‘Peçamos o perdão por não valorizarmos esse presente de amor que Cristo nos deixou’

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A Eucaristia é o sacramento do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, memorial de sua Paixão, Morte e Ressurreição redentora
Publicado em: 28/06/2019 - 14:15
Créditos: Nayá Fernandes

“Não existe conversão e renovação missionária sem uma renovada valorização da Eucaristia na nossa Igreja. A Eucaristia é o sacramento do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, memorial de sua Paixão, Morte e Ressurreição redentora. A Igreja faz a Eucaristia, mas, ainda mais, é a Eucaristia que faz a Igreja, comunidade dos discípulos reunidos com Jesus Cristo, alimentada, confortada e conduzida por Ele e sempre de novo enviada em missão”, afirmou o Cardeal Scherer, durante a homilia da missa que presidiu por ocasião da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, na quinta-feira, 20, na Praça da Sé. Concelebraram o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo; os bispos auxiliares da Arquidiocese; Dom Mathias Tolentino, Abade do Mosteiro de São Bento; e centenas de sacerdotes entre diocesanos e religiosos. 

O sínodo e a valorização da Eucaristia

Dom Odilo Pedro Scherer recordou que a Arquidiocese está em sínodo e que a participação na Eucaristia é essencial para o fortalecimento na fé. 

“Há dois anos, convocamos o primeiro sínodo arquidiocesano de São Paulo e, agora, já estamos no meio do caminho sinodal. A realização de um sínodo é uma experiência eclesial de grande importância e significado, cujos frutos confiamos à ação do Espírito Santo. Nosso sínodo é um ‘caminho de comunhão, conversão e renovação missionária’ para toda a nossa Arquidiocese”, afirmou.

O Arcebispo exortou os fiéis acerca da participação na missa dominical, que é um preceito da Igreja e essencial para os fiéis católicos.

“A participação regular na Missa dominical é a melhor forma de iniciação à fé católica e à participação na vida da Igreja; ela oferece o alimento da fé, aprofunda a comunhão com Deus e com os irmãos, ajuda a sentir-se parte deste povo de Deus que crê, celebra, professa, espera e testemunha. Quem não participa regularmente da Missa dominical, por onde alimenta sua fé católica? Peçamos o perdão por não valorizarmos bastante esse presente de amor que Cristo nos deixou, para nos lembrarmos sempre Dele, como Ele nos recomendou: ‘Fazei isto em memória de mim’. E lhe agradeçamos por ter dado à sua Igreja este precioso dom”, continuou.

A participação na Missa dominical é um preceito da Igreja que não foi abolido e deve ser levado bem a sério pelo povo católico. A pesquisa de 2018, sobre a situação religiosa e pastoral da Igreja em São Paulo, mostrou que apenas cerca de 5% dos católicos frequentam regularmente a Missa dominical; outros cerca de 25% frequentam a Missa de vez em quando. E são cerca de 70% dos católicos paulistanos que não a frequentam nunca ou quase nunca.  (NF)

‘Vemos a grandeza da Igreja’

Centenas de fiéis de diferentes regiões de São Paulo lotaram a Praça da Sé para a celebração. Muitos voluntários participaram tanto da confecção do tapete de Corpus Christi quanto da missa. Diogo Fernandes Nunes, 18, e Julia Dias de Oliveira Neta, 28, chegaram por volta das 22h da quarta-feira, 19, para trabalhar na confecção do tapete. “Foi uma experiência muito bonita de fé e unidade”, disse Julia, que pela segunda vez dorme na Praça na véspera de Corpus Christi. 

Gabriel Augusto, 20, Fátima Gisele, 26, e Rafaela Moura, 21, são da Paróquia Santa Inês, na Região Episcopal Santana. Eles participam da Comunidade Católica Missão Eleitos e estavam na equipe de apoio da celebração, sobretudo para ajudar durante a procissão que seguiu, após a missa, da Praça da Sé até a Igreja de Santa Ifigênia. 

“É sempre uma experiência muito bonita participar destes grandes eventos da Arquidiocese, pois vemos a grandeza da Igreja”, disse Rafaela. 

Hugo Munhoz, Carmem Lúcia de Carvalho e Merquinha Conegundos integram um grupo que organiza a Romaria das Vans e Transportes Escolares à Basílica de Aparecida, em Aparecida (SP). Pela primeira vez, eles foram à celebração para ajudar na equipe de apoio. “Somos hoje, aqui, um grupo de 35 pessoas, mas ao todo são mais de 200 vans. Na quarta romaria, que será dia 20 de novembro, pretendemos reunir cerca de 18 mil vans para irmos juntos a Aparecida”, explicou Merquinha, coordenadora do grupo. (NF)

Pelas ruas da metrópole
Após a missa, os fiéis seguiram em procissão com o Santíssimo Sacramento até a matriz da Paróquia de Santa Ifigênia e, com cantos e orações, pediram pela cidade de São Paulo e pela Igreja Católica, sinal da presença de Deus na Metrópole. Quatro bênçãos aconteceram durante a caminhada: na Praça da Sé, em frente ao Pateo do Collegio, em frente ao Mosteiro de São Bento e em frente à Paróquia Santa Ifigênia. 

Alessandra Paiva Cerf e Fábio Cerf estavam caminhando com seus três filhos durante a procissão. Eles são membros da Comunidade Católica Shalom e todos os anos, sempre que possível, participam da Solenidade de Corpus Christi com toda a Arquidiocese. “É um sacrifício vir com as crianças, caminhar com elas pelo centro da cidade. Mas é muito importante, pois aqui vemos o quanto a Igreja é grande e como somos todos membros de um só corpo”, disse Alessandra.

Em frente ao Mosteiro de São Bento, Alma Kazuri viu a procissão passar. Seu filho, Apurinan Kazuri, 14, estava com um Terço nas mãos e parou para cantar e rezar com os fiéis. Mãe e filho vão todos os dias para o local vender artesanato indígena. Eles são da etnia xucuru do Ororubá. “Viemos para São Paulo há seis meses e estou vendendo artesanato para sobreviver e também tentar lançar um livro sobre meu povo”, disse Alma Kazuri. 

Católica, a indígena ressaltou o fato de os católicos mostrarem a fé para fora dos muros da Igreja: “Muitas pessoas não entram mais nas igrejas. Por isso, a procissão, a manifestação da fé na rua, é muito importante”. (NF)

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Luciney Martins / O SÃO PAULO