Papa se encontra com representantes da sociedade civil do Equador

A A
Francisco refletiu sobre um trinômio que pode ajudar a sociedade a reverter as consequências da cultura do descarte que vivemos hoje: gratuidade, solidariedade, subsidiariedade
Publicado em: 08/07/2015 - 14:45
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

No encontro com a sociedade civil na Igreja de São Francisco, marco da arquitetura católica na América Latina, na terça-feira, 7, o Papa Francisco refletiu acerca de um trinômio que segundo o Pontífice, pode ajudar a sociedade a reverter as consequências da cultura do descarte vivida hoje: gratuidade, solidariedade e subsidiariedade.

“No âmbito social, isto supõe assumir que a gratuidade não é complementar, mas requisito necessário para a justiça. A gratuidade é requisito necessário para a justiça. O que somos e temos foi-nos confiado para o colocarmos ao serviço dos outros – de graça recebemos, gratuitamente devemos dar”.

Solidariedade

Da fraternidade vivida na família, nasce o segundo valor, a solidariedade na sociedade que, segundo o Papa, não consiste apenas em dar ao necessitado, mas em sermos responsáveis uns dos outros. Se virmos no outro um irmão, ninguém pode ficar excluído, ninguém pode ficar marginalizado.

“Hoje somos chamados a cuidar, de maneira especial, com solidariedade, este terceiro setor de exclusão da cultura de descarte. Primeiro são os jovens, porque, ou não os quer – em alguns países a taxa de natalidade é de zero por cento -, ou não se quer eles ou são mortos antes que nasçam. Depois, os idosos, que são abandonados ou são deixados de lado e se esquece que são a sabedoria e a memoria de seu povo. São descartados. Agora é a vez dos jovens. A quem resta um lugar? Aos servidores do egoísmo, do deus dinheiro, que está no centro de um sistema que nos esmaga a todos”.

Subsidiariedade

Por fim, o respeito pelo outro que se aprende na família traduz-se, na esfera social, em subsidiariedade.

“Assumir que a nossa opção não é necessariamente a única legítima é um sadio exercício de humildade. Ao reconhecer a parte boa que há nos outros, mesmo com as suas limitações, vemos a riqueza que encerra a diversidade e o valor da complementaridade”.

Também a Igreja – reiterou o Papa – quer colaborar na busca do bem comum, com as suas atividades sociais e educativas, promovendo os valores éticos e espirituais, sendo um sinal profético que leve um raio de luz e esperança a todos, especialmente aos mais necessitados. Neste ponto, Francisco questiona:

“Muitos me perguntarão: “Padre, por que falas tanto dos necessitados, das pessoas necessitadas, das pessoas excluídas, das pessoas à margem do caminho?“. Simplesmente porque esta realidade e a resposta a esta realidade está no coração do Evangelho. E precisamente porque a atitude que tomamos frente a esta realidade está inscrita no protocolo pelo qual seremos julgados, em Mateus 25”.

E o Papa então conclui seu pensamento sobre este trinômio cuja base poderia estar alicerçada na misericórdia.

“Que o Senhor conceda, à sociedade civil que representais, ser sempre esse campo propício onde se viva em casa, onde se vivam estes valores da gratuidade, da solidariedade e da subsidiariedade”.