Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo (Mt 2, 2)

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21/12/2016 - 10:00

A estrela é parte essencial dos enfeites de Natal. Mas qual é o principal significado da estrela, para nós cristãos? A estrela representa, na adoração dos magos, o nascimento do Messias. Depois de verem uma estrela, os magos se deixam nortear por ela. Eles eram originalmente sacerdotes persas, mas também astrólogos, por isso mesmo conheciam as estrelas com precisão.

Eles viram uma estrela diferente, provavelmente uma conjunção estelar. Os astrônomos falam de uma aproximação de Júpiter e Saturno ocorrida no ano 07 a.C. Como Júpiter era o astro dos reis, e Saturno, a estrela da Palestina, era perfeitamente possível que os astrólogos da Babilônia tivessem interpretado essa constelação como sinal do nascimento de um filho real em Israel. Daí a procura dos magos pelo rei dos judeus.

Os padres da Igreja também associaram Jesus a outra estrela, a “matutina”. A estrela da manhã é aquela que traz a luz. A Igreja primitiva levava a sério a realidade cósmica. Desde sempre, os homens foram fascinados pela luz clara da estrela matutina. Os padres da Igreja incorporam essa experiência cósmica e a relacionam com Cristo. Em Cristo, o mistério da estrela matutina é cumprido. Em seu nascimento, Cristo se ergue como a estrela matutina: “Porque vindo das alturas (...) trouxe a luz para nós, que nos encontramos na solidão e na sombra da morte”.

Mas além da realidade cósmica, a estrela representa também nossa “busca de Deus”: almejamos uma realidade que transcende o mundo criado. Almejamos o mundo divino. Os magos não representam apenas outros povos e culturas, mas também nossa própria ‘busca de Deus’. Eles só chegam a Jesus quando se põem a caminho, e ainda quando não têm vergonha de pedir ajuda: “Onde está o rei dos judeus (...)” (Mt 2, 2a). Deixam para trás tudo que sabiam e, admirados, caem de joelhos perante o mistério de Deus, velado em Jesus Cristo.

Realizaram o que hoje convencionamos chamar de “itinerário da fé”. Buscam a verdade, são honestos, se deixam interpelar por idéias diferentes (a Sagrada Escritura, por exemplo) e ao fim desta busca conseguem encontrar Jesus. Sem sombra de dúvida: “uma busca honesta e dinâmica da verdade conduz até Deus”.

Ao encontrar Jesus, aqueles magos fizeram uma profunda experiência de fé; experiência que mudou não apenas a mentalidade, mas a vida deles. Prova disto é que Mateus relata que eles voltaram por outro caminho, ou seja, a vida não foi mais a mesma para eles. Foram transformados pela experiência do Mistério.

Hoje, a estrela que deve conduzir as pessoas a Jesus é o nosso testemunho de vida. Devemos ser “Epifania de Cristo” para o mundo!

 

Dom José Roberto Fortes Palau 
Vigário Episcopal
Região Ipiranga