Dia 04/08/2020, celebrada no Santuário Nossa Senhora de Fátima

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Eu amo o meu Sacerdócio? O meu Sacerdócio agrada a mim ou agrada ao Senhor?
Publicado em: 06/08/2020 - 11:30
Créditos: Redação

Celebração Eucarística em Ação de Graças pelo dia do Padre

No dia 04 de agosto de 2020, às 09h30, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, do Setor Pastoral Perdizes, os padres da Região Episcopal Sé celebraram o dia do Padre com uma celebração de ação de graças, presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e Vigário Episcopal para a Região Sé, concelebrando com o Pe. Aparecido Silva (Pe. Cido), Vigário Adjunto para a Região Episcopal Sé e Pároco da Paróquia Santíssimo Sacramento, do Setor Pastoral Paraíso e também com o Frei Jair Roberto Pasquale, Pároco da Paróquia e Santuário Nossa Senhora de Fátima, do Setor Pastoral Perdizes, celebração esta, respeitando todas as regras estipuladas pelas autoridades competente, diante da situação de pandemia gerada pelo coronavirus.

Em sua Homilia, Dom Eduardo, agradeceu a acolhida do Frei Jair Pasquale, a presença do Pe. Aparecido Silva e de todos os padres presentes, parabenizando a todos e dando graças ao Senhor pelo nosso sacerdócio.

Iniciou, destacando como nós estamos vivenciando tempos difíceis e que as leituras de hoje parecem falar justamente nesse contexto, onde o profeta Jeremias fala da esperança. Da esperança que para nós sacerdotes sentimos na pele o quão difícil foi passar esses quatro meses de pandemia com as nossas igrejas, na sua grande maioria fechadas, sem o povo, sem atividades e a gente se desdobrando na criatividade para transmitir as celebrações, para ir ao encontro das pessoas de alguma maneira e sobretudo, pedindo a Deus que nada viesse acontecer nesse contexto aos nossos fiéis e a ninguém. Mas, ao mesmo tempo vimos pelo Brasil e pelo mundo afora o número de vítimas dada essa situação e pandemia. Parece que as coisas começaram simples e foi assim a galope, como dizem, tomando uma proporção muito se nós não imaginávamos jamais estar passando por isso. Que seria algo de longe, além Jordão, além do Atlântico, além do oceano, que não chegaria até nós. Mas chegou! Tanto que hoje muitos padres da do nosso conhecimento, do nosso meio foram acometidos por essa doença. 

E o profeta Jeremias fala justamente dentro desse contexto aonde o povo escolhido, levado em cativeiro agora parece que perdeu as esperanças. E profeta anima “coragem! Tem uma chaga, tem uma doença que é pior do que a que vocês estão vivendo, que é o pecado, que não tem cura, desde que não se abra ao amor de Deus. E nós sentimos como Deus nos ama, apesar de todo sofrimento, de toda dor e toda tristeza, de tudo o que tem nos causados. Hoje falando sobretudo do testemunho de São João Maria Vianney, a gente percebe com esse sacerdote amou a sua vocação, o seu ministério. O zelo pelo seu povo, pela sua comunidade, se desgastou, enfim deu a sua vida sobretudo, a oração. Sem oração a nossa vida sacerdotal é vazia, nosso ministério é vazio. E talvez nesse tempo de pandemia, tenhamos aproveitado e podemos ainda aproveitar para pensar como que eu vivi o meu sacerdócio, o meu ministério. Porque de certa forma, pode ser que tenhamos entrado no automático aonde as ocupações, as obrigações diversas vão nos consumindo. A gente acaba não tendo tempo para rezar, não tendo tempo para descansar, não tenho tempo para o outro e mesmo para a igreja.

Hoje não é dia de lamento, é dia de ação de Graças! Mas, como a gente também se desculpa muitas vezes, dizendo ‘hoje eu não posso porque eu tenho isso ou aquilo pra fazer e aí a Missa acaba sendo aquela “Missa automática” aquela celebração automática, aquela “Missa vazia”. 

Na nossa vida sacerdotal corremos um grande risco da superficialidade, fazer por fazer. E aí eu determino: isso é bom eu faço, aquilo também é bom então eu faço. Eu faço o que me agrada e não aquilo que agrada ao Senhor. Ora! O meu Sacerdócio agrada a mim ou agrada ao Senhor? É o questionamento que a palavra de Deus nos faz. Podemos nos cercar de tantas escusas, de tantas coisas que não percebemos a profundidade, o valor do nosso ministério. E Jesus fala justamente disso, é aquilo que está dentro de nós. Deus olha para dentro do nosso coração. E é lá no silêncio, no escondido do nosso interior que Deus nos fala, nos fala de Amor. Eu amo o meu sacerdócio?

São João Maria Vianney, pelo seu testemunho amava o seu sacerdócio. E o que significa amar o sacerdócio. É de fato amar em profundidade essa consagração. Eu não me pertenço mais. É ruim? A princípio parece ruim, mas se não temos essa confiança no Senhor, de nos abandonarmos à Ele, nos braços Dele, o nosso sacerdócio se torno um instrumento, muitas vezes de acalento, outras vezes de manipulação, outras vezes um instrumento de dominação. Ao passo que o nosso sacerdócio é serviço. Não nos pertencemos mais. São João Maria Vianney expressa bem “o sacerdote é o amor do coração de Jesus manifestado ao mundo!” Ora, veja, quão importante e quão profundo é isso! E é isso! As pessoas nos veem assim: homens de Deus que falam e que vivem as coisas de Deus. E que acredita!

