A felicidade está no último lugar - Cônego Celso Pedro

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28/08/2016 - 00:15

22º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Jesus aceita convites, vai à casa de todo mundo, foi até participar de uma refeição festiva na casa de um dos chefes dos fariseus. Os fariseus o observavam, e Jesus os observava. A observação era recíproca. Da parte de Jesus, ele vê o que é comum entre os seres humanos: a busca do primeiro lugar. Os convidados iam chegando e procurando o primeiro lugar. Supomos que a mesa tivesse uma cabeceira na qual se sentava o dono da casa e os primeiros lugares seriam os mais próximos da cabeceira. Jesus então aproveita a ocasião para um dos seus ensinamentos. Ele ensina o valor do último lugar. Inicialmente a lição é estratégica. Não ocupe logo o primeiro lugar porque pode chegar algum convidado mais importante do que você e você tenha que ceder-lhe o seu lugar. Pode então acontecer que você tenha que se sentar no último lugar por não haver outro disponível. Ocupe logo um lugar mais abaixo para poder ser chamado a um lugar mais acima. Em vez de passar por um vexame, você será honrado pelo dono da casa.

Estaria Jesus ensinando apenas uma estratégia humana? Estaria ele dando aula de etiqueta e boas maneiras a convidados de uma festa? Sim e não. Sim, porque é bom não cair no ridículo. Não, porque o ensinamento de Jesus vai mais adiante. “Quem se eleva será humilhado, quem se humilha será elevado”, acrescenta ele. E ainda, tenha atitudes gratuitas que mostram o valor da sua personalidade. Não seja interesseiro, o que tira o brilho da sua auréola, e dos seus títulos! Coloque-se junto dos pobres, aleijados, coxos e cegos. Faça festa com eles. A festa será gratuita porque eles não têm com que retribuir. Então você será feliz e descobrirá que o lugar mais importante é aquele no qual você se senta. Você descobrirá que ser feliz não depende de títulos, aparências, vestimentas, lugares ou proximidades, A felicidade está no último lugar porque este é o lugar de Jesus. Falando de proximidade, a Carta aos Hebreus diz que nós nos aproximamos não de uma realidade exuberante e sim de Jesus, mediador da nova aliança.

Na sabedoria do Eclesiástico encontramos orientações práticas: trabalhar com mansidão para ser apreciado, o humilde alcança graça diante de Deus e a ele Deus revela seus mistérios. Não há remédio para o mal do orgulhoso. Quem é inteligente reflete sobre as palavras do sábio e deseja a sabedoria. O sábio é Jesus e o inteligente somos nós. Olhamos para ele, e com ele buscamos o último lugar por ser o lugar dos últimos com os quais se identifica o Senhor, cujo poder é grande e é glorificado pelos humildes.