Então o Espírito disse: 'Aproxima-te e acompanha-o' (at 8,29)

A A
20/05/2019 - 12:00

Então o Espírito disse: 'Aproxima-te e acompanha-o' (At 8,29)

A celebração do sínodo arquidiocesano em nossas paróquias e comunidades, nas nossas regiões episcopais, nos vicariatos ambientais e em toda a Arquidiocese é um tempo de Graça e de “escuta do Espírito Santo”. Somos interpelados a “escutar” o que o Espírito diz à nossa Igreja em São Paulo.

Às vésperas da celebração da “primeira sessão” das assembleias sinodais nas regiões episcopais, é oportuno que façamos uma meditação orante do trecho do Livro dos Atos Apóstolos, capítulo 8, versículos 26 a 40.

Nele, encontramos o itinerário do discípulo-missionário de Jesus: Filipe, atento e obediente à Palavra do Senhor que disse “Prepara-te e vai (...) o caminho é deserto”, “levantou-se e foi” (At 8,26-27). No caminho, deparou-se com o eunuco etíope, e o Espírito disse: “Aproxima-te desse carro e acompanha-o” (At 8,29). E, assim, houve o “encontro” do discípulo-missionário com aquele que lhe pediu que “explicasse” uma passagem da Escritura. Filipe, então, começou a falar e, partindo dessa passagem da Escritura, anunciou Jesus ao eunuco. Do “anúncio”, o eunuco pede para ser batizado, e, depois, prossegue sua viagem cheio de alegria (cf. At 8,30-40).

Esse trecho dos Atos dos Apóstolos muito nos ilumina para que tenhamos os “princípios” que devem nortear a vida e a missão da Igreja em todos os tempos, sobretudo, para nós que estamos celebrando o sínodo arquidiocesano de São Paulo.

1. O discípulo vive continuamente o encontro pessoal com Cristo e deixa-se encontrar por Ele, mas não o faz sozinho. Ele vive em comunidade, na qual se sustenta da Palavra de Deus, da Liturgia e da espiritualidade que dela emana, da comunhão fraterna e eucarística, da caridade a serviço da vida plena de todos. Aqui, perguntamos: nossas comunidades paroquiais estão correspondendo a este chamado do Espírito, o de formar e sustentar na fé e na caridade os fiéis, a fim de que sejam “discípulos” do Senhor?

2. O discípulo, atento à Palavra do Senhor, não retém para si a alegria da vida nova vivida em Cristo e toma consciência de que não se pode separar a vida em comunidade da ação missionária. Por isso, o discípulo, interpelado pela Palavra de Deus e pelos ensinamentos da Igreja, responde com atitude de “coragem” e “ousadia”, de “prudência” e “audácia”, e coloca-se “em saída”, “indo” ao “encontro” dos afastados e chegando às encruzilhadas dos caminhos para convidar os pobres, os excluídos, os que têm fome da Vida plena oferecida pelo Evangelho de Jesus. O discípulo de Jesus é missionário do Evangelho da Vida e tem convicção de que a vida nova de Jesus Cristo atinge o ser humano por inteiro e desenvolve em plenitude a existência humana em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural. Então, perguntamos: como nossas comunidades paroquiais estão vivendo o “estado permanente de missão”?

É tendo à frente esses “dois princípios” que devemos “ver, refletir, analisar e elaborar um diagnóstico” sobre a realidade religiosa, pastoral e evangelizadora da região episcopal, a partir das paróquias, na “primeira sessão” das assembleias sinodais nas regiões episcopais.

Bem sabemos que o “o caminho é deserto”. Novos e grandes desafios serão constatados. Muita coisa, talvez, teremos de mudar. No entanto, que sejamos dóceis ao que o “Espírito diz à Igreja” em São Paulo neste tempo de forte “mudança de época”

Padre José Arnaldo Juliano dos Santos é Teólogo-Perito do Sínodo Arquidiocesano