E Dom Eduardo lança o questionamento: "Eu acredito no meu sacerdócio?".... "Será que eu não vivo frustrado no meu sacerdócio?"

Somos homens que indicamos para os outros o caminho do céu. Mas eu sei o caminho do céu? Se não souber não tem como indicar. E, pelo que me parece, ou seja, eu estou seguro disso, o caminho do céu, o que nos é apresentado nas Sagradas Escrituras, o caminho do céu é o próprio Cristo, à Quem nós servimos constantemente, diariamente, e mais, à Quem nós consagramos nossa vida à esse serviço! Por isso, o dia de hoje é dia de ação de Graças e, eu quero assim agradecer a cada um de vocês pelo trabalho, pela presença, pelo testemunho, pelo zelo, pelo zelo pastoral ao povo que lhe foi confiado, a pequena paróquia, a comunidade, nos diversos serviços, ofícios necessários a vida é da igreja, mas em primeiro lugar, agradecer por você, cuidar de você, não descuidar da sua vida de oração, reze a Santa Missa sim, celebre a Santa Missa sim, mas não só para os outros, mas em primeiro lugar para você! Reze também as suas orações na sua capela do seu quarto, aonde estiver, em primeiro lugar por você, busque cuidar de você, senão não tem como cuidar dos outros. Que Deus nos abençoe e que esse dia em que nos encontramos é para dar graças à Deus pelo nosso sacerdócio, pela nossa vocação, na igreja, e de modo particular, nessa Igreja de São Paulo e nesse tempo de pandemia, que seja de fato um bálsamo para todos, para que a nossa vida ministerial para que o nosso sacerdócio seja como o sacerdócio de São João Maria Vianney, uma graça do coração de Deus para toda essa cidade, para todo o povo e para todo o mundo.

Que Deus nos abençoe!

Dom Eduardo depois passou palavra ao padre José Augusto Schramm Brasil, Pároco da Paróquia São Geraldo, do Setor Pastoral Perdizes, para um testemunho de vivência paroquial nesses tempos de pandemia, que destacou dois momentos marcantes. O primeiro da Congregação da Irmãs do Imaculado Coração de Maria que enviaram uma circular sobre a preparação do capítulo geral para que pudéssemos rezar motivando para o capítulo e a Superiora Geral destacou que “estamos vivendo uma experiência de travessia”, ou seja, deixamos um porto para outro porto e o que ficou não volta mais e não sabemos onde vamos chegar, e isso é uma travessia e que devemos fazer essa travessia com fé. E o segundo momento foi sobre a Congregação das Irmãs de Santo André comemorando o Jubileu de chegada ao Brasil e colocavam que elas prosseguiam enfrentando os desafios abraçadas à Cruz de Jesus Cristo.E, diante desses momentos devemos agir assim, abraçados a Cruz de Cristo.

O segundo testemunho foi dado pelo Frei Mário Luiz Tagliari, do Santuário São Francisco de Assis, que vivenciou na pele essa experiência do Covid-19. Em seu testemunho destacou uma preocupação que o Papa Francisco, alertou no início de seu pontificado sobre a globalização da indiferença, chorando a morte de tantos refugiados e chama atenção também para uma igreja de hospital de campanha.

O Frei Mário, ressaltou que os freis do Santuário foram pegos duplamente pela pandemia, na solidariedade e na compaixão, pois fisicamente alguns freis foram contaminados pelo Covid-19, inclusive ele mesmo, deixando até mesmo traumas, seja pelo estresse traumático inconsciente, por ficar isolado, mas que nos faz pensar na vida, seja também pelo desconforto físico causado.

Destacou que no Santuário São Francisco, tão conhecido pelos inúmeros atendimentos diários, sejam para confissões, sejam pelas pessoas carentes, seja por moradores de rua, fomos todos tomados pela necessidade de ampliar os atendimentos que o “Chá do Padre” já têm diariamente, pois deixou de ser eficiente para atender 450 pessoas por dia. Então, foram tomados pela compaixão e solidariedade de muitas pessoas que se juntaram a eles para atender as “abençoadas” tendas que foram montadas para os atendimentos que aumentaram grandemente. Lembrou do Evangelho do último domingo “Dai vós mesmo de comer” (Mateus 14, 13 – 21). Fizeram até mesmo uma entrega simbólica da quentinha de nº 500.000 para celebrar.

Ressaltou que o Mérito não é nosso, pois o segundo fato a ser despertado é o da solidariedade despertada em tantos voluntários e parceiros, pessoas, empresários que também nos ajudaram e tiveram compaixão ao sofrimento dos outros.

E um terceiro ponto a ser destacado foi o grande número de jovens que a cada dia apareceu para serem voluntários também e trabalhar em função dos outros, atendendo pessoas que, mesmo não sendo moradores de rua, também se viram em situação difícil nessa pandemia. E foi maravilhoso saber que essas pessoas, esses voluntários foram pessoas de todas as religiões, profissões e classes sociais e que querem fazer, fizeram e ainda estão fazendo a diferença ajudando o próximo.

Dom Eduardo encerrou destacando mais uma vez, que estamos, de fato, para servir, essa é a nossa missão!

Para assistir a celebração e ouvir a homilia diretamente da página do facebook da Região, clique aqui

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Informações: Centro Pastoral Sé

Fotos: Verbum Photos e Centro Pastoral Sé