Amo a Deus e amo o próximo

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01/06/2015 - 15:30

Estes dois amores são inseparáveis. Deus, que decidiu criar o ser humano e começar a falar com ele face a face, olhos nos olhos, sempre lhe recordou estes dois mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas, como único Deus, como centro da vida, sem ídolos e sem interferências; e amar ao próximo como único destinatário mais importante da criação. Antes de tudo Deus, sendo amor, respeita a nossa liberdade e não nos obriga a amá-lo. Ele está à porta e bate, mas não força a porta, não invade a nossa casa, está à espera até que nós, cansados de escutá-lo a bater, abramos a porta e, vendo que é Deus, o deixemos entrar. Gratuito é o amor de Deus para conosco e gratuito deve ser o nosso amor a Deus e aos outros.

O amor só tem um preço: o amor e nada mais. Estamos cansados de saber, mas não de viver, que no fim da vida seremos julgados sobre os atos de amor que se não são gratuitos não são chave boa para entrar no paraíso. Jesus nos recorda com uma clareza impressionante a medida do amor: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei!” E o seu amor é amor que o levou à cruz. Penso que uma das santas que mais entendeu isso e o manifestou ao longo de sua vida quando descobriu que rezar é se tomar “servo do amor” foi Santa Teresa de Ávila. Essa mulher que sentiu lentamente arder no seu coração a gratuidade do amor de Deus nos dizia: “A única maneira que temos para saber se verdadeiramente amamos a Deus é ver se amamos o próximo”. Discursos de amor os encontramos em todas as canções e livros. “Te amo, não posso ficar sem ti”... Mas devemos sempre subentender “até que não encontro outro ou outra”. No entanto, Deus quando nos diz que nos ama, ele o confirma dizendo-nos: “vendi todos os reinos por ti, tu és único, não tenho outro amor que não a ti”. E assim o ser humano que encontra o autêntico amor de Deus “vende tudo o que tem e não volta atrás no seu amor por Deus”.

Que amamos os outros não se prova pelo tempo que passamos na igreja e em atos de oração, mas, sim, pela maneira como nós amamos os outros de verdade e os tratamos com carinho e somos “servos de todos”, prontos a deixar os atos de oração para atos de caridade e de atenção aos outros. Dividir os dois amores a Deus e ao próximo é divorciar dos dois e viver a solidão mais triste e mais deprimente.