ENFRENTAR ATÉ O FIM O PODER DO MAL - Raul Amorim

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20/10/2017 - 08:00

  Lc. 11,15-26

O Evangelho de hoje conta a polêmica que a cura do cego-mudo gerou. No tempo de Jesus e da comunidade de Mateus, os exorcistas judeus eram famosos e muito procurados. Qualquer tipo de mal, físico, psíquico ou espiritual, era atribuído aos demônios.

Lc. 15-16: Mas alguns deles disseram: “É por Belzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. Outros, para pôr Jesus à prova, lhe pediam algum sinal do céu.

 A força e o poder Divino se manifesta plenamente em Jesus encarnado em nossa natureza humana. Suas ações a favor do bem são muito claras. Apesar disso os escribas o caluniam. Dizem que ele está possesso e que expulsa os demônios com a ajuda de Belzebu, o príncipe dos demônios.

Chefe dos demônios, para os judeus, queria dizer que era a divindade estrangeira mais odiada e temida da época de Jesus. Eles queriam exercer o controle. Eles achavam que o ensino de Jesus era contra a doutrina deles.  Belzebu, em grego (Baal-Zebul, o “senhor das moscas”).

Os cananeus depositavam oferendas perecíveis, com o tempo, elas apodreciam nos altares nos quais eram colocados, por isso os judeus começaram a zombar dessa divindade estrangeira, dando-lhe o nome de “senhor das moscas”. Para aqueles que acusavam Jesus, os sinais do Mestre eram realizados pelo poder de más divindades.

Lc.11, 17-19: Jesus mostra a incoerência dos questionadores.

Jesus usa dois argumentos para rebater a acusação de estar expulsando demônio em nome de Belzebu. Se o demônio expulsa o próprio demônio, significa que ele se divide em si mesmo e não vai sobreviver. O reino dele estaria dividido!

Em segundo lugar Jesus lhes devolve o argumento: “Mas se é por Belzebu que eu expulso os demônios, por quem então os filhos de vocês os expulsam”?  Com outras palavras, eles também estariam fazendo as expulsões em nome de Belzebu já que havia naquele tempo muitos exorcistas.

Bem e Mal não se misturam e nem podem ser confundidos. O que vemos no mundo é o mal maquiado de Bem, sistemas diabólicos querendo se apresentar como coisa do bem. O nosso país está contaminado por essa mistura!

Lc.11,20-23: Jesus é o homem mais forte que chegou, sinal da chegada do Reino.

Jesus reverte o quadro e vai acusar seus opositores de estarem sendo dominados pelo mal, ao se colocarem contra o Reino: “Quando um homem forte e bem armado guarda sua residência, seus bens estão seguros”. Jesus está dando uma “cutucada” na Instituição Judaica que é a defensora e guardiã da tradição.

Entretanto, no coração dos dirigentes religiosos, o Mal se instalou corrompendo corações e pensamentos, transformando suas ações em maldade. Eles se esqueceram que é preciso enfrentar até o fim o poder maléfico, destruidor da vida e da liberdade.

Um sistema religioso que não esteja comprometido com o Reino de Deus manifestado e instalado por Jesus, praticando os valores do evangelho, poderá sucumbir diante das forças do mal, cometendo atrocidades disfarçadas do Bem, gerando divisões.

Lc.11,24-26: A segunda queda é pior que  a primeira...

Jesus continua discutindo com seus adversários. Incapazes de perceber a ação de Deus no bem e na vida proporcionada aos pobres tornam-se mais duros e insensíveis. Com isso rejeitam o Reino que Jesus vem anunciando e realizando.

Na época de Lucas nos anos 80, diante das perseguições, muitos cristãos voltaram atrás e abandonaram as comunidades. Voltaram à maneira de viver de antes. Para advertência a eles e a todos nós, Lucas guardou estas palavras de Jesus sobre a segunda queda que é pior do que a primeira.

P/ CEBI (Centro Estudos Bíblicos)> Raul de Amorim Pires> raul4@gmail.com