"Fé e Política parte da proposta de Jesus, vida plena. Vida em abundância parte por política pública que concretiza as necessidades da vida do povo. A partir da premissa evangélica de vida com dignidade é que a relação fé e política se estabelece", afirma Márcia de Castro, coordenadora da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi, que faz parte do Fórum das Pastorais Sociais da Região Belém, que organiza as Semanas de Fé e Política.

A  XVIII Semana de Fé e Política da Região Belém aconteceu entre 31 de julho e 02 de agosto no salão dom Décio Pereira, no Centro Pastoral São José, e reuniu quase 300 pessoas. Educadores da Pastoral do Menor e integrantes e militantes do Movimento Sem Terra Leste 1 (movimento de moradia) participaram em peso.

Na abertura, o bispo auxiliar para Região Belém, dom Luiz Carlos Dias, falou da importância do evento, sobretudo num momento em que foi “desmontado” os “direitos trabalhistas” e a “previdência”. Lembrou o testemunho de dom Luciano Mendes de Almeida e de Waldemar Rossi, como pessoas que souberam viver a “relação fé e política”, principalmente por que “não se deixaram corromper”.

“A luta é grande, temos um grande caminho a percorrer”, colocou o bispo, que completou “me coloco, de fato, à serviço e à disposição de todos”. E finalizou dizendo que as discussões que a semana  proporciona é "em vista de maior dignidade do nosso povo da região Leste".

As Comunidades Eclesiais de Base (CEB's), Conselho de Leigos, Pastoral Operária, Pastoral da Juventude, Movimento de Integração campo e Cidade, Pastoral da Ecologia, Pastoral da Pessoa Idosa, entre outras pastorais, associações e apostolados leigos estiveram representados na atividade que contou com a participação de religiosas.

No dia de abertura da semana, o economista e ex-vereador, Odilon Guedes apresentou uma análise de conjuntura apontando os fatores que geraram a crise econômica.  "A Igreja tem um papel muito importante no debate de justiça social", manifestou Odilon, que colabora com a Escola Waldemar Rossi.

    A mística do primeiro dia ficou a cargo da Pastoral do Menor, que recordou os 40 anos da pastoral que nasceu na Região Belém com o trabalho de dom Luciano Mendes de Almeida e as comunidades de base.

Os três t's do Papa Francisco, apresentados no encontro com os movimentos populares na Bolívia, foi o tema da segunda noite de discussões. Teto, Terra e Trabalho foram discutidos por três lideranças.

Edilson Mineiro, do movimento de moradia, discutiu sobre  “teto” e afirmou que o que unia todos os presentes era a “luta anticapitalista”, lutamos “por um sistema que não tenha explorados e nem exploradores”. Mineiro recordou os 30 anos do Movimento Sem Terra Leste 1 que completa 30 anos de luta por moradia. Assumir novas bandeiras e “celebrar nossas conquistas” se faz cada vez mais necessário, segundo o advogado e militante.

Para falar sobre “terra”, Raimundo Silva, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), lembrou que “a luta por terra no Brasil tem 500 anos” e citou os ideais de “fraternidade da criação” de São Francisco de Assis. Manifestando-se contrária a Reforma Trabalhista, a Terceirização e a Reforma da Previdência, como também fez a CNBB, Nádia Gebara, da Intersindical, apresentou a atual conjuntura do trabalho e dos trabalhadores no Brasil.

No último dia, o engenheiro sanitarista Carlos Campos e César Pegoraro da SOS Mata Atlântica falaram sobre a recuperação ambiental dos córregos, ação assumida pelo Região, como ato concreto da Campanha da Fraternidade 2017.  Dom Luiz Carlos Dias também falou na noite, referendando o compromisso assumido pela Região e motivando o compromisso das paróquias na ação.

“Com o poder público, enquanto pedido e convocação da responsabilidade do saneamento, e com a população e a comunidade no sentido da educação política, da formação de grupos, da conscientização e da motivação de que a comunidade presente a política se efetiva”, esclarece Márcia, sobre como será o trabalho com o compromisso assumido.