“Entre nós está e não o (re)conhecemos” - Pe. Reuberson

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16/11/2017 - 08:00

QUINTA FEIRA DA 32ª SEMANA DO TEMPO COMUM

Leituras: Sb 7, 22-8,1 Sl:118; Evangelho: Lc 17,20-25

 A espiritualidade que fecunda o tempo comum, que agora celebramos, é um apelo a ordenar a vida em vista da vontade do Senhor. Trata-se do desejo de santificar-se pessoalmente e de transformar o mundo lançando sementes para o Reino definitivo de Deus, já aqui na terra. Este tempo litúrgico nos desafia, portanto, a espalhar sementes do reino dos céus entre os homens.

Nesse espírito, a liturgia desta quinta feira da trigésima segunda semana do tempo comum aponta que, mesmo na fragilidade e pequenez de nossas vidas, somos convidados a lançar as sementes do reino de Deus entre a humanidade preparando-nos para a volta do seu filho.

A primeira leitura desta liturgia é extraída do livro da Sabedoria. Trata-se de uma descrição em tons vividos e em cores fortes da sabedoria (v.22-24). Ela emana de Deus (v.25), forma os amigos do Senhor (v.27) e rege o mundo(8,1). Entende-se, por esta descrição que a sabedoria não é Deus, mas uma emanação de sua glória(v.25) que vence o mal, move o coração dos homens para o Senhor e ordena, de maneira suave, o mundo para o seu destino final que, a nosso juízo, é reino do Senhor.

O evangelho, por seu turno, apresenta-nos Jesus em meio aos fariseus, no caminho para Jerusalém. Outra vez, impõe-se a pergunta sobre o dia e a hora em que o reinado de Deus se instalará(v.8). Cristo ciente de que esse reino se estabelece com Ele, muda o acento da pergunta dos fariseus de uma perspectiva futura, para o momento presente: O reino está entre nós e não o conhecemos! O reino do Senhor, portanto, já se iniciou. Ele não se apresenta de maneira ostensiva ou geograficamente localizada, antes é presença entre homens e mulheres de boa vontade que agem segundo a sabedoria e a vontade divina. Se não nos dermos conta desse início imediato que se apresenta com sinais palpáveis, nunca estaremos preparados para vinda definitiva do Filho do Homem.

Nesse sentido, o conjunto desta liturgia orienta-nos a divisarmos o reino de Deus. Trata-se da verdade mais profunda e inabalável da qual ocupou-se  Jesus  em todo seu  ministério. Por sinais, milagres, palavras e gestos, Ele revelou que esse reino já se iniciou. À humanidade, mormente aos cristãos, cabe fazer germinar essas sementes do Reino em preparação à vinda definitiva do filho do homem.

 

Pe. Reuberson Ferreira, mSC - Mestrando em Teologia na PUC-SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.