Irmã Clara: vida consagrada à transformação da sociedade

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Com 15 anos de idade, ela sentiu o chamado à vocação religiosa e o desejo de fazer mais pelas pessoas
Publicado em: 14/08/2015 - 17:45
Créditos: Renata Moraes

Impossível andar pelos morros do Jardim Elisa Maria, na periferia da zona noroeste de São Paulo, sem conhecer ou ouvir falar da Irmã Clara Amadio, 83, e a obra social que realiza com crianças e adolescentes. Há 17 anos, a Irmã ajudou a fundar a Associação Madre Teresa de Jesus, que hoje atende 210 crianças e adolescentes carentes de 6 a 15 anos, oferecendo capacitação profissional e atividades culturais como música, teatro, esportes e poesia. A sede da Associação fica ao lado da Comunidade Nossa Senhora de Fátima, pertencente à Paróquia Imaculado Coração de Maria, na Região Brasilândia. Irmã Clara é religiosa da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora e professou os votos religiosos em 1956. Desde então, dedica-se a obras sociais, sobretudo com pobres, crianças e adolescentes.

Chamada para servir os mais pobres

Com 15 anos de idade, ela sentiu o chamado à vocação religiosa e o desejo de fazer mais pelas pessoas. “Tive que esperar completar os 21 anos para entrar na Congregação. Minha família, no começo, era contra, mas com o passar do tempo começaram a ter orgulho da minha escolha, e se tornaram muito mais religiosos”. Desde que professou os votos como religiosa, a Irmã procurou sempre estar junto aos pobres, trabalhando com crianças em situação de rua, meninas internas em reeducação, e na alfabetização de adultos e crianças. Uma experiência marcante em sua vida foi na cidade de Enéias Marques (PR), em missão com agricultores analfabetos. “Naquele povoado, iniciei o trabalho de alfabetização de adultos. Não havia luz na cidade. Nosso período de aula terminava quando apagavam as velas, que cada aluno levava para iluminar a sala”.

Educação para transformar o mundo e as pessoas

Quem acompanha um dia da rotina da religiosa logo percebe sua dedicação, zelo e carinho pelas crianças e adolescentes que estão na Associação Madre Teresa. Foi o que a reportagem do O SÃO PAULO verificou na sexta-feira, 7: a cada criança que a Irmã encontrava, sempre era recebida com um abraço e um sorriso, e ela cheia de orgulho, apresentava cada um dos “seus meninos”. Hoje com a saúde debilitada, Irmã Clara já não sobe mais os morros do Jardim Elisa Maria, mas continua atuante no bairro e na luta por melhorias nos direitos a moradia, atendimento médico e transporte público dos 35 mil moradores do local. E por que ainda mantém tanta dedicação mesmo aos 83 anos de idade? “Para transformar o mundo e as pessoas, para que todos tenham uma vida mais digna, para que possamos ajudar os nossos jovens e as nossas crianças a ter melhores condições de vida e um futuro melhor”, afirmou. Todos os dias, Irmã Clara acompanha os trabalhos na sede da Associação. Aos sábados, também atua na vida pastoral da Comunidade Nossa Senhora de Fátima, na Catequese, nas missas e no convívio com os paroquianos. “Com Deus, tudo é possível e com nosso esforço também”, disse à Irmã, na conclusão da conversa com a reportagem, recordando, ainda, o lema de sua vida religiosa e da Associação. “Educamos na convicção de que o mundo pode ser mudado pela transformação das pessoas”.