O 2016 do Papa Francisco: a reforma real é o amor dos santos

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O ano que termina foi muito intenso para o Papa com as suas seis viagens internacionais e as três realizadas na Itália.
Publicado em: 30/12/2016 - 19:15
Créditos: Redação

O ano de 2016 está chegando ao fim. É tempo de balanço. O ano que termina foi muito intenso para o Papa com as suas seis viagens internacionais e as três realizadas na Itália, a publicação da Exortação Apostólica Amoris Laetitia sobre a família, o Jubileu da Misericórdia, com seus muitos eventos e, ainda os encontros, as audiências gerais, as Missas na Casa Santa Marta e as novas etapas da reforma da Cúria. Mas o traço comum também deste ano é a profunda renovação espiritual que o Papa Francisco está promovendo na Igreja para que os cristãos levem em todo o mundo a alegria do Evangelho.

 

O amor de Deus é o centro do Evangelho, não a lei

“No centro não está a lei”, mas “o amor de Deus, que sabe ler o coração de cada pessoa, para compreender o desejo mais escondido, e que deve ter a primazia sobre tudo”. São, talvez, essas as palavras mais significativas deste ano do Papa Francisco: estão contidas na Carta Apostólica “Misericordia et Misera” publicada na conclusão do Jubileu. “Este é o tempo da misericórdia”, reafirma. É o poder do Evangelho que nós sempre tentamos engaiolar nos padrões tranquilizadores, assim como fazem os escribas e fariseus que fazem perguntas capciosas a Jesus citando Moisés e a Lei, porque “sempre foi feito assim”: mas o amor do Senhor é mais forte. “O cristão - escreve o Papa - é chamado a viver a novidade do Evangelho” e “também nos casos mais complexos, onde se procura fazer prevalecer uma justiça que vem apenas das regras, se deve acreditar na força que brota da graça divina”:

“O que isso significa? Que muda a lei? Não! Que a lei está a serviço do homem que está a serviço de Deus, e por isso o homem deve ter um coração aberto. O “sempre foi feito assim” é coração fechado e Jesus nos disse: “Vou enviar o Espírito Santo e Ele os conduzirá à plena verdade”. Se você tem o coração fechado à novidade do Espírito, nunca vai chegar à plena verdade”.

Rigidez e soberba

Não é fácil caminhar na Lei do Senhor “sem cair na rigidez”, disse o Papa. “A Lei não é feita para nos tornar escravos, mas para nos tornar livres, para nos tornar filhos”. O risco dos rígidos é cair na soberba, e considerarem-se mais justos do que os outros:

“Vamos rezar por nossos irmãos e irmãs que acreditam que caminhar na Lei do Senhor é tornar-se rígido. Que o Senhor faça com quem eles sintam que Ele é Pai e que Ele ama a misericórdia, a ternura, a bondade, a mansidão, a humildade. E a todos nos ensine a caminhar na Lei do Senhor com estas atitudes”.

Abertos às surpresas do Espírito

Desde o início, o Espírito Santo impele a Igreja para a frente, em direção de novas estradas, das novidades de Deus. Cresce, de fato, a compreensão da fé, as verdades de sempre são cada vez mais entendidas na sua plenitude. A partir do primeiro Concílio da história, o de Jerusalém, onde os apóstolos decidiram juntos de não impor a Lei Mosaica aos gentios convertidos:

“Este é o caminho da Igreja até hoje. E quando o Espírito nos surpreende com algo que parece novo ou que “nunca se fez assim”, “se deve fazer assim”, pensem no Vaticano II, às resistências que teve o Concílio Vaticano II, e digo isto porque é mais perto de nós. Quantas resistências: "Oh, não ... '. Também hoje resistências que continuam, de uma forma ou de outra, e o Espírito que vai avante. E o caminho da Igreja é este: reunir-se, unir-se, ouvir, discutir, rezar e decidir. E isso é a chamada sinodalidade da Igreja, na qual se expressa a comunhão da Igreja. E quem faz a comunhão? E o Espírito! Outra vez o protagonista. O que o Senhor pede de nós? Docilidade ao Espírito. O que o Senhor pede de nós? Não ter medo, quando vemos que é o Espírito que nos chama”.

O diabo quer destruir a Igreja com as divisões

O Papa Francisco convida a trabalhar pela unidade da Igreja, a não dilacerar o Corpo de Cristo. É o diabo - disse - que procura destruir a Igreja através de divisões teológicas e ideológicas. A sua “é uma guerra suja” e “nós ingênuos nos submetemos”:

“As divisões na Igreja não deixam que o Reino de Deus cresça; não deixam que o Senhor se mostre bem, como Ele é. As divisões fazem com que se veja esta parte, esta outra, contra esta, contra contra ... Sempre contra! Não há o óleo da unidade, o bálsamo da unidade (...) eu lhe peço para fazer todo o possível para não destruir a Igreja com as divisões, sejam ideológicas, sejam de ganância e de ambição, sejam de ciúmes” .

A Igreja - disse o Papa Francisco - tem necessidade constante de renovar-se, porque é um corpo vivo. Mas os verdadeiros reformadores são os santos. (SP)