Reflexão de Raul de Amorim

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29/05/2015 - 00:15

Figueira sem Frutos

Jesus está em Jerusalém. Tinha ido com seus discípulos até o Templo onde houve a grande manifestação como líder popular e é reconhecido por sua gente como alguém vindo da parte de Deus. Jesus não passa a noite na cidade, volta para Betânia, onde era mais seguro para ele. Em Betânia moravam Maria, Marta e Lázaro, amigos de Jesus (Jo.11,1.5)

No dia seguinte, de manhã cedo, saindo de Betânia, Jesus sentiu fome. De longe viu uma figueira bonita, cheia de folhas. Foi ver se havia fruto. Quando percebeu que não havia, rogou uma maldição: “Nunca mais ninguém alguém coma do seu fruto!” Como entender este gesto tão violento e tão estranho? A figueira não tinha culpa e, além disso, o trecho diz que não era tempo de fruto. O que pensar?

 Chegando ao Templo, Jesus faz outro gesto violento: Expulsa vendedores, derruba as mesas dos cambistas. Trata-se, novamente, de um gesto simbólico, para nos fazer pensar. À luz do que fez com a figueira, as coisas vão se esclarecendo. O Templo de Jerusalém, do jeito que estava funcionando, não passava de uma árvore frondosa, bonita, cheia de folhas, mas sem oferecer fruto para “o povo faminto” que buscava o Deus da vida. A religião não pode ser usada para oprimir e explorar  o povo nem para sustentar e legitimar os dirigentes.

O gesto de Jesus foi como que desse por encerrado o expediente do Templo e põe fim ao culto da maneira como estava sendo realizado. Já não tinha mais sentido: Nunca mais ninguém coma do teu fruto!  Fazendo memória dos profetas Isaias e Jeremias, Jesus ensina que o Templo não pode ser um lugar de exclusão, mas deve ser aberto para todos. Jeremias dizia: “Este Templo, onde meu nome é invocado, será por acaso abrigo de ladrões? Estejam atentos, porque eu estou vendo tudo isso- oráculo de Javé. (Jr.7,11). O mesmo estava acontecendo no tempo de Jesus. Assim, Jesus denuncia o mau uso do Templo.

À tardezinha, diante da ameaça das autoridades, Jesus sai de novo da cidade e volta para Betânia. No dia seguinte, de manhã, quando passavam perto da figueira, viram que ela estava seca até a raiz! Pedro chama atenção para o fato. A figueira secou, expressando o alcance da ação de Jesus no Templo. A comunidade que se forma a partir das palavras e ações de Jesus deve começar a partir da confiança em Deus e na vivência do perdão.

Para refletir: Se Jesus aparecesse hoje e se entrasse na igreja e no templo da nossa comunidade, o que diria e faria?