Mc 16,15-20

Marcos 16,15-20, entendido como o apêndice canônico do Evangelho de Marcos, tem sido objeto de pesquisa dos estudiosos ao longo do tempo. Hoje, contudo, gostaria apenas de refletir sobre a ordem que recebemos de Jesus, para ir pelo mundo inteiro e anunciar o Evangelho a toda criatura, sem preconceitos e sem distinções.

A Boa Notícia não é minha e nem sua. Ela continua sendo Jesus Cristo. Ele nos envia como ele próprio foi enviado e a nossa missão não é diferente daquela atribuída aos Doze a Israel e aos setenta e dois a todos os povos e nações.

Nós não atuamos sozinhos. Penso que no corpo da Igreja não há lugar para “carreiras-solo” ou “prima-donas”. Jesus opera conosco, enquanto verdadeiros missionários, e comprova sua obra evangelizadora por meio de sinais milagrosos.

“Com a roupa encharcada e a alma repleta de chão, todo artista tem de ir aonde o povo está”. Esses versos do poeta Milton Nascimento não raro me levam a estabelecer alguma relação com o envio de Jesus: encharcado pela Palavra, humilde e disponível, o discípulo toma a iniciativa e vai ao encontro de cada um e de todos ali onde estão, para anunciar e testemunhar o Reino, sem distinção e sem nenhum tipo de aversão.

Trata-se de uma missão universal, cujos obstáculos têm de ser contornados. Uma missão que compreende desafios, desilusões, sofrimentos e decepções. Pior: há, ainda, os que sofrem na carne, perdem sangue e são mortos por causa dela... Mas, quem disse que seria fácil? Nem o próprio Senhor afirmou isso. As adversidades não são meros testes e tampouco castigos. Fazem parte.

Hoje (25 de abril) a Igreja celebra o evangelista Marcos, alguém, o qual se crê, acolheu cristãos perseguidos em sua casa; foi companheiro de Paulo e Barnabé; foi agraciado com o carisma da inspiração e vivência comunitária; não se deixou abater pela morte de Pedro e de Paulo e levou o Evangelho à Alexandria, ao Egito e a Chipre, onde fundou comunidades. Pois não fez, então, o que Jesus disse para ser feito?