Tentações - Cônego Celso Pedro

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14/02/2016 - 00:15

PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA
Dt 26,4-10; Sl 91(90); Rm 10,8-13; Lc 4,1-13

O diabo verdadeiro é provocador. Apresentou-se diante de Deus com o intuito de provocar Jó, um homem justo e santo aos olhos de Deus, e hoje se apresenta diante de Jesus no deserto também para provocá-lo. Por três vezes o tentador se defronta com Jesus. Inicia a primeira e a terceira tentação com uma dúvida em forma de interrogação: “Se és o Filho de Deus”. Na segunda tentação o demônio não pergunta se Jesus é o Filho de Deus porque se dirige ao que em Jesus é humano: o desejo de poder e glória. Sabe o demônio quem é este Jesus ou não sabe? Sabendo ou não, a pergunta tem a ver com o poder de Deus. Se você é o Filho de Deus tem poder para transformar pedras em pão, assim como pode contar com uma legião de anjos para sustentá-lo num voo rasante deste ponto alto do Templo até lá em baixo. O pão tem a ver com a necessidade humana da fome, mas não só de pão vive o homem. Na terceira tentação não há necessidade humana. Há só vaidade de quem quer provocar o próprio Deus, que não se põe à prova. “Atira-te daqui abaixo!” Na segunda tentação o diabo oferece a Jesus todo o poder e toda a glória de todos os reinos da terra. Em troca de quê? O que vale tanto ou mais quanto a totalidade do mundo? O que vale mais é você, sou eu, é este homem Jesus. Vejam como o diabo valoriza o ser humano, que não se valoriza se a ele se entregar. O diabo dá todo poder e toda glória em troca da minha pessoa. O poder demoníaco e sua glória se realizam na dominação do ser humano. Está escrito que o diabo mostrou a Jesus todos os reinos da terra “num relance”, ou num instante. O instante existe agora e já acaba de passar. O instante não é o que está na frente nem é o que ficou para trás. É esse o tempo de posse do mundo dado pelo demônio, a duração de um relance ou de um instante. Nada mais. O que fica para sempre é a adoração ao Senhor Deus e o serviço a ele prestado.