saberem relacionar-se e se defenderem no mundo. Fico profundamente triste quando vejo exemplos de filhos que, por uma razão ou outra, são causa de sofrimento para os pais, em virtude de terem assumido caminhos que não vão ao encontro dos valores da família. Quero dizer: a violência, a corrupção, os vícios. Quantas dores dilaceram famílias?”, continuou o pai de Igor, Gabriel e João.

“Aprendi muito sendo pai e agradeço a Deus por ter tido uma vida abençoada.  Sempre rezo para ser capaz de amar e ajudar os filhos a serem felizes. Penso naqueles que agem com extrema irresponsabilidade. Mesmo tendo o dom de serem pais, não têm o mínimo de amor e cuidados com aqueles que ajudaram a gerar. A figura do pai na vida familiar, brincando e se relacionando com os filhos ainda crianças e mesmo depois de adultos, sendo capaz de orientar e partilhar os momentos de alegrias e eventuais dificuldades vividas pelos filhos, torna-o referência inesquecível. Uma herança para todos”, disse Giba, que colabora com a rádio 9 de Julho no programa “Família, fonte de amor e vida”, transmitido aos domingos, das 15h às 16h.