‘Sinfonia dos Dois Mundos’ ecoa na Catedral da Sé

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Obra composta por Dom Hélder Câmara na década de 1960 foi apresentada pelo Coro Luther King, na tarde do domingo, dia 25
Publicado em: 29/06/2017 - 12:15
Créditos: Redação

A Catedral Metropolitana de São Paulo recebeu, no domingo, 25, o Coro Luther King, que apresentou a “Sinfonia dos Dois Mundos”, obra composta por Dom Hélder Câmara na década de 1960.

Não foi por acaso que, com o apoio da Rede Cultural Luther King e da Sabesp, a primeira audição paulista da obra foi realizada na Catedral da Sé.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o regente do Coro Luther King, Martinho Lutero, expressou a importância da “Sinfonia dos Dois Mundos”: “Apesar de escrito em 1962, o texto é atual, pois fala sobre as mazelas do homem. Começa reconhecendo que, no que se refere à nossa parte, não correspondemos muito bem ao nosso papel de cocriadores.” Além disso, o regente ressaltou que a obra é também importante por abordar temas delicados, como a desigualdade social.

Nesse sentido, a apresentação na Catedral foi simbólica, pois não se pode ignorar a pobreza e indignidade tão presente na região central da cidade, o que convida todos a pensar seriamente sobre a realidade e, não se restringindo a ideologias obtusas, buscar soluções verdadeiras, fraternas. E, como que paradoxalmente, tudo isso pode ser encontrado na Catedral, casa de encontro com Deus e, portanto, com o amor que deve informar as atitudes em favor do próximo.

O cura da Catedral, Padre Luiz Eduardo Baronto, também destacou a importância de a Catedral receber a “Sinfonia dos Dois Mundos”: “O tema da sinfonia não está dissociado de ideias que sempre estiveram presentes na Igreja, que cumpre sua função de preservar os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que vem ao nosso encontro de maneira especial em cada missa”. Em particular, o Cura pontuou que a obra dialoga com a Doutrina Social da Igreja, que busca pensar a realidade social a partir da boníssima vontade de Deus. Segundo Padre Baronto, propor mais solidariedade e justiça à sociedade é uma proposta evangélica. “À medida em que se propõe uma convivência humana mais justa e solidária, não se faz apenas uma proposta de mudança social, mas se faz uma proposta evangélica de relaciona- mento entre as pessoas que se consideram seguidoras de Jesus. É claro que a proposta de uma sociedade justa e solidária também está na agenda de governos e países. Porém, nem sempre se encontram caminhos que levam, de fato, a essa solidariedade e justiça”.

 

OBJETIVO DA SINFONIA DOS DOIS MUNDOS

Perguntado sobre o papel da apresentação e da música em geral, o regente opinou que a música não se propõe a solucionar os problemas sociais, mas sim a elevar os corações e sensibilizar o indivíduo. “Inizmente, não podemos resolver tais problemas com a música – e seria muito bom se pudéssemos. No entanto, podemos tocar os corações. Este é o objetivo: elevar as pessoas para que, saindo de si mesmas e percebendo os problemas sociais, possam colaborar e ajudar a resolver estes problemas”, disse Martinho Lutero.