Páscoa, cume da Iniciação a Vida Cristã - Dom Tarcísio Scaramussa, SDB

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A celebração da Páscoa é tempo oportuno para recordar a história da iniciação à vida cristã.
Publicado em: 28/04/2014 - 14:15
Créditos: jornal O São Paulo - ed. n. 2999

A celebração da Páscoa é tempo oportuno para recordar a história da iniciação à vida cristã. Na vigília pascal, os catecúmenos eram batizados, crismados e participavam da comunhão.

A primeira pregação de Pedro, no dia de Pentecostes, apresenta uma síntese do anúncio do querigma sobre Jesus Cristo (At 2, 14-36). Os ouvintes ficam sensibilizados e perguntam o que devem fazer. Pedro lhes indica as condições para começar a fazer parte da comunidade: “Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão de vossos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2, 37-38).

Os escritos do Novo Testamento não falam de “Iniciação Cristã”, mas apresentam muitas informações sobre como os novos discípulos de Jesus Cristo entravam na comunidade. Os elementos característicos da vida cristã nas primeiras comunidades sintetizados nos Atos dos Apóstolos eram: o ensinamento dos apóstolos, a vida em fraternidade e comunhão, a participação na Eucaristia, a perseverança na oração (At 2, 42-47). Para a iniciação de novos membros, eles seguiam um itinerário que continha como elementos essenciais: a pregação do Evangelho, a acolhida da fé e a conversão, a Catequese, o escrutínio, o Batismo, o dom do Espírito Santo, a incorporação ao povo de Deus, a participação no corpo de Cristo.

A iniciação na fé e na vida cristã nos primeiros séculos recebeu atenção prioritária da Igreja, que chegou a institucionalizar o catecumenato como caminho bem estruturado para se chegar a ser cristão. Esse caminho, que durava em média três anos, previa a instrução catequética, a conversão e a mudança radical de vida, a experiência litúrgica e de oração, a formação espiritual, a celebração dos sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia, pelos quais os candidatos são incorporados ao mistério de Cristo e à sua Igreja.

Esse sistema se modificou após o Edito de Milão (Constantino, 313) e com a oficialização do Cristianismo como religião oficial do império romano (Teodósio, 381), quando o Batismo em massa, inclusive o Batismo de crianças, começa a suplantar o catecumenato.

É no Concílio Vaticano 2º (1962-1965) que o catecumenato é reproposto como caminho mais adequado para a realidade do nosso tempo, no qual não acontece mais a transmissão natural da fé nas famílias e na sociedade. Expressão dessa retomada, foi a reformulação do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (1972), que se apresenta como base de um itinerário de iniciação com inspiração catecumenal.

Assim como nos primeiros séculos da vida da Igreja, a iniciação à vida cristã volta a receber atenção prioritária, e a Catequese de inspiração catecumenal tem se revelado o melhor caminho para a iniciação de novos discípulos e também para a formação de batizados que não passaram pelo processo de iniciação.

Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal da Região Sé

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