Centenária, Paróquia Santa Generosa enfrenta transformações da cidade

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A Paróquia Santa Generosa, celebrou seus 100 anos de fundação em missa solene presidida pelo arcebispo de São Paulo com testemunhos daqueles que acompanharam-na em sua trajetória
Publicado em: 08/05/2015 - 15:30
Créditos: Edição nº 3049 do Jornal O SÃO PAULO – página 21

A Paróquia Santa Generosa (avenida Bernardino de Campos, 360, no Paraíso), celebrou seus 100 anos de fundação em missa solene presidida pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, no domingo, 26 de abril.

A missa foi concelebrada pelo Côn. José Mayer Paine, pároco, Pe. Fábio Fernandes, vigário paroquial, e vários padres que tiveram suas histórias ligadas à Paróquia centenária, como o Mons. Vicente Ancona Lopez, vigário regional do Opus Dei no Brasil, que foi crismado na Santa Generosa em 1959, e o Pe. João Paulo Rizek, do clero arquidiocesano, cuja vocação tem origem na Paróquia.

Logo no início da celebração, Côn. Paine, 94, recordou a história da Paróquia na qual está desde 1955. Ele também agradeceu à solicitude de Dom Odilo em celebrar o centenário.

Erigida em 4 de abril de 1915, pelo primeiro arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, a Paróquia Santa Generosa nasceu de uma capela construída no antigo largo Guanabara. Côn. Paine destacou, ainda, que do território da paróquia – cuja extensão era da região da praça da Sé, no centro, até o bairro de Santo Amaro, na zona sul -, nasceram 18 paróquias nestes 100 anos.

Um recomeço

Seu primeiro pároco foi o Pe. Marcello Franco, que inaugurou parcialmente a matriz, em 1924. As obras continuaram até 1943, quando o segundo pároco, Côn. Pedro Gomes, recebeu um comunicado da Prefeitura dizendo que, em razão das obras de urbanização da cidade, onde hoje passa a avenida 23 de maio, a matriz de Santa Generosa deveria ser desapropriada e, por isso, as obras foram paralisadas.

Em 1948, tendo tomado posse o terceiro pároco, Côn. Alberto Baccili, e, percebendo que não seria possível desempenhar as atividades sem atender às urgentes necessidades da comunidade, e como a Prefeitura não concretizava sua medida de desapropriação, reiniciou as obras, inaugurando a nova igreja em 1950.

Somente em 1967, já com o Côn. Paine como pároco, que foi a prefeitura resolveu, de fato, desapropriar e demolir a matriz. “Foram 25 anos de silêncio, aborrecimento, constrangimento e o pensamento: onde fazer uma nova Igreja? Quem vai fazê-la?”, relatou o pároco, referindo-se à tensão vivida pelos paroquianos desde o anúncio da necessidade de desapropriação até a concretização da demolição.

Mas a comunidade não desanimou e, em 1968, motivada pela afirmação de Jesus a São Pedro, “sobre esta pedra eu edificarei minha Igreja” começou a ser construída uma nova matriz, onde, então, funcionava o salão e a casa paroquial. A nova matriz foi inaugurada em 27 de setembro de 1970, pelo então arcebispo, o Cardeal Agnelo Rossi.

“Esta igreja foi construída sob os olhares do céu. Hoje, mais do que nunca, agradecemos ao Senhor, o que ele fez para nos dar uma nova igreja de Santa Generosa, no mesmo bairro com as mesmas pedras. Aqui está a nova Paróquia de Santa Generosa”, disse Côn. Paine.

Maria Cecília de Souza Dessi, 73, lembra bem daquele período. “Nós ficamos muito tristes na época da demolição da igreja antiga. Mas não desanimamos e fomos à luta para a construção da nova matriz”. Ela que atualmente é secretária paroquial, começou a frequentar a Paróquia quando tinha 11 anos e tem boas lembranças da infância na Santa Generosa. “Nós participávamos da Cruzada Eucarística e chegávamos a ter 500 crianças na Catequese. Era uma maravilha! Fico até emocionada de lembrar. Sinto-me muito orgulhosa por fazer parte da história desta Paróquia”.

‘Um povo sem memória, nunca chegará a lugar nenhum”

Ao falar do centenário, Dom Odilo recordou as pessoas falecidas que contribuíram com a história da paróquia, entre elas, Dom Duarte Leopoldo e Silva e os muitos sacerdotes que ali viveram seu ministério. “Hoje, a Santa Generosa está bem no coração movimentado da cidade[…]. Vocês são testemunhas da Igreja presente aqui”, disse aos paroquianos.

O Arcebispo também lembrou que ao celebrar 100 anos, a Paróquia inaugura a história de seu segundo centenário. “Quem está escrevendo a primeira página do segundo centenário somos cada um de nós. Vamos legar todo esse patrimônio, história e testemunho, missão à nova geração.”

No final da celebração, em nome da comunidade, Paulo de Tarso Magalhães Gomes, 60, que está na Paróquia desde seu nascimento, agradeceu ao Padre José, como o pároco é chamado carinhosamente pelos fiéis, por ter sido sempre um testemunho do Bom Pastor entre o povo.

“Junto com nossos pais, tios, avós, o senhor, Pe. José, nos ensinou a trilhar o caminho da verdade”, disse. O leigo também se dirigiu ao Pe. Fábio e ao grupo de jovens da Paróquia, “Juventude Generosa”, a quem confiou a missão de continuar a história da paróquia. “Hoje, nós estamos passando para vocês a nossa memória. Que vocês continuem essa obra maravilhosa e nunca percam a memória, porque uma igreja, um povo sem memória, nunca chegará a lugar nenhum”.

Fernando Geronazzo