COMO SEGUIR JESUS - RAUL AMORIM

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11/08/2017 - 08:00

Mt.16,24-28

As primeiras comunidades não tiveram uma vida fácil. No ano 64, o imperador Nero tinha decretado uma grande perseguição, matando muitos cristãos. No ano 70, na Palestina, Jerusalém estava sendo destruída pelos romanos. A dificuldade maior era a cruz de Jesus. Muitos achavam que um crucificado não podia ser o Messias tão esperado pelo povo, pois a lei afirmava que todo crucificado devia ser considerado como um maldito de Deus. (Dt. 21,22-23)

Mt.16,24: Então Jesus disse a seus discípulos: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

É bom lembrar que naquele tempo, a cruz era a pena de morte que o império romano impunha aos condenados. Tomar a cruz e carregá-la atrás de Jesus era o mesmo que aceitar ser marginalizado, perseguido pelo sistema injusto que impunha o povo uma vida de sofrimento.

A Cruz não é fatalismo nem exigência do Pai. A cruz é a consequência do compromisso livremente assumido por Jesus de revelar a Boa Nova de que Deus é Pai e que, portanto todas e todos devem ser aceitos e tratados como irmãs e irmãos. Foi por causa deste anúncio Jesus foi perseguido e não teve medo de dar a sua vida.

Renegar a si mesmo é ser capaz de abrir mão de suas aspirações pessoais, mesmo as mais legítimas, em função do testemunho do projeto de Jesus que exige em primeiro lugar, o bem comum.

Mt. 16,25-26: “Pois que quiser salvar a própria vida, a perderá; mas quem perder a própria  vida, por causa de mim, a encontrará. De fato, de que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, se destrói a própria vida? Ou o que alguém dará em troca de sua própria vida”?

A compreensão plena do seguimento de Jesus não se obtém pela instrução teórica, mas sim pelo compromisso prático, caminhando com no caminho do serviço. Quem insiste em manter a ideia de Pedro, isto é, do Messias glorioso sem cruz, nada vai entender e nunca chegará a tomar atitude do verdadeiro discípulo. Jesus não esconde as exigências do discipulado.

Certamente Jesus não está incentivando uma prática de fé alienante e que despreza as coisas deste mundo. Também não é um incentivo para que a pessoa busque o sofrimento porque assim estaríamos sugerindo que Deus é masoquista. O sofrimento é consequência do amor. Um pai e uma mãe sofrem quando seu filho ou sua filha está doente... Pensa até em trocar de lugar... Assim Jesus agiu para nos dar a Salvação. O Amor falou mais alto que o sofrimento.

 Mt. 16,27: “Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com seus anjos. E então dará a cada um de acordo com seu comportamento”.

Este versículo se refere à esperança do povo com relação à vinda do Filho do Homem no fim dos tempos como juiz da humanidade, como é apresentado na visão do profeta Daniel: “Em visões noturnas, tive esta visão: Entre as nuvens do céu vinha alguém como um filho de homem...” (Dn. 7,13-14)

Mt.16,28: “Eu lhes garanto: Dentre os que aqui se encontram, alguns não provarão a morte, sem antes verem o Filho do Homem vindo em seu Reino”.

Esta frase é um aviso para ajudar a perceber que Jesus como Juiz nos fatos da vida. Alguns achavam que Jesus viria logo como podemos observar nas orientações que Paulo faz aos Tessalonicenses (Ver 1Ts.4, 15-18)  Jesus, de fato, veio e está presente nas pessoas, sobretudo nos pobres. Ele mesmo diz: “Aquela vez que você ajudou o pobre, o doente, o sem casa, o preso, o peregrino, era eu!” (Mt. 25,34-35)

Quero terminar a meditação lembrando Santa Clara: A tradição nos diz que antes de morrer Clara rezou assim: “Vai em paz minha alma, pois você tem um guia seguro que lhe mostrará o caminho, Aquele que lhe criou, santificou, amou e não cessou de vigiá-la com a ternura de uma mãe que zela pelo filho único de seu amor. Dou graças e bendigo ao Senhor porque Ele criou a minha vida” Assim rezando partiu para o Pai.

 

P/ CEBI (Centro Estudos Bíblicos)>Raul de Amorim Pires. E-mail: raul4ap@gmail.com