Dom Paulo Evaristo, profeta de Deus e do povo

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Dom Paulo Evaristo Arns
Publicado em: 18/01/2017 - 09:15
Créditos: Frei Patrício Sciadini, OCD - Edição 3133, Jornal O SÃO PAULO, p. 05

Em 14 de dezembro de 2016, foi realizada a festa de São João da Cruz, profeta do silêncio, e no céu neste dia entrou Dom Paulo Evaristo Arns, profeta de Deus e do povo. Os profetas não morrem, suas palavras e gestos são escritos não na areia, mas no bronze, e o tempo não poderá apagá-los. Ensinam com força, porque bebem da fonte que emana e corre mesmo que seja noite: o coração de Jesus.

A notícia da morte de Dom Paulo Evaristo chegou para mim no fim da tarde. Rezei por ele, agradeci a Deus os seus 95 anos e pedi que do céu nos envie um pouco do seu espírito. Eu o encontrei muitas vezes a sós e sempre me transmitiu segurança, confiança. Suas palavras as guardo como ouro na minha vida.

Gostaria de recordar quatro ensinamentos de sua vida, quatro amores:

  1. Amor e liberdade – Dom Paulo sempre foi uma voz em favor da liberdade em todas suas manifestações: liberdade religiosa, política. Ele era um homem livre, porque buscava a verdade, um lutador da liberdade de todos sem medo. “A verdade, junto com a caridade, sempre vence.”
  2. Defensor da Justiça que é amor – Ele estava convencido de que justiça e paz são inseparáveis; uma justiça que não se faz com as armas, as ditaduras nem com as cadeias, mas com a cultura, o pão, o bem de todos e não de um grupo. “Ser cristão é trabalhar para que haja justiça e solidariedade em todos lugares”.
  3. O homem evangélico Dom Paulo – Homem franciscano, sacerdote, bispo a serviço do povo, sempre disponível para escutar a voz dos que não tenham voz. O exemplo de Jesus foi para ele fonte de vida. Amado por muitos, odiado, mas sem ódio, sem vingança, forte ao lado dos frágeis, pequenos e pobres do povo. “O valor do homem como pessoa é maior que todo dinheiro do mundo.”
  4. Orante – Dom Paulo era um místico, uma pessoa de oração profundamente humilde. Amava a verdade, defendia a verdade e sabia obedecer a Igreja... Os seus conselhos eram: sempre dizer a verdade, defender a verdade, obedecer a Igreja... “A graça de Deus não esquece ninguém nem se regula por crachás.”

Obrigado, Senhor, por Dom Paulo, profeta. Não deixe a Igreja e a nós sem profetas que com a vida e a palavra nos ensinam a não ter medo de nada e de ninguém.

Maria, Mãe dos Profetas, rogai por nós. Amém!

 

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Crédito da foto: Rádio 9 de julho