Sínodo contará com testemunhos diários de casais

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<p>Entre as novidades, estará o testemunho de casais que abrirão os trabalhos cada dia.</p>
Publicado em: 03/10/2014 - 16:00
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

Liberdade de expressão e respeito por cada posição deverá caracterizar os trabalhos da Sala do Sínodo, afirmou na manhã desta sexta-feira, 3, o secretário geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, durante uma coletiva de imprensa realizada na Sala de Imprensa da Santa Sé. Entre as novidades, estará o testemunho de casais que abrirão o trabalhos cada dia, os trabalhos na Sala, e uma missa diária para a família, celebrada na Basílica romana de Santa Maria Maior.

A Assembléia Extraordinária do Sinodo – a terceira da história – será dedicada aos “desafios pastorais da família no contexto da evangelização” e apresentará algumas características peculiares. Antes de tudo, em relação aos tempos. É a primeira vez que um Sínodo de realizará em duas etapas. De fato, em 2014, será realizada somente a primeira parte de um percurso que se concluirá em 2015, com uma Assembleia geral Ordinária,  também dedicada à família.

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A metodologia de trabalho é outra novidade. No “Relatório antes das discussões” que será lido na Sala Sinodal na manhã de 6 de outubro pelo relator geral, Cardeal Peter Erdö, estarão presentes as contribuições dos padres sinodais que enviaram antecipadamente seus textos à Secretaria Geral do Sínodo.

Mas não somente, na primeira semana, o debate na Sala seguirá a ordem temática do “Documento de trabalho” preparatório. Por exemplo, em 8 e 9 de outubro, se concentrará nas situações pastorais difíceis e nos desafios que dizem respeito à abertura das famílias à vida.

O testemunho diário de casais terá duração de cerca 4 minutos. Entre eles, também a experiência de um matrimônio misto entre um muçulmano e uma católica. O ‘Relatório após a discussão’, um balanço parcial, está programado para a manhã de 13 de outubro. Após este, os trabalhos se desenvolverão a portas fechadas nos círculos menores, que elaborarão os documentos finais.

Dois documentos, em particular, são aguardados com expectativa: a publicação da mensagem conclusiva, no sábado 18 de outubro, e o novo “Relatório do Sínodo” que substitui as clássicas “Proposições finais”, apresentadas diretamente ao Papa, e que será tornado público posteriormente.

O documento, após, coadjuvado por um pequeno questionário, constituirá a base do “Documento de trabalho” do Sínodo de 2015. Um sinal – explica o Cardeal Baldisseri - da vontade do Papa de “consultar todo o povo de Deus”. Não obstante as inovações, permanece inalterado o horário das discussões cotidianas entre os Padres Sinodais, a ser realizado entre as 18 e as 19 horas. Tudo, naturalmente, em um clima de respeito entre os 253 representantes da Assembléia, como sublinhado pelo Cardeal Baldisseri:

“Ampla liberdade de expressão caracterizará a Sessão Sinodal, que certamente se desenvolverá em um clima de respeito por cada posição, de caridade mútua e com um autêntico sentido construtivo. (...) De fato, é importante expressar-se claramente e com coragem. No clima de um debate sereno e leal, os participantes serão chamados a não fazer prevalecer seus próprios pontos de vista como exclusivos, mas de procurar juntos a verdade”.

O Papa Francisco presidirá, quer a missa de abertura do Sínodo, no domingo, 5, às 10h, na Basílica de São Pedro, quer a celebração conclusiva, no dia 19, às 9h30, na Praça São Pedro, na qual será beatificado Paulo VI, o Pontífice que em 1965 instituiu a Assembléia Sinodal. O Papa Francisco guiará também, a cada dia, a oração inicial das Congregações. É esperado um pronunciamento do Pontífice no início e no final dos trabalhos.

Além disso, todos os fiéis são convidados a acompanhar os trabalhos sinodais com a oração cotidiana em todas as partes do mundo. Em Roma, diariamente às 18 horas, um padre sinodal presidirá uma missa pela família na Basílica de Santa Maria Maior. “Significativa será a presença das relíquias do casal de beatos Zélie e Louis Martin e da sua filha Santa Teresa do Menino Jesus, e do casal de Beatos Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi”.

Nova também a “máquina de informação” deste Sínodo, que terá um briefing diário sobre o andamento dos trabalhos, na Sala de Imprensa da Santa Sé, em diversas línguas, com a publicação da lista dos padres sinodais que se pronunciaram em cada dia e o início de um serviço Twitter com a hashtag #Synod14. Outra novidade é o canal acessível através do site da Sala de Imprensa que recolherá todas as contribuições relativas ao Sínodo: documentos oficiais, entrevistas áudio e vídeo com os Padres Sinodais, em diversas línguas. Será também publicado um boletim cotidiano com a síntese dos pronunciamentos da Sala Sinodal. “O resumo que será feito reporta exatamente aquilo que foi pronunciado. O esforço que nós devemos fazer é este: dar liberdade aos padres, para que possam expressar-se”.

Interpelado por jornalistas sobre a questão do Sacramento da Eucaristia aos divorciados recasados, o Cardeal Baldisseri sublinhou:

“Eu acredito que a liberdade que o Santo Padre tem dado sobre este tema, de poder discutir amplamente, é suficiente para poder dizer o que as pessoas esperam e também que aquilo que o Sínodo decide é mais urgente ver todo o conjunto de maneira global. O ‘Instrumentum Laboris’ trata de muitos temas: não devemos nem mesmo monopolizar o tema no campo ocidental. O destaque por parte da Igreja, é o de mostrar que o matrimônio é possível para toda a vida e que a família é constituída por um homem e uma mulher e filhos. Uma beleza que devemos bem apresentar ao mundo. E devemos levar em consideração todos estes problemas. A Igreja deve inclinar-se diante destas problemáticas, inclinar-se com misericórdia”.