PARÁBOLA DO ADMINISTRADOR DESONESTO - Raul Amorim

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10/11/2017 - 08:00

 Lc. 16,1-8

A parábola que vamos meditar é uma das mais estranhas. Parece que Jesus faz um elogio a uma pessoa corrupta e desonesta. Jesus parte da realidade que ele vê! Corrupção sempre houve. Hoje mais do que nunca. Principalmente aqui no Brasil, onde parece que só vence na vida quem é desonesto. Os corruptos são mais criativos que os honestos!  Vamos entender melhor...

Lc.16,1-2: Jesus dizia aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de lhe esbanjar os bens. Mandou chamá-lo e lhe disse: O que é isso que ouço dizer de você? Preste contas de sua administração, pois você não pode mais ser administrador.

É bom lembrar que Lucas escreve para as comunidades em ambiente urbano onde é impossível viver sem o uso do dinheiro. Jesus descreve uma situação muito comum na Palestina daquela época. As terras são de um proprietário que mora distante.

A administração destas terras foi confiada a um capataz que desvia os bens e o dinheiro do patrão em proveito próprio e submete os trabalhadores a duros encargos para garantir não apenas o lucro do patrão, mas também, o dinheiro desviado por ele. Este comportamento foi denunciado ao patrão que resolve despedir o capataz.

Lc. 16,3-4: Então o administrador pensou: “Meu senhor vai me tirar a administração. O que vou fazer? Trabalhar na terra? Não tenho força. Mendigar? Tenho vergonha. Já sei o que vou fazer para ter quem me receba na própria casa, quando eu for afastado da administração”.

O capataz reflete como continuar tendo o nível de vida sem ter que se esforçar. Neste seu raciocínio ele fala das duas alternativas de ganhar o seu sustento: trabalhar ou mendigar. Ele rejeita as duas: Uma por preguiça e outra por vergonha. Busca então uma terceira maneira: continuar roubando o patrão...

Lc. 16,5-7: Chamou então um por um os devedores do seu senhor, e disse ao primeiro: “Quanto você deve ao meu senhor?” Ele respondeu: Cem barris de óleo. Disse-lhe então: Pegue sua conta, sente-se logo e escreva cinquenta. Depois disse a outro: E você, quanto deve? Ele respondeu: Cem sacas de trigo. Disse-lhe: Pegue o recibo e escreva oitenta.

O administrador resolve alterar as contas das dívidas que os comerciantes tinham com o patrão, tornando-as menores e aumentando o lucro destes comerciantes.  Dessa forma, ele ganha os favores e o reconhecimento dos comerciantes, mantendo a possibilidade de garantir seu nível de vida quando fosse despedido.

Lc.16,8: E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu com esperteza       (pois os filhos deste mundo são mais espertos no trato com sua gente do que os filhos da luz).

Jesus conclui dizendo que o patrão elogiou o administrador corrupto e desonesto porque ele agiu de forma criativa para encontrar caminhos que o permitissem continuar vivendo dos produtos de seus roubos mesmo depois de despedido, ganhando dinheiro sem trabalhar... Uma grande poupança!  Como Jesus pode elogiar uma coisa dessas? Fica no ar um pouco de indignação. O que está por trás disso?

O que Jesus apresenta e quer que pensemos, não é a forma desonesta do administrador, mas sim se temos ou não o mesmo empenho e criatividade de nosso esforço na evangelização.

 

                                                                                                                                                                                                                                                                             P/CEBI (Centro Estudos Bíblicos) Raul de Amorim Pires>raul4ap@gmail.com