A sinodalidade na vida e na missão da Igreja

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06/12/2019 - 14:15

A sinodalidade na vida e na missão da Igreja

A Igreja sempre está atenta ao que “o Espírito diz a ela” (Ap 2,7) em cada tempo, em cada momento da história concreta da humanidade, para que ela repense a sua vida e melhor testemunhe o Evangelho de Cristo e se renove em ação missionária, a fim de que, com o ardor de “discípula”, cumpra com fidelidade o mandato do Senhor: “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos” (Mt 28,19).

Portanto, não é de hoje que a Igreja, em resposta dócil e obediente ao Espírito Santo, coloca-se no caminho de conversão pastoral e eclesial, convidando-nos à conversão pessoal. É a Igreja que se configura, cada vez mais, com a pessoa de Jesus Cristo e os seus sentimentos.

O Concílio do Vaticano II foi o grande e solene chamado à Igreja para se renovar na missão, estando atenta às novas circunstâncias e realidades históricas, culturais, sociais e religiosas vividas pela sociedade e pela própria Igreja na segunda metade do século XX. A preocupação que moveu o Concílio do Vaticano II foi a urgência de evangelizar a todos e de fazer isso com frutos, de acordo com as necessidades do nosso tempo.

Depois do Concílio, a Igreja, de muitos modos, foi aprofundando a compreensão de que a missão é a própria razão de ser de sua existência, para que o Evangelho seja anunciado, acolhido, crido, vivido e testemunhado em todos os povos.

Pontos marcantes desse “caminho de conversão e renovação missionária da Igreja” foram as assembleias do Sínodo dos Bispos sobre:

1) A “evangelização no mundo contemporâneo”, em 1975, da qual resultou a extraordinária Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, de São Paulo VI.
2) A “Catequese do nosso tempo”, em 1979, que resultou na Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, de São João Paulo II. Essa exortação abriu as portas, entre nós, para a “Catequese renovada”.
3) A “função da família cristã no mundo de hoje” e sua Exortação Familiaris Consortio (1981), sobre a “Vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo contemporâneo”.
4) A “Vocação sacerdotal, a vida e o ministério dos presbíteros” (Pastores Dabo Vobis), 1992; sobre a “Vocação especial dos Religiosos e Religiosas” (Vita Consecrata), 1996; sobre a “Missão dos bispos” (Pastores Gregis), 2003.
5) “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” (Verbum Domini), 2010, do Papa Bento XVI.
6) “O amor na família” (Amoris Laetitia), 2016; e “Aos jovens e a todo o povo de Deus” (Christus Vivit), 2019, ambas do Papa Francisco.
7) Neste “caminho sinodal da Igreja”, destacamos: a Carta Encíclica de São João Paulo II, Redemptoris Missio: a validade permanente do mandato missionário na Igreja; e, após o Sínodo sobre a “nova evangelização para a transmissão da fé cristã”, a primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco Evangelii Gaudium, sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, de 2013.

Assim, podemos, aqui, perceber o maravilhoso “caminho sinodal” da Igreja desde o Concílio até nossos dias, que envolveu sobretudo a Igreja latino-americana com suas conferências episcopais e a Igreja no Brasil com as suas assembleias gerais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). É o “caminhar juntos” em “comunhão, conversão e renovação missionária”. Além de nós, que vivemos a graça do primeiro sínodo arquidiocesano de São Paulo.

Pe. José Arnaldo Juliano dos Santos - Teólogo-Perito do Sínodo Arquidiocesano