Bioética e CF-2014 (3)

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Publicado em: 25/04/2014 - 14:15
Créditos: Jornal O São Paulo

O 2º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (2013-1016) pretende: a integração e fortalecimento das políticas públicas, redes de atendimento e organizações para a prestação de serviços; capacitação para o enfrentamento; produção, gestão e disseminação de informação; campanhas e mobilização.

Há necessidade de conscientizar a sociedade da importância de informar, de denunciar ao poder público para que se possa investigar e punir os que praticam o crime do tráfico humano, através dos canais oficiais de denuncia disponíveis em todo o Brasil.

A Igreja é solidária com as pessoas traficadas e comprometidas com a evolução da consciência sobre o valor da dignidade humana, fundamentada na Sagrada Escritura. Essa dignidade é assumida na medida em que o ser humano vive seus relacionamentos: consigo, com a natureza, com o outro e com Deus em seu plano de amor.

A ruptura dessas relações leva ao pecado da violência, da exploração do outro, agressões à dignidade humana, como o tráfico de pessoas. A Boa Nova de Jesus como vemos em Gálatas “É para liberdade que Cristo nos libertou” (5,1) é uma liberdade para o serviço (Rm 6,22) e para o compromisso com a justiça do Reino (Rm 6,16). O “Fostes chamados para a liberdade” (Gl 5,13) nos impele a vencer a idolatria do dinheiro, da ideologia e a tecnologia que se encontra na origem do pecado do tráfico humano, em que o ter sobrepõem-se ao ser. Todo cristão é ungido no Batismo para ser um libertador como Jesus, por isso, o tráfico humano não é somente uma questão social, mas também, eclesial e desafio pastoral. A Igreja é desafiada a ser advogada da justiça e a defensora dos pobres, cabe a ela emprestar sua voz para quem não consegue gritar, denunciar. Os três caminhos de ação que desponta são: prevenção, cuidado pastoral das vitimas e a sua proteção e reintegração na sociedade.

O tráfico humano, beneficiado por preconceitos sociais, raciais e sexuais, agride a dignidade e liberdade de todos. Por isso, sua erradicação deve ser assumida por todos. Uma conversão dos corações para a solidariedade e cuidado que aponta para um caminho de menos opulência, menos concentração de riqueza e esbanjamento. Várias pastorais e vários organismos envolvidos com o tema foram reunidos pela CNBB (2011) no Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Tráfico Humano. Sem essas articulações da Igreja e também com a sociedade civil, não se transformará em realidade os três Ps (prevenção, punição e proteção) planejados pelo 2º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (2013-216).
 

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