O Divórcio - Raul de Amorim

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24/02/2017 - 00:15

Mc. 10,1-12

Jesus continua dando conselhos sobre o relacionamento. Ontem falava sobre a atitude dos adultos com os pequenos e excluídos. Naquele tempo, muita gente era excluída e marginalizada. Eram abandonados e esquecidos. Muitos perdiam a fé. Na vivência entre homem e mulher havia muito machismo. Parece que as coisas não mudaram...

Mc. 10,1-2: A pergunta dos fariseus: “O marido pode mandar a mulher embora?”

Começa a grande viagem pascal. Nela, Jesus vai educar de modo mais profundo os discípulos e clarear melhor as exigências do Reino. A pergunta elaborada pelos fariseus é maliciosa. Ela pretende colocar Jesus contra “a parede”. Pelo teor da pergunta percebe-se que Jesus tinha uma opinião diferente, pois do contrário os fariseus não iriam interrogá-lo sobre o assunto.

Eles não perguntam se é lícito a esposa repudiar o marido. Isto nem passava pela cabeça deles. Sinal muito claro da dominação masculina e da marginalização da mulher.

Mc. 10,3-9: A resposta de Jesus: O homem não pode repudiar a sua mulher...

Em vez de responder direto, Jesus pergunta: “O que diz a Lei de Moisés?” No livro do Deuteronômio está escrito: “Se um homem tomar uma mulher e exercer nela os seus direitos de senhor, mas ela cair em desgraça aos olhos dele por ter visto nela algo de inconveniente, então ele escreverá um documento de divórcio e o colocará nas mãos dela expulsando-a de casa.” (Dt. 24,1)

Jesus explica que Moisés agiu assim por causa da dureza de coração do povo, mas a intenção do Criador era outra quando criou o ser humano. Jesus volta ao projeto do Pai: “Por isso, o homem deixar pai e mãe, para unir-se à sua mulher e se tornarem uma só carne”. (Gn.2,24) Isso  nega ao homem o direito de repudiar sua mulher. Tira o privilégio do homem frente à mulher e pede o máximo e igualdade.

Mc. 10,10-12: Igualdade de homem e mulher...

Em casa, os discípulos fazem perguntas sobre o assunto. Jesus tira as conclusões e reafirma a igualdade de direitos e deveres entre o homem e a mulher. Ele propõe um novo tipo de relacionamento entre os dois. Não concorda com o casamento em que o homem possa mandar na mulher, nem vice-versa.

No evangelho de Mateus (Mt.19,10-12) é acrescentada mais uma pergunta dos discípulos sobre esse assunto: “Se é assim a condição do homem em relação a mulher, então não vale a pena casar”.  Preferem não casar do que casar sem o privilégio de poder continuar mandando na mulher. Jesus vai até o fundo da questão.

Não casar só porque se recusa a perder o domínio sobre a mulher, isto a Nova Lei do Amor já não permite! Tanto o casamento como o celibato, ambos devem estar a serviço do Reino e não a serviço de interesses egoístas. São dons divinos tanto a vida matrimonial como o celibato livremente assumido em favor do Reino.

Indo contra os direitos exclusivistas que a sociedade da época dava aos homens em relação às mulheres, Jesus faz memória das Escrituras (Gn. 2,24) e afirma a igualdade de ambos nos direitos e deveres, e principalmente os esforços de ambos para criar uma comunidade de vida e amor na família.