O PÃO DA VIDA - Raul Amorim

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20/04/2018 - 09:00

Jo.6,52-59

 

Depois da multiplicação dos pães, o povo foi atrás de Jesus. Tinha visto o sinal, comeu com fartura e queria mais! Não se preocupou em procurar entender o apelo que havia naquele gesto. No discurso conhecido como Discurso do Pão da Vida feito na sinagoga de Cafarnaum Jesus procura abrir os olhos do povo para descobrir o verdadeiro sentido dos sinais. O Texto de hoje faz parte desse discurso.

Jo.6,52-53: Os judeus começaram a discutir entre si: “Como pode ele dar-nos a sua carne para comer? ” Jesus lhes disse: “Eu lhes garanto: Se vocês não comem a carne do Filho do Homem e não bebem o seu sangue, não tem a vida em vocês”.

É um diálogo exigente e desafiador: “Como esse homem pode dar-nos a sua carne para comer? O povo fica chocado com as palavras de Jesus. O sinal dos pães e peixes vai alcançando sentido mais profundo e desafiador: o próprio Jesus se apresenta a si mesmo como alimento Eles não entenderam as palavras de Jesus porque tomaram tudo ao pé da letra.

Os judeus não conseguiam entender e até estranharam este ensinamento porque consumir sangue era severamente proibido na Escritura (Dt.12,16.23). Eles não conseguiam transpor o nível puramente racional e penetrar no sentido das palavras de Jesus.

Jo.6,54-55: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida”.

“Comer a carne de Jesus e beber o seu sangue” significa acolher na fé a existência humana e terrena de Jesus. Foi o compromisso com a vida concreta das pessoas que levou Jesus a esse dom radical: a oferta de sua carne e seu sangue.

Comer o Corpo do Senhor, e beber do seu sangue, são expressões fortes para dizer que, aquele que acredita em Jesus deve estar com ele em intima comunhão a ponto de se transformar em outro Cristo...

Jo.6,56-57: “ Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu permaneço nele. E como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim aquele que se alimentar de mim viverá por causa de mim. “

Assim como o alimento e a bebida, ao serem consumidos, passam a fazer parte do corpo físico de quem os consumiu, o mesmo deve acontecer com quem assume o projeto de Jesus. Toda a sua existência fica como que um reflexo do Senhor, com o qual entrou em comunhão.

Jo.6,58-59: “Este é o pão que desceu do céu. Não é como o pão que os antepassados comeram e depois morreram. Quem come este pão viverá para sempre”. Jesus disse essas coisas quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum.

O que traz vida plena não é celebrar o maná do passado, mas sim comer este novo pão que é Jesus, a sua carne e o seu sangue.

A eucaristia é o sacramento (sinal) que manifesta eficazmente na comunidade este compromisso com a encarnação, morte e ressurreição de Jesus. Fortificada pela Palavra de Deus feita carne, a comunidade pode comprometer-se com a vida que Ele veio trazer ao mundo.

Ainda temos dificuldades de entender o verdadeiro sentido da eucaristia. Ficamos somente no âmbito pessoal. Por isso, quando o evangelho começa a exigir compromisso, muita gente desiste a exemplo de seus seguidores: “Essas palavras são duras demais. Quem pode continuar ouvindo isso”? (Jo.6,60)

P/CEBI (Centro Estudos Bíblicos) Raul de Amorim Pires> raul4ap@gmail.com