'As portas ficaram abertas como sempre foi o coração de Dom Paulo’

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Durante a madrugada de sexta-feira, 16, as pessoas continuaram a visitar o corpo de Dom Paulo, que será sepultado na cripta da Catedral às 15h
Publicado em: 16/12/2016 - 09:00
Créditos: Nayá Fernandes

“Passando a noite aqui no velório, deu para perceber que os rostos eram de pessoas de ‘todo canto’, inclusive em situação de rua. As portas ficaram abertas como sempre foi o coração de Dom Paulo. As pessoas lamentavam, algumas até alcoolizadas, mas querendo chegar perto do Dom. Isso é o que foi a vida dele, realmente. Inclusive aqueles que presidiram as celebrações a cada duas horas deram testemunhos bastante tocantes e reflexões sobre a morte, que faz parte da vida”, disse em entrevista Maria Cecilia Domezi, que trabalhou por mais de 30 anos na pastoral da periferia da zona leste de São Paulo quando Dom Paulo era Arcebispo.

Maria Cecilia é professora de História da Igreja e autora do livro “Do corpo cintilante, ao corpo torturado – uma Igreja em Operação Periferia” e estava muito feliz, pois teve a honra de contar com a presença do Cardeal Arns no lançamento da obra.

“A vida de Dom Paulo foi um projeto, um carisma, a concretização do sonho do Papa João XXIII e do Concílio Ecumênico Vaticano II. Vejo em Dom Paulo o avesso da Guerra Fria, ou seja, a valorização do potencial do pequeno, daquele considerado insignificante, a força das periferias e dos pequenos grupos organizados e atuantes. Esse é um momento para retomar a fé e a esperança nessa situação difícil que vive o Brasil”, afirmou ela.

Às 6h da manhã, a missa de corpo presente foi presidida pelo padre Pedro Rubens Cabral, coordenador da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). Na homilia, ele destacou que “uma sociedade mais fraterna é o verdadeiro sentido da fé e fundamento da vida” e agradeceu aos religiosos pelo trabalho social que realizam em diferentes contextos. “Quero agradecer aos religiosos e religiosas, que durante todo o tempo oferecem ao Pai muito frutos e sonhos dos personagens de todas as classes sociais. Gente que acredita em Dom Paulo e no comprometimento da Igreja com os mais pobres.”

Padre Francisco Martins, que concelebrou a missa, foi ordenado por Dom Paulo e convidado por ele para ser o primeiro coordenador da Casa São Paulo, uma residência de acolhida para idosos na Arquidiocese de São Paulo. “Lembro-me até hoje das palavras de Dom Paulo na minha ordenação e da força que ele me deu”, disse o Padre Francisco.


(Redação e edição: Nayá Fernandes/Colaborou Vitor Loscalzo)