Devemos estar sempre prontos

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15/12/2017 - 11:45

“O óleo é o símbolo da caridade que alimenta, que torna fecunda e credível a luz da fé”, uma vez que “a fé inspira a caridade, e a caridade preserva a fé”, explicou o Papa Francisco comentando a parábola das dez virgens, durante o Angelus dominical de 12 de novembro de 2017, na praça de São Pedro. Em seguida, a reflexão do Pontífice.

Bom dia, queridos irmãos e irmãs!

Neste domingo, o Evangelho (cf. Mt 25, 1-13) indica-nos a condição para entrar no Reino dos céus, e fá-lo com a parábola das dez virgens: trata-se daquelas donzelas que eram encarregadas de receber e acompanhar o esposo na cerimónia de casamento, e dado que naquela época se costumava celebrá-la à noite, as damas de honra levavam lâmpadas consigo.

A parábola diz que cinco daquelas virgens são sábias e cinco insensatas: com efeito, as sábias levaram consigo óleo para as lâmpadas, e as insensatas não. O esposo tarda a chegar e todas adormecem. À meia-noite é anunciada a chegada do esposo; então, as virgens insensatas dão-se conta de que não têm óleo para as lâmpadas, e pedem-no às sábias. Mas elas respondem que não podem dá-lo, porque não seria suficiente para todas. Portanto, enquanto as insensatas vão em busca do óleo, chega o esposo; as virgens sábias entram com ele na sala do banquete e a porta fecha-se. As cinco insensatas voltam tarde demais e batem à porta, mas a resposta é: “Não vos conheço” (v. 12), e permanecem fora.

O que Jesus nos quer ensinar com esta parábola? Recorda-nos que devemos estar prontos para o encontro com Ele. Muitas vezes, no Evangelho, Jesus exorta a vigiar, e fá-lo também no final desta narração. Reza assim: “Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora” (v.13). Mas com esta parábola diz-nos que vigiar não significa apenas não dormir, mas estar preparado; com efeito, todas as virgens dormem antes que o esposo chegue, mas quando se acordam algumas estão prontas e outras não. Portanto, este é o significado de ser sensato e prudente: trata-se de não esperar o último momento da nossa vida para colaborar com a graça de Deus, mas de o fazer já agora. Seria bom pensar um pouco: um dia será o último. Se fosse hoje, como estou preparado, preparada? Mas devo fazer isto e aquilo... Preparar-se como se fosse o último dia: isto faz bem.

A lâmpada é o símbolo da fé que ilumina a nossa vida, enquanto o óleo é o símbolo da caridade que alimenta, que torna fecunda e credível a luz da fé. A condição para estarmos prontos para o encontro com o Senhor não é apenas a fé, mas uma vida cristã rica de amor e de caridade pelo próximo. Se nos deixarmos guiar por aquilo que parece mais cômodo, pela busca dos nossos interesses, a nossa vida torna-se estéril, incapaz de dar vida aos outros, e não acumulamos reserva alguma de óleo para a lâmpada da nossa fé; e ela — a fé — apagar-se-á no momento da vinda do Senhor, ou ainda antes. Ao contrário, se formos vigilantes e procurarmos praticar o bem com gestos de amor, partilha e serviço ao próximo em dificuldade, poderemos permanecer tranquilos enquanto esperamos a vinda do esposo: o Senhor poderá chegar a qualquer momento, e nem sequer o sono da morte nos apavora, porque dispomos de uma reserva de óleo, acumulada com as boas obras de todos os dias. A fé inspira a caridade, e a caridade preserva a fé.

A Virgem Maria nos ajude a tornar a nossa fé cada vez mais ativa através da caridade; a fim de que a nossa lâmpada possa resplandecer já aqui, no caminho terreno, e depois para sempre, na festa de bodas no paraíso.

Papa Francisco

Fonte: L’OSSERVATORE ROMANO, Ano XLVIII, número 46 (2.490), de 16 de novembro de 2017, p. 05