O JEJUM - Raul Amorim

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16/02/2018 - 08:00

Mt. 9,14-15

Estamos na Quaresma.  A prática do jejum deve ser encarada como caminho para vivenciar de forma mais autêntica a vida espiritual, para sermos mais “filhas e filhos” diante de Deus e mais irmãs e irmãos entre nós...

Mt. 9,14: Então os discípulos de João se aproximaram de Jesus dizendo: “Porque nós e os fariseus jejuamos tanto, e os teus discípulos não jejuam? ”

Não nos resta dúvida que os discípulos de João Batista e os fariseus estavam incomodados com o comportamento dos seguidores de Jesus, na questão da prática do jejum. Jesus era tido como um comilão e beberrão. Era visto, muitas vezes, sentado à mesa dos pecadores. (cf.Mt.11,19)

Eles supervalorizavam essa prática porque pensavam que estavam dando testemunho de santidade. Os evangelistas nunca mencionam que os apóstolos e discípulos de Jesus tenham jejuado. Por esse motivo temos esse questionamento.

O jejum é um costume muito antigo. Está presente em quase todas as religiões. Jesus não desaprova o jejum mas sugere um entendimento melhor. É bom lembrar que o próprio Jesus realizou essa prática durante quarenta dias (Mt.4,2)

Mt.9,15: Jesus lhes disse: “Por acaso os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado deles. Então sim farão jejum”.

Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos, isto é, durante a festa de casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Os discípulos são os amigos do noivo. Não é possível assumir atitudes penitenciais durante os momentos de festa.

Os discípulos de João e os fariseus estavam ainda fechados na velha mentalidade, como que centrados na penitência, e não descobrem que com a presença de Jesus no meio deles “a festa” já havia começado.

Chegará o dia em que o noivo será tirado. Aí, se eles quiserem, poderão jejuar. Neste sentido Jesus parece estar se referindo à sua morte. Sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades vão matá-lo.

O sentido do jejum de que fala o texto é, acima de tudo, uma renúncia aos velhos conceitos, às velhas estruturas sociais, às velhas mentalidades de vida que impedem a libertação daquilo que não nos faz ver a presença de Deus.

Também é verdade que durante a caminhada por causa de nossas fraquezas e limitações sentimos desânimo e perdemos o sentido da vida dando a impressão de que “o noivo nos foi tirado”. Para isso a Igreja durante a quaresma nos propõe o jejum, a esmola e a oração como ações que nos preparam para o encontro com o Senhor.

O objetivo da prática do jejum deste ano é: “Construir fraternidade, promovendo cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”.

P/ CEBI (Centro Estudos Bíblicos) > Raul de Amorim Pires> raul4ap@gmail.com