“ Fidelidade ao Senhor, fidelidade do Senhor” - Pe. Reuberson Ferreira, mSC

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08/06/2017 - 18:15

QUINTA FEIRA DA 9ª SEMANA DO TEMPO COMUM

​08 de junho

Leituras: Tb 6, 10-11; 7, 1.9-7; 18 8,4-9 Sl:138; Evangelho: Mc 12, 24-34

 

 O tempo pascal findou-se. Abre-se para nós um novo tempo litúrgico, o tempo comum. Ele, não sem razão, poderia chamar-se tempo do Espírito, pois o espírito de Deus que habita em muitos corações, exorta-nos à santificar as coisas comuns da vida, as coisas ordinárias. Assim, retornamos ao tempo comum, desafiados pelo espírito à viver de forma reta e plena uma santidade cotidiana, comum.

 No espírito deste tempo litúrgico, as leituras desta quinta feira da nona semana do tempo comum, apontam a necessidade de conduzirmos nossa vida sob a divisa dos ensinamentos do Senhor, mesmo em face as dificuldades ou insucessos. Desafiam-nos  a viver essa fidelidade na busca constante de amar a Deus e comprometer-se com o irmão. Tal sabedoria nos aproximará do Reino dos Céus (Mc 12,34).

A primeira leitura, extraída do livro de Tobias, conta-nos parte da história de um homem, cujo nome é título ao livro, que busca a cura para seu pai ao lado de um anjo, Rafael (Deus Cura). A lógica do livro é apresentar que a fidelidade a Deus, mesmo em meio às vicissitudes e dúvidas da vida, é sempre correspondida pelo próprio Deus. No texto de hoje, Tobias chega à cidade de Ecbátana. Nela hospeda-se na casa de seu parente, Raquel. Após ser acolhido e festejado, Tobias pede em casamento a filha desse homem, Sara. Ela, gozava de um histórico trágico, havia se casado sete vezes e, em todas as vezes, na noite de núpcias, seus maridos haviam morrido. Não obstante esse fato, em fidelidade a Deus e Lei do Senhor, Tobias casa-se com a jovem judia. Diferente dos anteriores casamentos, nem um mal acontece a Tobias, por sua confiança na lei do Senhor. Sara, desse modo, é curada do mal que lhe atormentava - não se casar. A sequência do texto, que não aparece na liturgia de hoje, apresenta a cura do Pai de Tobias, Tobit, quando seu filho retorna. Ele que havia ficado cego, após enterrar um difundo quando  fezes de aves caíram sobre seus olhos. Largos traços, o texto quer ensinar que a prática insistente do bem, mesmo que não apresente resultados imediatos, sempre aporta graças na vida dos que são fieis ao Senhor. Elas nem sempre são estrondosas, mas sim doces, sutis e reconfortantes. As vezes ela é recobrar da vista, outras é florescer de um amor.

O Salmo e o Evangelho retomam a reflexão sobre a fidelidade ao Senhor. O salmista proclama exorta e ensina a necessidade de temer (respeitar) à Deus como condição de felicidade. O Evangelista marcos, por sua vez, em seu texto, apresenta uma conversa entre o Senhor e o mestre da Lei. No centro da reflexão, a discussão sobre o maior mandamento. Cristo, combinando Dt 6, 5 e Lv 19, 18, afirma ao escriba que o maior dos mandamentos é amar a Deus e ao próximo como a si mesmo (v.32). À resposta de Jesus, o mestre da lei reconhece a grandeza da mensagem de Cristo e afirma que mais agradável ao Senhor do que qualquer sacrifício ou holocausto, o amor a ele devotado e o serviço ao próximo (v.33). A convicção de que servir ao irmão é um corolário que deriva do amor a Deus, torna-se condição sine qua non para aproximar-se do Reino de Deus.

Largos traços, a liturgia de hoje, insiste na fidelidade ao Senhor. Ela deve ser perene, continua e duradora. Nenhum aparente fracasso pode fazer com que desistamos dos preceitos por ele ensinados, dos mandamentos por ele promulgados. Deus por sua parte, em resposta à nossa fidelidade sempre age em nosso favor através de pequenos, mas infinitamente necessários, sinais de sua graça.

 

Pe. Reuberson Ferreira, mSC - Mestrando em Teologia na PUC-SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.