Recebei o Espírito Santo - Cônego Celso Pedro da Silva

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04/06/2017 - 05:30

PENTECOSTES

04 de junho de 2017

Jesus tinha prometido enviar o Espírito Santo e ele o fez no dia mesmo da sua ressurreição. Ouvimos na proclamação do Evangelho (Jo 20,19-23) que “ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana”, Jesus se colocou no meio dos discípulos que estavam juntos, desejou-lhes a paz, soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo”. Da boca de Jesus saiu um sopro, saiu um vento, saiu o Espírito Santo. Assim como Jesus é a Palavra que sai da boca do Pai, assim também o Espírito é o vento que sai da boca de Jesus. Na língua grega a palavra espírito, “pneuma”, significa vento; por isso em português falamos de pneu, pneumático, pneumonia, dispneia, palavras que têm a ver com o vento, o sopro, o ar, a respiração.

No mesmo Evangelho de São João está escrito que “quem nasce do Espírito é espírito” e “o Espírito sopra onde quer”, ou “quem nasce do Vento é vento e o vento sopra onde quer” (Jo 3,6.8). O vento é livre e não pode ser aprisionado por nada e por ninguém. Assim também o cristão, libertado pelo Espírito de todas as amarras no dia do batismo, sopra sobre o mundo com a força do mesmo Espírito para renovar a face da terra. Os discípulos de Jesus são no mundo uma ventania que ninguém pode deter e aprisionar. São os adoradores do Pai em espírito, livres das estruturas do templo de Jerusalém e do monte Garizim. (cf. Jo 4, 20-24). Jesus sopra sobre os discípulos e lhes dá o Espírito para que introduzam no mundo o perdão. No mundo não existe o perdão e, no entanto, é o perdão que permite ao mundo continuar existindo. Sem a aproximação dos corações ninguém consegue sobreviver (cf. Ml 3,24). O Espírito Santo nos perdoa e nos ensina a perdoar. Nós perdoamos e ensinamos os outros que o perdão faz bem.

Na primeira leitura (At 2,1-11) o Espírito Santo se manifestou sobre os discípulos reunidos em Jerusalém no dia em que os judeus celebravam a grande Festa das Semanas, chamada de “Shavuot”. Manifestou-se num vento forte e em línguas de fogo que pairaram sobre as cabeças dos discípulos. Saíram eles para fora do lugar onde se encontravam e com as línguas falaram e com o fogo iluminaram e aqueceram. Todos entendiam o que diziam, porque eles estavam cheios do Amor que é o Espírito Santo.

Mais tarde, o Apóstolo São Paulo dirá aos coríntios (1Co 12,3-13) que todos nós fomos batizamos num mesmo Espírito para formarmos um só corpo, que é a Igreja. Dirá também que cada um recebe o Espírito para o bem de todos. Por isso entre nós há muitos dons e muitos ministérios dados pelo mesmo Espírito para a vida do mundo.