Depois de ser questionado pelos fariseus e doutores da Lei por comer com cobradores de impostos e pecadores, hoje o assunto é a observância do jejum e outros ensinamentos.

O jejum é uma prática que se realiza em muitas religiões. Os discípulos de João Batista e dos fariseus eram obrigados a jejuar. O próprio Jesus o praticou (Lc 4,2) Mas ele não insiste com os seus discípulos. Por quê?

Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa de casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta como sendo noivo do povo. (Os 2,16-25) No Novo Testamento, Jesus é visto como o noivo de seu povo. (Ef 5,25) O livro do Apocalipse faz o convite para a celebração das núpcias do Cordeiro com sua esposa a Jerusalém Celeste. (Ap 19, 7-8)  

Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o tecido velho e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em odre velho, porque o vinho novo pela fermentação faz estourar o odre velho. A doutrina de Jesus é “roupa nova”: Amem-se uns aos outros assim como eu vos amo; O Reino é dos pequeninos; quem quiser ser o maior deve ser o primeiro a servir... Nada disso combina com a “roupa velha” dos fariseus e doutores da lei.

 Não se consegue combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Tem que se saber separar as coisas. Não adianta enxertar alguns ensinamentos de Jesus na “roupa velha” dos fariseus. A novidade trazida por Jesus exige bases novas, e as pessoas têm de se dispor a acolhê-la.

O evangelista Lucas traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia um grupo que queria reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do ensino antigo. O que Jesus não quer é que o “velho” se imponha ao “novo” e assim o impeça de manifestar-se. Lucas salienta que quem está acostumado às estruturas do velho sistema, e não se predispõe à mudança, jamais aceita a novidade trazida por Jesus.

Estamos dispostos e abertos para aprender, ou achamos que já sabemos o suficiente?