O que importa é amar gratuita e desinteressadamente - Diácono Mario Braggio

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24/11/2015 - 00:15

Lc 21,5-11

Jesus e seus discípulos encontram-se em Jerusalém – centro político, econômico e religioso – lugar onde o povo é oprimido e explorado.

A capital impressiona os que vêm das periferias longínquas e dos interiores. Dentre todas as construções, o templo é a que chama mais atenção pela imponência, elementos decorativos, vaivém de pessoas e de ofertas para o pagamento de promessas. Há quem fique admirado com tudo isso e comente a respeito; Jesus, porém, não se deixa impressionar.

O Mestre sabe que o templo e o sacerdócio estão corrompidos e submetidos a uma aristocracia que não está nem aí com o estrangeiro, o órfão, a viúva, os pobres e os oprimidos. Faz tempo que o templo deixou de ser a casa do Deus da vida, da justiça e da paz. O templo não só assiste indiferente à exploração imposta ao povo, e o que acontece aos indefesos, aos mais carentes e necessitados, como legitima tais condutas.

Por isso, Jesus não se abala nem um pouco diante da grandiosidade do templo. Ao contrário: anuncia a sua queda e destruição (como já o haviam feito os profetas). Aquilo que parecia durar para sempre está com os seus dias contatos... E não se trata só do edifício, mas do que ele aninha, que ele representa e que a ele está ligado. Construções, instituições e ideologias também haverão de passar.

Não se trata, por enquanto, do fim de tudo, mas do tempo destinado a Israel. Antes do final propriamente dito, o povo de Deus, formado pelos que seguem o Senhor, será ampliado a toda a humanidade.

Saber que o fim se aproxima causa-nos insegurança, medo e apreensão. A angústia escatológica, porém, nos coloca de volta ao chão, torna-nos humildes, desperta em nós a complacência. O orgulho, a vaidade, a soberba e o egoísmo, tendem a murchar e a desaparecer. Redescobre-se (ou descobre-se) a vida, os outros, as coisas simples...

A proximidade do fim do ano litúrgico reafirma a importância, a supremacia e a eternidade do amor. O que importa é amar. Amar mesmo, prá valer; gratuita e desinteressadamente.