Dom Angélico: ‘Os bispos devem ter o cheiro do povo!’

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Prestes a completar 84 anos de vida, em 19 de janeiro, Dom Angélico concedeu entrevista à Pascom Brasilândia
Publicado em: 11/01/2017 - 15:45
Créditos: Texto: Jenniffer Silva / Fotos: Luciney Martins

O ano era 1979. Durante uma reunião na Cúria Metropolitana, Dom Paulo Evaristo Arns, à época arcebispo metropolitano, recebeu a notícia da morte do operário Santo Dias da Silva, morto por policiais. Dom Paulo dirigiu-se ao Instituto Médico Legal (IML) acompanhado de Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo auxiliar da Arquidiocese à época, e juntos reconheceram o corpo de Santo Dias. A marca de bala no peito do morto estava exatamente na mesma posição na qual Jesus fora atingido pela lança do soldado.

“O corpo era do Santo! Eu nunca vi a imagem de Jesus morto como naquele momento”, recorda-se Dom Angélico.

Prestes a completar 84 anos de vida, em 19 de janeiro, Dom Angélico narra essa história como sendo umas das mais marcantes de sua caminhada: perder alguém que luta por direitos é, para ele, como matar Jesus, que ensinava o caminho para um Deus que é amor.

Por onde passa, Dom Angélico recebe o carinho das pessoas, provavelmente por sempre ressaltar aquilo que considera como fundamental para quem recebe o episcopado. “Os bispos devem ter o cheiro do povo!”.
Bispo emérito de Blumenau (SC) desde 2009, Dom Angélico conta que nunca parou de trabalhar: ainda hoje, prega retiros e preside missas em pequenas comunidades em diferentes partes do país.

Ele também afirma que diariamente, acompanhado de uma religiosa, faz a varrição de uma praça em frente à sua casa em um bairro da zona Noroeste da cidade de São Paulo.
Por onde passa, é perceptível a vivência de seu lema episcopal “Deus é amor” e quase sempre ele recorda a todos: “Quem não reza vira bicho”.